O Projeto Carbono Social representa uma nova e promissora oportunidade para os agricultores familiares e pequenos produtores da Amazônia, visando aprimorar sua renda e fomentar o desenvolvimento sustentável. A iniciativa foi oficialmente apresentada nesta quinta-feira, 16 de maio, durante o evento Sebrae Conecta Economia Verde, sediado em Belterra, no oeste do Pará, marcando um avanço significativo para facilitar o ingresso desses empreendedores no mercado voluntário de carbono e o acesso a variados mecanismos de financiamento climático.
Concebido através de uma colaboração estratégica entre o Sebrae e a Equipe de Conservação da Amazônia (Ecam), o projeto iniciou suas atividades como um piloto em Santarém, Pará. Futuramente, a intenção é expandir o modelo para outros biomas brasileiros, sempre respeitando as singularidades produtivas e ecológicas de cada território envolvido.
Projeto Carbono Social Impulsiona Renda na Amazônia
A fase inicial, que terá seu início em julho de 2025, contará com a participação de aproximadamente 150 agricultores familiares. Estes atuam em uma vasta área de 15 mil hectares, sendo que 8,5 mil hectares são geridos por meio de práticas sustentáveis ou representam florestas preservadas. A proposta central do projeto reside em capacitar os produtores por meio de mapeamento de cadeias produtivas, além de estabelecer mecanismos que assegurem que os recursos provenientes da comercialização de créditos de carbono cheguem diretamente a eles.
Uma parte substancial dos ganhos será destinada ao reinvestimento nas próprias comunidades, consolidando um ciclo virtuoso de sustentabilidade e progresso local. Tal enfoque demonstra um compromisso com a base social, garantindo que o desenvolvimento econômico e ambiental caminhe lado a lado.
O evento de lançamento contou com a presença de figuras proeminentes, incluindo Décio Lima, presidente nacional do Sebrae, e Bruno Quick, diretor técnico nacional da mesma instituição. O prefeito de Belterra, Ulisses Alves, também esteve presente, ao lado de lideranças locais, especialistas e representantes da COP30, como Sérgio Xavier, do Fórum Brasileiro de Mudança do Clima, e Philip Yang, especialista em soluções urbanas.
Décio Lima sublinhou que a iniciativa do carbono social representa um paradigma inédito para o desenvolvimento sustentável na região amazônica. Ele afirmou que “o carbono social é mais do que um ativo ambiental: é uma nova rota de desenvolvimento inclusivo, que reconhece e remunera quem cuida da floresta e do solo.” Essa visão destaca a importância de valorizar e recompensar aqueles que praticam a conservação ambiental ativamente. Entender o que são créditos de carbono é fundamental para compreender o potencial dessa nova economia.
Em complemento, Bruno Quick salientou a capacidade transformadora do projeto. Segundo ele, “o carbono social transforma boas práticas de produção em benefícios econômicos concretos para as comunidades.” O diretor técnico reforçou a ambição de, a partir dos êxitos da fase-piloto, escalar o modelo para outras localidades da Amazônia e, subsequentemente, para diversos biomas em todo o país, intensificando a geração de créditos que proporcionam um impacto social positivo.
Fábio Rodrigues, diretor técnico da Ecam, enfatizou o papel crucial da parceria para o êxito do projeto. Ele destacou: “Com o apoio do Sebrae, estamos criando oportunidades reais para que agricultores familiares e comunidades tradicionais possam transformar práticas sustentáveis em novas fontes de renda.” Rodrigues também mencionou exemplos de sucesso similares já implementados em outras regiões do Brasil, como Bahia e Paraná, onde produtores são devidamente remunerados pelos serviços ambientais que prestam à sociedade e ao meio ambiente.
Ciclo Operacional do Carbono Social
O funcionamento do Projeto Carbono Social é articulado para conectar cada hectare preservado à emissão de créditos de carbono certificados, integrando alta tecnologia, transparência rigorosa e um impacto social direto. Este ciclo envolve diversas etapas estratégicas, garantindo a legitimidade e o valor dos créditos gerados. Primeiramente, as propriedades são meticulosamente mapeadas e submetidas a uma avaliação detalhada em relação à sua área de floresta preservada.
Posteriormente, técnicos especializados conduzem a medição do estoque e da absorção de carbono, analisando a biomassa através de verificações de campo combinadas com o uso avançado de imagens de satélite. Tais dados são então validados e integralmente rastreados em uma plataforma digital exclusiva, a ReSeed, assegurando a integridade das informações.
Uma vez validado, o carbono certificado é convertido em créditos que estão prontos para ser transacionados no mercado voluntário. Finalmente, a venda desses créditos se converte em uma fonte de receita direta para os agricultores participantes, fornecendo um estímulo financeiro adicional para a contínua conservação ambiental e a adoção de práticas de manejo florestal sustentáveis, promovendo um engajamento contínuo com os objetivos do projeto.
A visibilidade do Projeto Carbono Social também alcançará projeção internacional, com sua apresentação confirmada no Corporate Investments into Forestry & Biodiversity, em Londres. Este evento, um dos mais importantes no cenário global sobre investimentos corporativos em florestas e biodiversidade, é uma vitrine para reforçar o papel protagonista da Amazônia e o potencial do Brasil na transição global para uma economia com baixas emissões de carbono.
A iniciativa do Sebrae e Ecam adota um modelo inovador que interliga a mensuração técnica de carbono a importantes indicadores sociais, como níveis de renda, igualdade de gênero e bem-estar geral da comunidade. Esta abordagem visa estabelecer um modelo de carbono que não só é inclusivo e transparente, mas também plenamente rastreável, gerando benefícios tangíveis e mensuráveis para as populações envolvidas.
O Sebrae nutre a expectativa de que o Carbono Social não apenas sirva de modelo inspirador para outras regiões brasileiras, mas também contribua significativamente para o fortalecimento de uma bioeconomia amazônica. Essa economia emergente tem como pilares fundamentais a valorização das pessoas e a conservação da floresta, promovendo um desenvolvimento que é inerentemente regenerativo e socialmente justo.
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Em suma, o Projeto Carbono Social é um marco no engajamento de comunidades amazônicas na economia verde, oferecendo ferramentas para transformar conservação em prosperidade. A expectativa é que essa estratégia não só gere valor econômico, mas também fortaleça o tecido social da região. Para mais análises aprofundadas sobre iniciativas que buscam impulsionar a economia local e promover a sustentabilidade, continue explorando nossa editoria de Economia.
Crédito da imagem: Reprodução/Agência SEBRAE
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