Na vasta região do Oeste Paulista, produtores descartam leite em quantidades significativas, enfrentando severos prejuízos após a intensa falta de energia elétrica que atingiu a área. Um forte temporal, ocorrido entre o domingo, dia 21, e a segunda-feira, dia 22, de janeiro, deixou diversas propriedades rurais sem o essencial abastecimento energético, comprometendo diretamente a cadeia produtiva e causando a perda de milhares de litros do produto lácteo devido à impossibilidade de refrigeração adequada.
A escassez de energia impactou gravemente a capacidade dos produtores de manter seus equipamentos, especialmente os resfriadores de leite, em funcionamento. Sem essa estrutura crucial, o produto perecível estraga rapidamente, transformando dias de trabalho árduo em prejuízos financeiros substanciais para as famílias que dependem da atividade leiteira para seu sustento.
Produtores descartam leite no Oeste Paulista após apagão
Um dos casos mais emblemáticos é o de Marcelino Sotocorno, que possui uma propriedade no município de Anhumas, interior de São Paulo. A fazenda de Sotocorno está completamente sem eletricidade desde as 10h da manhã de segunda-feira, dia 22. O temporal que varreu a região foi de tal magnitude que os fortes ventos arrancaram telhas de uma estrutura próxima e derrubaram árvores na vizinhança, evidenciando a força devastadora dos fenômenos climáticos. A interrupção no fornecimento de energia colocou em risco a totalidade do leite armazenado. Na manhã seguinte, terça-feira, dia 23, Marcelino ainda aguardava ansiosamente a chegada de um carreteiro de um laticínio parceiro, cuja missão seria avaliar se os 1.500 litros de leite que repousavam no resfriador poderiam, de alguma forma, ser aproveitados ou seriam condenados ao descarte. Caso a coleta fosse inviável, o produtor calculava uma perda econômica que poderia atingir a cifra de R$ 4 mil, sem contabilizar outros itens refrigerados na propriedade que também seriam comprometidos.
Ao abordar a situação, Marcelino Sotocorno compartilhou com a TV TEM suas preocupações e um certo cansaço diante da recorrência de tais eventos. Ele rememorou um episódio anterior no qual a propriedade permaneceu por inacreditáveis 36 horas sem energia, consequência da queda de uma torre há alguns anos. Apesar da adversidade presente, o produtor rural expressou uma perspectiva de resiliência, classificando o incidente atual como uma “questão da natureza” e afirmando que “está tudo bem”. No entanto, ele não deixou de externar uma frustração latente: “O problema maior é quando às vezes acaba a energia do nada e demora para voltar”, apontou, evidenciando que a imprevisibilidade e a demora no restabelecimento são os aspectos mais críticos para sua atividade.
Ainda na vizinhança, a propriedade de Ivair Sotocorno experimentou um destino ainda mais infeliz. Neste local, a incapacidade de manter o leite refrigerado levou ao descarte imediato de mais de mil litros do produto. Marcelino, vizinho e colega de Ivair, relatou que o laticínio até chegou a mobilizar um carreteiro por volta da meia-noite de terça-feira para efetuar a coleta, mas, lamentavelmente, o alimento já havia perecido. Diante do quadro irrecuperável, o profissional teve que proceder com o despejo do produto diretamente, uma cena que se repetiu pela manhã com o descarte adicional de mais 400 litros, totalizando um volume ainda maior de perdas significativas para o produtor. Este é um cenário alarmante para a produção agropecuária, onde a interrupção da energia se traduz rapidamente em graves prejuízos econômicos.
Não muito distante, no município de Álvares Machado (SP), outro produtor rural, José Luís, também se viu em situação crítica devido ao temporal e à consequente falta de energia. Desde a manhã da segunda-feira, sua propriedade enfrenta a escassez de eletricidade, impactando não apenas a produção leiteira, mas também o abastecimento de água. Seu rebanho de gado, crucial para a economia rural, está sofrendo com a sede, destacando a complexidade dos problemas enfrentados e a interconexão das diversas necessidades básicas na atividade agropecuária. A falta de água e energia representa um duplo golpe para a manutenção da saúde e produtividade dos animais.
Esforços das Concessionárias e o Cenário Pós-Temporal
As companhias responsáveis pela distribuição de energia elétrica na região agiram para mitigar os impactos e restabelecer o serviço. A Neoenergia Elektro, que atende Anhumas e localidades adjacentes, emitiu um comunicado explicando que houve uma intensificação no número de equipes em campo, especialmente após a forte precipitação que provocou extensos estragos na infraestrutura elétrica. A empresa garantiu que suas equipes estão empenhadas na restauração do fornecimento, com o objetivo de normalizar a situação o mais rápido possível. Em atualização mais recente, a Neoenergia Elektro informou que aproximadamente 92,5% dos clientes de Anhumas já tiveram o fornecimento de energia elétrica restabelecido, indicando progresso, mas também a persistência de desafios para parte da população e dos produtores.

Imagem: g1.globo.com
Paralelamente, a Energisa Sul-Sudeste divulgou que o temporal impactou um contingente considerável de cerca de 200 mil clientes em sua área de atuação na região do Oeste Paulista. A concessionária comunicou que já conseguiu restabelecer aproximadamente 90% do fornecimento, priorizando, de acordo com o gerente de operações Anderson Rabelo Rosa, localidades consideradas essenciais, como hospitais e unidades de saúde, para garantir a funcionalidade desses serviços primordiais à população. Anderson Rabelo Rosa explicou detalhadamente as ações tomadas pela empresa. Segundo ele, foi ativado um “plano de contingência” abrangente, mobilizando-se toda a força de trabalho e as equipes técnicas dedicadas. Além disso, houve o chamamento de “força extra de prestadores de serviço” e a adição de “equipas adicionais” para dar suporte às operações de recuperação. O gerente destacou o compromisso e o empenho para normalizar a situação da rede o mais breve possível. Esses incidentes de grande escala após eventos climáticos severos reiteram a importância da resiliência da infraestrutura elétrica, conforme relatórios nacionais sobre o tema. Uma análise sobre o desempenho das distribuidoras de energia durante tempestades frequentemente aponta para os desafios enfrentados em todo o Brasil, com picos de interrupção em áreas mais afetadas.
O cenário vivenciado pelos produtores rurais na região de Presidente Prudente e no restante do Oeste Paulista é um reflexo direto da vulnerabilidade da infraestrutura diante de eventos climáticos cada vez mais extremos. O descarte do leite, resultado da prolongada falta de energia, não é apenas uma perda financeira para os agricultores, mas também um prejuízo para a produção alimentícia e para a economia local. A rápida atuação das concessionárias é crucial, mas a recuperação total exige tempo e esforço, impactando a vida e o trabalho de muitas famílias.
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Este grave episódio que fez com que produtores descartassem leite ressalta a importância de investimentos contínuos em infraestrutura e em planos de contingência robustos para proteger a economia rural e o abastecimento das cidades. Continue acompanhando as notícias em nossa editoria de Cidades para mais atualizações sobre o impacto de eventos climáticos e os desdobramentos na vida dos moradores da região.
Crédito da imagem: Ivair Sotocorno/Imagens Cedidas
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