A Polícia Civil de São Paulo indiciou na manhã desta quarta-feira (15) Roberta Veloso Fernandes sob forte suspeita de ter atuado nos crimes que envolvem sua irmã gêmea, Ana Paula Veloso. Ana Paula é a principal figura de uma série de assassinatos por envenenamento e é apontada como serial killer pela investigação.
De acordo com o inquérito policial, Ana Paula já admitiu sua autoria em duas das mortes apuradas. As evidências e denúncias contra ela a ligam ao óbito de quatro pessoas em diferentes ocorrências. O indiciamento de Roberta amplia o escopo da investigação, sugerindo uma possível colaboração nas execuções. O advogado de Roberta, Almir Sobral, informou à reportagem que estava se inteirando do conteúdo do documento e que se pronunciaria oportunamente.
Polícia indicia irmã de serial killer por quatro envenenamentos
Este relatório, que agora inclui o indiciamento de Roberta Veloso Fernandes, será encaminhado ao Ministério Público de São Paulo (MPSP). Caberá ao órgão ministerial avaliar a documentação e decidir se formalizará uma denúncia criminal contra as irmãs. O possível envolvimento de Roberta Veloso nos fatos já vinha sendo investigado separadamente, devido aos indícios encontrados pela polícia que a conectam direta ou indiretamente aos quatro óbitos atribuídos à irmã, Ana Paula.
O primeiro caso apurado remonta a janeiro deste ano e ocorreu em Guarulhos, na região metropolitana de São Paulo. A vítima, Marcelo Hari Fonseca, foi encontrado sem vida e em estado avançado de decomposição no sofá de sua residência. Inicialmente, a causa da morte de Fonseca permaneceu indeterminada. A reviravolta no caso surgiu quando uma das filhas do homem descobriu que Ana Paula e Roberta residiam nos fundos do imóvel, um detalhe nunca antes mencionado por Marcelo.
Em seu depoimento à Polícia Civil, prestado em julho deste ano durante o decorrer das investigações, Roberta Veloso afirmou que ela e a irmã negociavam a compra do imóvel desde o início do ano, quando se mudaram para Guarulhos. Ainda em depoimento, Roberta sustentou que estava no Rio de Janeiro no dia em que Marcelo foi descoberto sem vida. Contou ter recebido, um dia antes do falecimento de Fonseca, um telefonema de Ana Paula, que relatava um “cheiro forte” na área da residência. Segundo Roberta, a última vez que viu Marcelo foi enquanto ele ainda estava vivo.
Uma segunda morte chocante foi registrada no final de abril, na cidade de Duque de Caxias, no estado do Rio de Janeiro. A vítima era Neil Corrêa da Silva. Segundo as conclusões da polícia, o assassinato de Silva teria sido encomendado pela própria filha, Michelle, cuja defesa não foi contatada pela reportagem. A investigação apontou evidências de que as irmãs Veloso teriam negociado valores para concretizar o crime.
O inquérito revelou conversas incriminatórias, que, segundo a polícia, indicam “negociação de valores, compensações de dívidas entre Ana Paula e Michelle e repasse de parte do pagamento a Roberta, que chega a reclamar da divisão”. O relatório final do inquérito vai além, afirmando que Roberta chegou a aconselhar a irmã em um áudio, orientando-a a “cobrar R$ 4.000 por futuros TCCs” – termo que, para a polícia, funcionava como um código para se referir ao assassinato em questão.
Durante o interrogatório à Polícia Civil, Ana Paula Veloso confessou sua participação direta nos assassinatos de Marcelo Hari Fonseca e Neil Corrêa da Silva. No entanto, negou categoricamente ser a responsável por outras duas mortes que lhe foram atribuídas: as de Maria Aparecida Rodrigues e do tunisiano Hayder Mhazres. Ambos os casos continuam sendo objeto de intensa apuração por parte das autoridades.
Imagem: envenenamento no Brasil via www1.folha.uol.com.br
Em relação ao caso de Maria Aparecida Rodrigues, a investigação policial aponta que Ana Paula Veloso tentou ativamente encobrir o crime. A serial killer procurou desviar a atenção das autoridades, imputando a responsabilidade pela morte a um policial militar casado, com quem ela havia mantido um relacionamento alguns meses antes. A filha de Maria Aparecida prestou depoimento à polícia, relatando que sua mãe havia saído na companhia de Ana Paula no dia de seu falecimento. As duas mulheres teriam visitado o Lago dos Patos, um ponto turístico conhecido de Guarulhos. A última comunicação de Maria com a filha foi uma mensagem enviada às 22h12 daquele dia. No dia seguinte, Maria Aparecida foi encontrada sem vida.
A investigação do óbito do tunisiano Hayder Mhazres segue linha similar de envolvimento da serial killer. A polícia afirma que Ana Paula, que já havia tido um relacionamento amoroso com a vítima, iniciou o planejamento do assassinato junto com sua irmã Roberta Veloso após desentendimentos. No dia em que Hayder morreu e foi levado ao hospital, o relatório detalha que “Ana Paula manteve Roberta informada em tempo praticamente real, inclusive com vídeo de UTI”. O irmão de Hayder, que mora na Tunísia, contou à polícia que Ana Paula chegou a ligar para a embaixada do país, alegando estar grávida e buscando “seus direitos como suposta viúva”.
A complexidade e a frieza dos crimes atribuídos às irmãs chocam as autoridades e a população. A conclusão do inquérito e a remessa ao Ministério Público de São Paulo são etapas cruciais para que a justiça seja feita. A atuação do Ministério Público será fundamental para analisar todas as provas e depoimentos, determinando os próximos passos legais.
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Os desenvolvimentos deste caso continuam sob a observação atenta das autoridades, com o indiciamento de Roberta Veloso e os processos judiciais subsequentes marcando uma nova fase da investigação. Para acompanhar mais notícias e análises aprofundadas sobre crimes e a justiça em notícias de São Paulo, continue navegando em nossa editoria de Cidades.
Crédito da imagem: Polícia Civil / Reprodução
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