A Polícia de São Paulo está dedicando esforços na investigação de bebidas com metanol que têm provocado sérias intoxicações, hospitalizações e mortes em todo o estado. Atualmente, duas hipóteses principais orientam as diligências sobre esses produtos adulterados. O foco é determinar a origem e a motivação por trás da contaminação que já resultou em diversos óbitos e registros de contaminação por metanol, colocando a saúde pública em alerta.
Uma das vertentes da investigação sugere que o metanol teria sido empregado em procedimentos de higienização de garrafas recicladas, as quais, indevidamente, não foram destinadas à rede oficial de reciclagem. Segundo informações divulgadas pelo governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, esses recipientes teriam sido reintroduzidos na cadeia de consumo de bebidas, causando a contaminação. Tal prática, se confirmada, aponta para falhas significativas nas normas de logística reversa e descarte adequado de embalagens.
Polícia de SP Investiga Bebidas Com Metanol e Mortes
A outra hipótese sob análise pela Polícia Civil paulista considera a possibilidade de o metanol ter sido utilizado para inflar artificialmente o volume de bebidas alcoólicas falsificadas. Existe a linha de que o objetivo do falsificador poderia ser a adição de etanol puro; contudo, por desconhecimento ou falha, o produto acabou contaminado com o perigoso metanol. Esta forma de adulteração com metanol representa um risco grave e inaceitável para a segurança dos consumidores.
As preocupações com a disseminação de bebidas com metanol se intensificaram após a Superintendência de Polícia Técnico-Científica confirmar, através de exames periciais, a presença da substância tóxica em amostras coletadas de bebidas distribuídas por, ao menos, duas empresas no estado. Essa validação laboratorial forneceu subsídios cruciais para o avanço das investigações e a delimitação dos focos de apuração.
Dados recentes divulgados pelo governo de São Paulo, atualizados até a manhã de uma segunda-feira específica, revelam a extensão da crise. O estado registrou 192 casos relacionados à contaminação por metanol. Deste total, 14 casos foram confirmados, com lamentavelmente duas mortes associadas. Outros 178 casos permanecem em processo de investigação, e dentre eles, há o registro de sete óbitos que ainda estão sob apuração. É importante frisar que a morte de uma mulher de 30 anos em São Bernardo foi informada após a divulgação do balanço mais recente e, portanto, ainda não foi computada nesses números, elevando a triste estatística para três fatalidades confirmadas diretamente pela Polícia, mesmo antes da oficialização no painel de controle.
O governador Tarcísio de Freitas reiterou a gravidade da situação, pontuando falhas no cumprimento das regulamentações de logística reversa no Brasil. Ele enfatizou que um dos principais recursos para os falsificadores são as garrafas de bebidas já consumidas, que deveriam ser encaminhadas à reciclagem, mas que acabam sendo desviadas para o mercado clandestino. Esse mercado ilícito se torna um facilitador vital para a adulteração de bebidas com metanol, contribuindo para a proliferação desses produtos perigosos.
Em declaração à imprensa, o chefe do executivo estadual anunciou que irá submeter um pedido à Justiça para a destruição de todo material apreendido em operações de fiscalização, incluindo garrafas, rótulos, lacres, tampas e selos. Na semana anterior à sua fala, as autoridades já haviam recolhido mais de 7 mil garrafas sob suspeita de falsificação ou adulteração, um volume alarmante que demonstra a escala do problema das bebidas com metanol no mercado ilegal. Tarcísio de Freitas e o Secretário da Segurança Pública, Guilherme Derrite, descartaram a participação de facções criminosas como o PCC nas ações, argumentando que o lucro gerado pela falsificação de bebidas é considerado baixo em comparação com outras atividades ilícitas, como o tráfico de entorpecentes.
Que bebidas apresentam risco de metanol?
Até o momento, os episódios de contaminação por metanol têm se concentrado em bebidas destiladas, particularmente vodca e gin, que por sua característica de serem muitas vezes incolores, podem disfarçar a presença da substância traiçoeira. Contudo, a orientação de especialistas é clara: no cenário atual, é prudente que os consumidores não considerem nenhuma bebida como inteiramente segura. Embora o maior risco se manifeste nos destilados, outros tipos como cerveja, vinho e chope tendem a ter uma vulnerabilidade menor à adulteração com metanol. Essa relativa segurança deve-se, em grande parte, às especificidades de seus processos de produção e envase. Dentre as opções, a cerveja comercializada em lata é frequentemente citada como a de menor risco, dada a maior dificuldade de se adulterar o recipiente metálico de forma imperceptível.

Imagem: metanol em investigação via g1.globo.com
Detectando o metanol: o que o consumidor precisa saber?
A presença de metanol em bebidas é um desafio notório para a detecção doméstica, sendo virtualmente impossível identificá-lo apenas pelo olfato, visão ou paladar. O metanol não provoca alterações perceptíveis na cor, no odor ou no sabor da bebida, motivo pelo qual é descrito como uma substância traiçoeira. A sua identificação confiável requer a realização de testes laboratoriais especializados, que podem quantificar a concentração do componente em amostras suspeitas.
Diante da dificuldade de reconhecimento, autoridades e especialistas em segurança alimentar têm divulgado uma série de recomendações essenciais aos consumidores. É crucial manter-se alerta a características de embalagens que gerem desconfiança, como a presença de lacres mal colocados, tortos, ou rótulos impressos com baixa qualidade. A desconfiança deve ser redobrada para bebidas comercializadas a preços muito abaixo da média de mercado, que frequentemente indicam procedência duvidosa. Adicionalmente, é imperativo que os consumidores exijam e guardem a nota fiscal no ato da compra, pois este documento serve como prova de origem e é fundamental em caso de necessidade de denúncia ou investigação.
A Abrasel (Associação Brasileira de Bares e Restaurantes) reforça a importância de que estabelecimentos e consumidores inativem as garrafas vazias antes do descarte, quebrando-as ou inutilizando-as de alguma forma para impedir que falsificadores possam reutilizá-las no ciclo clandestino de produção de bebidas com metanol. Além dessas precauções, a população é fortemente orientada a:
- Desconfiar de preços considerados muito baixos ou ofertas excessivamente vantajosas;
- Efetuar compras de bebidas somente em estabelecimentos que inspirem confiança e que possuam reconhecimento no mercado;
- Verificar atentamente a integridade dos lacres e a autenticidade dos selos fiscais presentes nas garrafas.
Em caso de manifestação de quaisquer sintomas adversos após o consumo de alguma bebida alcoólica, a recomendação inegociável é procurar imediatamente atendimento médico e, se possível, informar detalhadamente a origem da bebida consumida. Essa informação é vital para auxiliar os profissionais de saúde no diagnóstico e tratamento adequados, além de contribuir de forma decisiva com as investigações policiais sobre a disseminação das bebidas com metanol. É crucial entender os riscos do consumo de álcool adulterado para proteger a saúde.
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A gravidade das intoxicações por metanol em São Paulo acende um alerta sobre a segurança de bebidas comercializadas e a urgência na fiscalização. A polícia continua as apurações para garantir a punição dos responsáveis e coibir a prática de adulteração de bebidas com metanol. Fique atento às nossas atualizações e confira outros desdobramentos sobre segurança urbana na nossa editoria de Cidades.
Crédito da imagem: ALOISIO MAURICIO/FOTOARENA/ESTADÃO CONTEÚDO
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