A Polícia Civil de São Paulo intensificou as investigações sobre a adulteração de bebidas alcoólicas, revelando que dois postos de combustíveis suspeitos de metanol em SP teriam comercializado a substância tóxica. Esta mesma substância está diretamente ligada à morte de duas pessoas e à intoxicação grave de outra, confirmando a dimensão do risco à saúde pública. Os estabelecimentos, localizados no ABC Paulista – um em Santo André e outro em São Bernardo do Campo –, foram alvos de rigorosas buscas e apreensões na última sexta-feira, dia 17.
A ação representa um desdobramento crucial em uma complexa investigação que se dedica a rastrear a origem e a cadeia de distribuição do metanol, usado de forma ilícita para falsificar bebidas. Durante a operação, equipes da Polícia Civil e auditores fiscais da Secretaria da Fazenda buscaram por documentos e registros que pudessem elucidar as transações, enquanto fiscais da Agência Nacional do Petróleo (ANP) executaram análises técnicas para verificar a qualidade dos combustíveis ali vendidos. A sinergia entre as entidades aponta para uma fiscalização abrangente e multidisciplinar, focada em desvendar todos os aspectos do esquema.
Polícia identifica postos suspeitos de metanol em SP
Embora as equipes de fiscalização da ANP não tenham encontrado irregularidades imediatas na composição dos combustíveis dos postos durante a inspeção da última sexta-feira (17), a Polícia Civil mantém a firme convicção da ligação. O delegado-geral de Polícia de SP, Artur José Dian, afirmou que robustas evidências indicam que ao menos parte do etanol contaminado com metanol, empregado na adulteração de bebidas alcoólicas, foi proveniente dessas bombas. Ele detalhou que transações financeiras e comerciais envolvendo Vanessa Maria da Silva, apontada como a proprietária da fábrica clandestina de bebidas, e seus associados foram rastreadas até esses estabelecimentos. “Agora fechou esse círculo. Então, nós temos essas comprovações e nós estamos trazendo para o bojo das investigações muito mais materialidade”, declarou Dian, reforçando o avanço nas provas.
Detalhes Chave da Investigação e Ações da Operação
A minuciosa apuração revelou um elemento peculiar em relação aos postos de combustíveis. Um dos estabelecimentos investigados por fornecer o etanol batizado com metanol em SP, especificamente o de Santo André, encontra-se estrategicamente situado em frente a um imóvel com uma porta de cor azul. Esse local foi identificado como um depósito para as garrafas utilizadas na fraude das bebidas, um indício que fortalece a hipótese de uma conexão física e logística direta entre os fornecedores da substância tóxica e o ponto de adulteração. Este achado sugere um esquema de proximidade logística, facilitando a ação criminosa e dificultando o rastreamento inicial pelas autoridades.
Na semana anterior à incursão nos postos, um avanço significativo já havia ocorrido: a prisão de Vanessa Maria da Silva. Ela é suspeita de ser a cabeça da fábrica clandestina responsável por fornecer vodcas adulteradas com concentrações de metanol que chegavam a até 45% do volume. As bebidas produzidas por essa fábrica foram consumidas em um bar na Zona Leste de São Paulo, resultando nas mortes de Ricardo Lopes Mira, de 54 anos, e de Marcos Antonio Jorge Junior, de 46, que tiveram seu estado de saúde rapidamente deteriorado após a ingestão.
Rede Clandestina: Elos Familiares na Adulteração de Bebidas
As investigações também desvendaram uma ampla rede de envolvimento. Além dos postos suspeitos de metanol, mandados de busca e apreensão foram cumpridos em outras localidades vinculadas ao indivíduo responsável pela posse das garrafas destinadas à adulteração e a seu irmão. Ambos tinham comprovada ligação com Vanessa Silva, apontando para uma estrutura criminosa mais organizada. A quantidade de recipientes recolhidos durante todo o dia de operação foi tão grande que preencheu dois caminhões inteiros, ilustrando a escala e a sofisticação da operação de falsificação.
Um aspecto particularmente chocante é a confirmação do envolvimento de um núcleo familiar na orquestração da adulteração. De acordo com Isa Lea Abramavicus, delegada da Divisão de Investigações contra a Saúde Pública, o ex-marido de Vanessa, seu pai e seu cunhado desempenhavam atividades diversas, abrangendo o envase, a fabricação e a comercialização das bebidas falsificadas. A delegada enfatizou que “dá para falar que o núcleo familiar atuava de forma conjunta”, evidenciando uma coordenação intrínseca e complexa na atividade ilegal, tornando a tarefa de desarticular a quadrilha ainda mais desafiadora para as autoridades.
Consequências e o Andamento das Apurações
Os trágicos efeitos da ingestão das bebidas adulteradas vão além das mortes já registradas. A polícia confirmou que a fábrica clandestina ligada à família foi a responsável pela vodca contaminada com metanol que causou sérios danos à visão de Cláudio Baptista da Freiria, de 62 anos. Após consumir a bebida em um bar na Zona Sul da capital, Cláudio passou mal e precisou ser hospitalizado, revelando o alcance dos malefícios do produto. Peritos encontraram até 38% de metanol em cinco garrafas apreendidas associadas a este caso, evidenciando o perigo extremo das substâncias comercializadas pela quadrilha.
O delegado-geral Artur José Dian sublinhou a forte conexão entre os diversos casos de contaminação e a rede familiar sob investigação. “A gente começa a estabelecer um vínculo grande de que todas as bebidas saíram, pelo menos em algum momento, desse círculo familiar que envolve a Vanessa”, explicou Dian. Ele adicionou que a polícia segue apurando ativamente para determinar se a distribuição das bebidas adulteradas se estendeu para outras localidades dentro do estado de São Paulo ou até mesmo para outros estados da federação. A amplitude das consequências sublinha a gravidade da atuação do grupo.
Diante das acusações, a defesa de Vanessa Maria da Silva reiterou que ela e seus parentes não estão envolvidos na adulteração das bebidas. Em resposta às investigações, o gerente do posto de Santo André optou por não emitir comentários sobre o ocorrido. Já o estabelecimento de São Bernardo do Campo, através de um comunicado oficial, informou que as análises de seus combustíveis resultaram em padrões normais de qualidade e que a empresa tem prestado total colaboração às autoridades durante as diligências. Para obter informações detalhadas sobre a fiscalização de combustíveis e as ações preventivas, consulte o portal oficial da Agência Nacional do Petróleo (ANP).
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Este caso dos postos suspeitos de metanol em SP continua sob forte apuração e promete novos desdobramentos, com impactos significativos na segurança e na saúde pública. Acompanhe as atualizações completas sobre esta e outras importantes notícias da região metropolitana e do Brasil, bem como análises aprofundadas, em nossa editoria de Cidades. Mantenha-se informado conosco.
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