Artigos Relacionados

📚 Continue Lendo

Mais artigos do nosso blog

PUBLICIDADE

Prefeituras do interior de São Paulo contratam empresas sob investigação por supostas irregularidades societárias

Facebook Twitter Pinterest LinkedInPrefeituras situadas na região de Sorocaba, no interior do estado de São Paulo, têm sido envolvidas em uma complexa teia de contratos milionários com empresas que, segundo apurações, exibem perfis societários controversos. Ao todo, quinze municípios estabeleceram ou ainda mantêm acordos comerciais com duas companhias específicas: uma dedicada ao fornecimento de uniformes … Ler mais

Prefeituras situadas na região de Sorocaba, no interior do estado de São Paulo, têm sido envolvidas em uma complexa teia de contratos milionários com empresas que, segundo apurações, exibem perfis societários controversos. Ao todo, quinze municípios estabeleceram ou ainda mantêm acordos comerciais com duas companhias específicas: uma dedicada ao fornecimento de uniformes escolares e outra ao setor de alimentação. O ponto central da investigação reside na notória incompatibilidade entre o estilo de vida das proprietárias registradas e os volumosos lucros obtidos através de parcerias com o Poder Público, conforme revelado por uma investigação exclusiva da TV TEM.

As divergências identificadas no quadro societário dessas empresas levaram um procurador de Justiça a manifestar grave preocupação, indicando a possibilidade de utilização de “laranjas” – indivíduos que cedem seus nomes para dissimular os verdadeiros responsáveis por atividades comerciais – como parte de um esquema mais amplo. Entre as companhias investigadas, destaca-se a CB News, responsável pela provisão dos novos uniformes para as instituições de ensino na Prefeitura de Votorantim, em São Paulo. O contrato com este município, avaliado em expressivos R$ 7,6 milhões, já foi alvo de suspensão pelo Tribunal de Contas do Estado de São Paulo (TCE-SP), em decorrência de fortes suspeitas de irregularidades.

👉 Leia também: Guia completo de Noticia

A amplitude dos contratos da CB News estende-se para além de Votorantim, abrangendo outras localidades paulistas. Conforme um levantamento detalhado conduzido pela TV TEM, a empresa mantém vínculos contratuais com outras três prefeituras na região de Sorocaba, um número idêntico de municípios na área de Jundiaí e, de forma ainda mais significativa, sete prefeituras na região de Itapetininga, consolidando uma vasta rede de operações com o setor público em diversas frentes administrativas e geográficas do interior de São Paulo. Esses múltiplos acordos levantam questões sobre a abrangência das práticas de contratação e fiscalização em âmbito municipal.

O registro formal da CB News, disponível na Junta Comercial do Estado de São Paulo (Jucesp), oferece um panorama das mudanças em sua estrutura de comando. A ficha cadastral revela que Nadyla Torres de Almeida assumiu a posição de proprietária da CB News em agosto de 2022. Esta mudança de gestão ocorreu pouco após a saída da proprietária anterior, Camila Souza Costa, que esteve à frente da empresa por um breve período, entre os meses de junho e agosto do mesmo ano, configurando um ciclo de alterações administrativas que antecederam o foco das investigações.

A transição empresarial prossegue com Camila Souza Costa se desligando oficialmente da CB News para, em agosto de 2022, fundar sua própria companhia, a Global Atacadista. Essa nova empresa dedicou-se ao segmento de fornecimento de alimentos destinados a instituições escolares. A Global Atacadista rapidamente estabeleceu uma série de contratos significativos, incluindo um acordo com a Prefeitura de Votorantim, no valor de R$ 3,4 milhões, além de firmar parcerias com outras duas cidades da região, evidenciando uma rápida expansão de operações no setor público após a mudança de foco empresarial de sua fundadora. As dinâmicas entre as duas companhias e as transições de propriedade são um ponto central nas análises dos investigadores.

Apesar da clara movimentação de controle e estabelecimento de empresas entre as duas figuras, Camila Souza Costa, ao ser questionada pela reportagem da TV TEM, negou peremptoriamente ter sido proprietária da CB News em qualquer momento de sua história. De forma similar, a Sra. Costa alegou desconhecer completamente a identidade de Nadyla Torres de Almeida, que a sucedeu na titularidade da CB News, contrariando os registros formais disponíveis na Junta Comercial e levantando questionamentos sobre a transparência das operações e das relações societárias entre as partes envolvidas nos contratos com as prefeituras paulistas.

A apuração jornalística realizada pela TV TEM aprofundou-se nas informações cadastrais e pessoais das proprietárias, revelando disparidades marcantes. Foi constatado que Camila e Nadyla residem em endereços e cidades distintas daquelas que registraram oficialmente na Jucesp para as empresas CB News e Global Atacadista. Tal inconsistência geográfica é somada à incompatibilidade evidente entre o estilo de vida ostentado por ambas e os faturamentos milionários gerados pelos contratos de suas empresas com o poder público municipal, criando um cenário de suspeita sobre a real natureza das suas atuações empresariais. As investigações buscam desvendar a quem de fato pertencem os vultuosos rendimentos das companhias.

Para fornecer uma visão detalhada do panorama de contratos sob suspeita, a seguir é apresentada a lista completa das cidades que mantêm ou mantiveram relações comerciais com as empresas CB News e Global Atacadista, compilada através do extenso levantamento feito pela equipe de reportagem da TV TEM. Esta lista ilustra a vasta extensão dos acordos questionados e a capilaridade da atuação das empresas no território paulista.

Negócios firmados com a CB News:

Na região de Sorocaba, os municípios com contratos incluem Araçoiaba da Serra, Piedade, Salto de Pirapora e Votorantim, destacando-se a amplitude geográfica da atuação da empresa nesse aglomerado urbano e suas cercanias. Essa distribuição revela uma presença significativa em diversos portes de administrações municipais. Os valores e escopo desses contratos variam, mas todos estão sob escrutínio pela investigação jornalística em curso.

No agrupamento da região de Jundiaí, a CB News também possui relações contratuais com as prefeituras de Cabreúva, Campo Limpo Paulista e Jarinu. A presença da empresa nestas localidades expande sua rede de fornecimentos e demonstra uma capacidade de penetração em diferentes polos de desenvolvimento do interior de São Paulo. A investigação busca compreender os pormenores desses contratos específicos. Estes acordos adicionam outra camada de complexidade ao caso investigado.

Já na abrangente região de Itapetininga, a lista de prefeituras que têm contratos com a CB News é ainda mais extensa, englobando as cidades de Angatuba, Arandu, Campina do Monte Alegre, Fartura, Quadra, Tapiraí e Manduri. Esta considerável quantidade de municípios evidencia uma presença dominante da CB News no cenário de fornecimento para o setor público local. O volume e a frequência desses contratos têm sido objeto de análise minuciosa por parte das autoridades investigativas, dada a natureza das suspeitas levantadas. A diversidade geográfica reforça a abrangência da atuação da CB News.

Negócios firmados com a Global Atacadista:

No que tange à Global Atacadista, os municípios identificados com contratos são Angatuba, Itapetininga e Votorantim. Embora o número de cidades seja menor em comparação com a CB News, a significância dos contratos e a presença em cidades-chave como Votorantim e Itapetininga (já mencionada na investigação) conferem relevância à sua atuação. A empresa, focada em alimentos escolares, tem suas parcerias igualmente escrutinadas pelas investigações em andamento, visando determinar a regularidade e transparência dos acordos comerciais. Os vínculos contratuais da Global com essas prefeituras representam uma parcela relevante de suas operações no setor público. Estes contratos, como já dito, também figuram como foco da análise.

Vidas que contrastam drasticamente com os faturamentos milionários

As investigações detalhadas conduzidas pela TV TEM revelaram um descompasso alarmante entre a situação financeira declarada das proprietárias da CB News e da Global Atacadista e os lucros astronômicos auferidos por suas respectivas empresas através de contratos públicos. Essa dicotomia levanta sérias dúvidas sobre a autenticidade e a conformidade legal da estrutura societária dessas organizações, configurando um dos pontos mais críticos da apuração jornalística. A disparidade de estilos de vida em contraste com o dinheiro que as empresas movimentam é um ponto chave de toda a apuração.

A CB News, por exemplo, que foi selecionada para suprir as escolas de Votorantim com novos uniformes, registra um volume impressionante de operações. Desde 2021, a empresa acumulou mais de sessenta contratos com prefeituras em todo o estado de São Paulo, resultando em um faturamento total que ultrapassa a marca de R$ 90 milhões. Essa escala de negócios, por si só, demanda um alto grau de transparência e solidez financeira, requisitos que, na análise da TV TEM, parecem não ser integralmente refletidos nas condições pessoais dos seus administradores formais, levantando questionamentos acerca da lisura e da legitimidade de suas operações.

A transição de comando na CB News, ocorrida em agosto de 2022, momento em que Camila Souza Costa cedeu sua posição a Nadyla Torres de Almeida, é um ponto que demanda atenção. Na ocasião dessa mudança, o capital social da CB News registrou um salto significativo, passando de um valor inicial de R$ 250 mil para R$ 1,5 milhão. Atualmente, a cifra do capital social da empresa ultrapassa os R$ 5 milhões, evidenciando um crescimento vertiginoso em um curto espaço de tempo. Essa escalada financeira, simultânea às alterações societárias, reforça o cenário de questionamentos sobre a origem e a gestão dos recursos. O aumento de capital e o breve período em que as trocas aconteceram são motivos de grande preocupação e suspeitas por parte dos órgãos de fiscalização.

Prefeituras do interior de São Paulo contratam empresas sob investigação por supostas irregularidades societárias - Imagem do artigo original

Imagem: g1.globo.com

No caso da Global Atacadista, onde Camila Souza Costa figura como sócia-proprietária principal, o capital social atualizado da empresa alcança os R$ 6 milhões. Contrariando a robustez financeira da empresa que administra, as investigações da TV TEM descobriram que Camila Costa, surpreendentemente, é beneficiária do programa Bolsa Família, recebendo um auxílio mensal de R$ 750. A soma total dos benefícios acumulados por ela nesse programa chega a quase R$ 13 mil, revelando um paradoxo notável entre a opulência empresarial e uma alegada vulnerabilidade social que a tornaria elegível para auxílio governamental, adicionando um layer de estranhamento a essa já nebulosa situação financeira. A discrepância levanta diversas bandeiras vermelhas.

As informações apuradas sobre Nadyla Torres de Almeida, a atual proprietária da CB News, também se mostram destoantes de seu papel como empresária de uma companhia milionária. Em suas redes sociais, Nadyla não se apresenta como dona da CB News e não faz qualquer menção à sua atuação no ramo de uniformes escolares. Pelo contrário, suas publicações nas mídias digitais retratam a rotina de uma vida notoriamente simples, localizada em um bairro de condições carentes na cidade de Diadema, a mesma localidade onde Camila Souza Costa reside, conforme verificado pela reportagem da TV TEM. A ausência de qualquer indício de status empresarial em suas plataformas online reforça a suspeita de um “laranja”. A realidade exibida em suas redes sociais e a sua conexão com Camila são fatores importantes para as investigações.

Além disso, os endereços residenciais declarados por Nadyla e Camila em registros oficiais levantam mais indagações. Na Jucesp, o endereço residencial de Nadyla consta como uma casa na cidade de Mauá; contudo, quando a reportagem tentou verificar o local, quem atendeu à porta desconheceu por completo a pessoa que figura como sócia da CB News. De forma similar, o endereço residencial informado por Camila na Jucesp não é o de Diadema, onde reside, mas sim um apartamento vazio situado no bairro do Belenzinho, na cidade de São Paulo, conforme verificação realizada pela equipe da TV TEM. As informações contraditórias sobre os endereços reforçam a impressão de inconsistências e possível ocultação de dados pessoais e profissionais, componentes críticos de toda a investigação.

Em uma tentativa de contato telefônico pela TV TEM, Camila Souza Costa confirmou ser a proprietária da Global Atacadista. Entretanto, ao ser questionada sobre o número do CNPJ (Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica) da empresa, Camila se recusou terminantemente a fornecer a informação, alegando que se trata de um dado restrito. Da mesma forma, ela declinou-se a detalhar quais mercadorias sua empresa comercializa, mantendo-se em sigilo quanto às operações essenciais do negócio. Adicionalmente, Camila negou enfaticamente ser beneficiária do programa Bolsa Família, contradizendo as evidências obtidas pela reportagem, um dos pontos mais importantes do contraste entre vida simples e dinheiro. Esses posicionamentos de Camila Costa adicionam complexidade e novos pontos a serem desvendados pelos jornalistas e, eventualmente, pelas autoridades.

Diante das tentativas da reportagem em buscar esclarecimentos junto às partes envolvidas, Nadyla Torres de Almeida não atendeu a nenhuma das ligações feitas. Similarmente, a CB News, procurada via contato telefônico, não ofereceu retorno às chamadas. Até o momento da publicação desta reportagem, a Global Atacadista, por sua vez, também não se manifestou publicamente em resposta às indagações ou às acusações implícitas, mantendo um silêncio que só acentua a dificuldade de obter informações diretas e transparentes por parte das empresas sob escrutínio, impedindo um parecer mais conclusivo. A ausência de respostas ou o sigilo empregado são pontos de grande estranhamento, tendo em vista a magnitude dos fatos expostos.

Procurador aponta suspeita de “Laranjas” em contratos investigados

Para Roberto Livianu, que atua como procurador de Justiça e também ocupa a presidência do Instituto Não Aceito Corrupção (Inac), as múltiplas e flagrantes contradições reveladas pela apuração da TV TEM são fortes indicativos da possível utilização de “laranjas” nos quadros societários das empresas em questão. Segundo o especialista, essa prática é comumente empregada para dissimular os verdadeiros beneficiários e controladores de atividades econômicas, especialmente quando estas envolvem grandes somas de dinheiro público, tornando-se uma tática frequente em casos de fraudes e irregularidades. As falhas apresentadas pela matéria apontam claramente para irregularidades.

Em sua análise sobre o cenário descoberto, o procurador Roberto Livianu foi taxativo ao classificar a situação como “absurda”. Ele enfatizou que é “estarrecedor” que uma empresa consiga auferir um faturamento tão vultoso – na casa dos milhões de reais – enquanto, paradoxalmente, seu quadro societário oficial exibe uma pessoa com uma condição de vida flagrantemente discrepante dos padrões de um empresário de sucesso em tais moldes. Para Livianu, essa incongruência é um “sinal óbvio de que há algo muito estranho, que necessita ser profundamente investigado”, indicando a necessidade premente de uma ação fiscalizatória rigorosa. As suas falas servem de norte para toda a análise jornalística e policial.

Respostas das Prefeituras frente às indagações

Em resposta aos questionamentos da reportagem da TV TEM, a Prefeitura de Votorantim declarou manter uma relação institucional e pautada na legalidade com as empresas em questão. O órgão municipal esclareceu que todos os contratos são firmados após a apresentação rigorosa de todos os documentos e certidões obrigatórias, exigidas pela legislação vigente. A prefeitura afirmou desconhecer qualquer tipo de irregularidade nas transações ou na conduta das empresas contratadas, reforçando a confiança nos trâmites burocráticos e nas validações documentais efetuadas. O parecer de Votorantim, porém, não exclui novas investigações por parte dos órgãos fiscalizadores e nem por parte dos jornalistas envolvidos nas investigações. A nota emitida pelo executivo municipal será incluída em qualquer análise futura.

A Prefeitura de Araçoiaba da Serra também se manifestou, informando que a CB News foi, de fato, a vencedora em processos de pregões eletrônicos direcionados à aquisição de material esportivo. Contudo, o município especificou que jamais realizou compras de uniformes escolares da referida empresa. De acordo com a nota divulgada pela prefeitura, a empresa obteve a vitória em um pregão eletrônico no ano de 2022, processo que ocorreu “sem qualquer intercorrência e em conformidade com o que preconiza a legislação”. Esta declaração procura demarcar a natureza e a legalidade das transações com a CB News, no que diz respeito ao escopo de produtos adquiridos, mesmo a empresa sendo o foco de algumas suspeitas.

Complementando suas informações, a Prefeitura de Araçoiaba da Serra detalhou os contratos de aquisição de uniformes para a prática esportiva. Em 2023, o município adquiriu materiais da CB News no valor de R$ 53.730,00, e em 2024, a compra totalizou R$ 71.700,00. Adicionalmente, a empresa venceu outra licitação em 2025, também na modalidade pregão eletrônico, que resultaria em um valor global de R$ 168 mil. No entanto, o município assegurou que nenhum pedido foi formalmente solicitado, o que implica que não houve efetivamente qualquer gasto sob este contrato mais recente. A prefeitura encerrou sua comunicação informando que o contrato em questão tem seu vencimento programado para dezembro e não será objeto de renovação futura, alterando seu rumo administrativo e comercial com as companhias investigadas.

A Prefeitura de Itapetininga, ao ser consultada, informou à reportagem que o único contrato estabelecido com a Global Atacadista ocorreu no ano de 2023. Essa parceria se deu por meio de uma ata de registro de preços, um mecanismo que permite agilidade em compras futuras, para o fornecimento de alimentos destinados ao município, e foi avaliada no montante de R$ 29.250. Essa transação específica é a única registrada entre o executivo municipal de Itapetininga e a Global Atacadista, o que restringe o escopo de atuação da empresa nesta cidade em particular. A prefeitura reforçou que todos os passos seguidos na compra dos itens seguiram à risca todas as diretrizes dos processos licitatórios. Esse parecer é parte crucial de toda a investigação.

📌 Confira também: artigo especial sobre redatorprofissiona

Por fim, as prefeituras de Cabreúva e Tapiraí, ao serem contatadas pela equipe de reportagem da TV TEM, informaram que, até o presente momento, não mantinham e nunca mantiveram contratos ativos ou encerrados com as duas empresas que figuram no centro das investigações, CB News e Global Atacadista. Tal posicionamento exclui esses dois municípios do rol de localidades com as quais as companhias estabeleceram acordos. Em relação às demais cidades listadas pela investigação da TV TEM como tendo ou tendo tido contratos com as empresas suspeitas, não houve resposta formal às indagações da reportagem até o fechamento desta edição, mantendo-se em silêncio administrativo sobre as relações contratuais vigentes.

Com informações de G1 Sorocaba e Jundiaí

Links Externos

🔗 Links Úteis

Recursos externos recomendados

Leia mais

PUBLICIDADE

Plataforma de Gestão de Consentimento by Real Cookie Banner
Share via
Share via