As forças de segurança do Rio de Janeiro intensificaram suas ações contra a expansão territorial de uma proeminente facção criminosa no estado. A Polícia Civil do Rio está à frente de investigações para apurar se o Comando Vermelho está utilizando redutos nas Zonas Oeste e Sudoeste da capital fluminense como pontos estratégicos para estender seu domínio sobre novas regiões da cidade e, inclusive, da Costa Verde. Uma grandiosa operação conjunta, realizada na sexta-feira (10), culminou na prisão de 19 suspeitos e na morte de sete indivíduos.
De acordo com dados fornecidos pela Polícia Civil, já foram identificados pelo menos 120 integrantes do grupo responsável por estas tentativas de avanço. A iniciativa policial, batizada de Operação Contenção, representa uma resposta robusta à escalada de violência e controle por parte das organizações criminosas no estado. As autoridades detalharam que as investidas buscam solidificar o poder da facção sobre territórios antes disputados ou inexplorados.
Polícia combate ofensiva do Comando Vermelho no Rio
Carlos Oliveira, subsecretário de Planejamento Operacional da Polícia Civil, enfatizou as múltiplas táticas e rotas empregadas pelos criminosos na sua estratégia de expansão. Uma das rotas identificadas parte de Jacarepaguá, localizada na Zona Sudoeste do Rio, e visa alcançar uma vasta área que inclui municípios como Guaratiba, Santa Cruz, Campo Grande e Itaguaí, estabelecendo uma conexão com a Costa Verde. Esta tática de expansão demonstra a audácia e o planejamento logístico do Comando Vermelho para fortalecer sua influência em eixos importantes de tráfego e acesso.
Paralelamente, o g1 apurou que uma segunda frente de ofensiva do Comando Vermelho tem origem na Vila Kennedy, comunidade já controlada pela facção. Esta região, historicamente estratégica, foi palco de ataques recentes promovidos por milicianos, que geraram pânico generalizado entre os moradores. Estes conflitos em Vila Kennedy sublinham a dinâmica de disputa territorial e a complexidade do cenário de segurança pública no Rio de Janeiro, onde diferentes grupos buscam consolidar ou ampliar seu poder em áreas conflagradas.
Em coletiva de imprensa no Centro Integrado de Comando e Controle, o secretário de Polícia Civil do Rio de Janeiro, Felipe Curi, reiterou o principal objetivo da Operação Contenção: frear a que ele chamou de “sanha expansionista” da facção criminosa. A Operação Contenção não se restringe a uma ação isolada, mas se configura como uma estratégia contínua e permanente de combate ao avanço do CV em diversos pontos do estado. Este compromisso de longo prazo visa desmantelar as bases logísticas e operacionais do grupo, que representa uma ameaça crescente à ordem pública.
A força-tarefa mobilizou equipes em 15 diferentes comunidades e bairros do Grande Rio, demonstrando a amplitude geográfica da operação. Durante as diligências, foi reforçada a descoberta de um contingente substancial. “Em uma dessas regiões, nós já identificamos 120 componentes e já conseguimos mandados de prisão”, detalhou Carlos Oliveira, enfatizando o caráter investigativo e de inteligência que precede as intervenções diretas. As prisões não são aleatórias, mas resultado de um minucioso trabalho de reconhecimento e monitoramento dos envolvidos com a criminalidade organizada.
Táticas de Cobrança: Urnas na Muzema Descobertas pela Polícia
Um dos achados mais significativos da megaoperação realizada na sexta-feira foi a descoberta de “urnas” na comunidade da Muzema, localizada na Zona Sudoeste. Segundo informações do secretário Felipe Curi, esses artefatos eram utilizados pelo Comando Vermelho para o depósito de valores provenientes de cobranças ilícitas. A instalação dessas caixas de coleta, como revelado pela inteligência policial, tinha um propósito claro: evitar a exposição direta dos criminosos durante os momentos de recolhimento, prática que frequentemente resultava em prisões. “Muitas prisões eram feitas justamente durante esses momentos de cobrança. Por isso eles colocaram essas urnas. O trabalho de investigação, de inteligência, acabou detectando essa nova forma de cobrança”, explicou Curi.
A inteligência policial foi crucial para identificar essa nova modalidade de extorsão. Essa inovação na forma de cobrança demonstra a capacidade de adaptação e planejamento estratégico das facções criminosas para contornar a vigilância das forças de segurança. A detecção das urnas permite às autoridades desmantelar uma infraestrutura importante do sistema financeiro ilícito do Comando Vermelho.

Imagem: g1.globo.com
Curi ainda fez questão de ressaltar a continuidade das operações. “Importante enfatizar que a operação começou ontem, no trabalho que foi feito com a neutralização do Matuê, da organização narcoterrorista do Comando Vermelho”, acrescentou. A menção ao traficante Matuê, ou Ygor Freitas de Andrade, que foi morto em Chacrinha pela Polícia Civil do Rio, contextualiza a Operação Contenção dentro de um esforço mais amplo e contínuo de combate ao crime organizado e seus líderes. A neutralização de figuras chave como Matuê representa um golpe significativo na estrutura da facção e enfraquece sua capacidade operacional.
Balanço da Operação e Perspectivas de Segurança Pública
O balanço da Operação Contenção desta sexta-feira revela a dimensão do enfrentamento. Quinze comunidades foram impactadas pelas incursões policiais, resultando em 19 indivíduos presos e 7 mortos durante os confrontos. A ação também levou à apreensão de um arsenal significativo, que inclui 10 fuzis e 2 granadas. Além disso, foram removidas 11 toneladas de barricadas que dificultavam o acesso das forças de segurança às áreas dominadas. Estes números expressivos atestam a complexidade do cenário e a resistência encontrada pelas equipes policiais. A remoção das barricadas é um passo fundamental para restabelecer a livre circulação e a presença do Estado nesses territórios.
A Operação Contenção simboliza um esforço robusto para garantir a segurança da população carioca e fluminense diante das ameaças constantes de grupos como o Comando Vermelho. O empenho das forças policiais, aliado a investigações de inteligência, busca desarticular as estratégias de domínio territorial e financeiro da facção, reafirmando o compromisso do Estado na luta contra o crime organizado.
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Crédito da imagem: Reprodução/TV Globo
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