A prisão de presidentes de entidades culturais por lavagem de dinheiro no Maranhão, na última sexta-feira (17), revelou um suposto esquema complexo de desvio de verbas públicas provenientes de emendas parlamentares estaduais. A Polícia Federal (PF) atuou em flagrante, detendo três indivíduos suspeitos de envolvimento direto em uma operação que teria movimentado cerca de R$ 500 mil em fundos inicialmente destinados a projetos culturais, com um valor total de desvios que já ultrapassa R$ 2 milhões.
Entre os detidos estão figuras proeminentes do cenário cultural maranhense e uma assessora parlamentar. Maria José de Lima Soares, presidente do reconhecido Boi de Maracanã e representante da Banzeiro Grande Produções LTDA, foi uma das presas. Ivan Jorge da Piedade Madeira, presidente da Companhia de Cultura Popular Catarina Mina, também foi alvo da operação. Juntamente a eles, Larissa Rezende Santos, assessora da deputada estadual Andreia Rezende, completou o trio de presos.
Presidentes de Entidades Culturais Presos por Lavagem de Dinheiro no MA
A ação da Polícia Federal se deu em uma agência do Banco do Brasil, localizada no Centro de São Luís. Os suspeitos foram abordados imediatamente após realizarem um saque considerável de R$ 400 mil em espécie. Conforme as investigações da PF, este vultoso montante deveria ser integralmente canalizado para a execução de projetos sociais, que seriam promovidos por entidades culturais, levantando sérias preocupações sobre a transparência na gestão de recursos públicos.
O Mecanismo de Desvio de Verbas e Entidades de Fachada
As apurações preliminares conduzidas pela Polícia Federal indicam que os valores sob investigação têm origem em emendas parlamentares estaduais. Tais verbas teriam sido supostamente direcionadas para instituições culturais que funcionariam como “fachadas”. A principal suspeita é que essas entidades seriam contratadas para a realização de eventos que, na prática, nunca foram concretizados. Este subterfúgio permitiria o desvio dos fundos, configurando uma complexa rede de fraude. A soma total de valores alegadamente desviados por meio deste ardil já é estimada em mais de R$ 2 milhões, refletindo a gravidade e a dimensão do esquema.
Um episódio que exemplifica a dinâmica do esquema veio à tona com as prisões. Os R$ 400 mil sacados no dia do flagrante estavam supostamente reservados para a Companhia de Cultura Popular Catarina Mina. A justificativa para a retirada seria a organização de um evento comemorativo ao Dia das Crianças, agendado para 12 de outubro de 2025. No entanto, a Polícia Federal constatou que o evento em questão não apenas não ocorreu, como o valor foi “indevidamente repartido” entre os detidos e outros indivíduos ainda não identificados pela investigação.
Documentos como o auto de prisão em flagrante, ao qual a imprensa obteve acesso, afirmam categoricamente que “existem fartos elementos informativos indicando que o valor apreendido com os flagranteados é proveniente dos crimes de peculato e corrupção passiva”. Este detalhe reforça a tese de um modus operandi bem-articulado, onde recursos públicos destinados a fins legítimos são desviados de sua finalidade original, configurando crimes graves contra a administração pública e a sociedade. Mais detalhes sobre operações de combate à corrupção e lavagem de dinheiro podem ser consultados no site oficial da Polícia Federal, que detalha suas áreas de atuação.
O esquema, conforme os levantamentos, teria como centro o direcionamento de emendas parlamentares por parte de agentes políticos a essas entidades. Após o repasse das verbas, os presidentes das organizações fariam saques em espécie de forma fracionada e dissimulada. Esta estratégia não apenas visaria dificultar o rastreamento do dinheiro, mas também ocultar a real destinação dos valores, possibilitando seu uso em atividades ilícitas, como o financiamento de “caixa dois” eleitoral, uma das hipóteses ainda investigadas pela polícia.
O Papel da Assessora Parlamentar e as Investigações Futuras
Um aspecto crucial revelado pelo flagrante foi a participação direta da assessora parlamentar Larissa Rezende Santos. Ela foi presa no momento em que, logo após o saque dos R$ 400 mil, se dirigia à Assembleia Legislativa do Estado do Maranhão. O intuito seria, segundo a investigação, entregar uma mochila contendo o dinheiro a uma deputada estadual. Esta circunstância corrobora as suspeitas de uma intrínseca ligação entre o esquema de lavagem de dinheiro e o círculo político local, evidenciando uma possível articulação para o desvio de fundos públicos com ramificações em diversos setores.

Imagem: g1.globo.com
Após serem detidos, os três indivíduos foram conduzidos à Superintendência Regional da Polícia Federal no Maranhão. Lá, foram autuados em flagrante pelo crime de lavagem de dinheiro, delito previsto no artigo 1º da Lei nº 9.613/1998. Este tipo penal pode resultar em uma pena de reclusão que varia de três a dez anos, além de multa, dependendo do grau de participação e das particularidades do caso. A legislação busca reprimir o uso de fundos ilícitos, com objetivo de integrar os mesmos na economia formal, através de mecanismos complexos para esconder a sua origem.
As investigações não cessaram com as prisões e prosseguem para elucidar a participação dos detidos em possíveis outros crimes, bem como para identificar o envolvimento de outras pessoas. A Polícia Federal busca descobrir a possível participação de agentes públicos beneficiados pelo esquema, a eventual utilização de verbas federais e qual seria a finalidade derradeira do desvio dos recursos, incluindo a suspeita de caixa dois eleitoral. A magnitude da operação sugere uma tentativa de coibir práticas que corrompem o sistema e impedem que recursos vitais cheguem aos projetos sociais.
A gravidade das acusações e a metodologia aplicada nos supostos desvios de recursos demonstram a persistência de esquemas ilícitos que se valem de instituições legítimas para camuflar operações fraudulentas. A continuidade das investigações promete lançar mais luz sobre a complexidade e a abrangência desse caso de corrupção e lavagem de dinheiro no Maranhão, reforçando a atuação do estado no combate à criminalidade econômica.
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Foto: Divulgação/Polícia Federal
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