Um inovador **pó mágico Unicamp** desenvolvido por um time de pesquisadoras na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), localizada em Campinas, São Paulo, está revolucionando a indústria de alimentos ao permitir a significativa redução da gordura saturada em produtos diversos. Essa tecnologia de ponta já está sendo empregada em parte do setor alimentício, visando tornar itens como recheios de biscoitos, bombons, margarinas e chocolates muito mais saudáveis para o consumidor.
A importância desta descoberta reside na crescente preocupação com o consumo excessivo de gordura saturada, frequentemente encontrada em produtos de origem animal e em óleos vegetais como os de coco e palma. Sabe-se que a ingestão elevada desses lipídios está diretamente ligada ao aumento do colesterol de baixa densidade (LDL), conhecido como “colesterol ruim”, e, consequentemente, a um maior risco de desenvolvimento de doenças cardiovasculares. A pesar dos perigos para a saúde, a gordura saturada ainda domina a preferência na indústria de alimentos devido à sua característica sólida em temperatura ambiente, um atributo que as gorduras insaturadas, mais saudáveis mas com consistência mais líquida, não possuem, dificultando a estrutura de diversos produtos.
Pó Mágico Unicamp Reduz Gordura Saturada em Alimentos
A invenção, batizada de Microcap, é constituída por cristais de gordura que passam por um processo de microencapsulamento. Ao ser incorporado a óleos e gorduras insaturadas presentes nas formulações alimentícias, o Microcap tem a capacidade de aprimorar a firmeza e a estabilidade do produto final. Esse mecanismo permite que as indústrias diminuam drasticamente o teor de gordura saturada, sem comprometer a textura ou o paladar a que os consumidores estão acostumados. Maria Cristina Mascarenhas, uma das idealizadoras do projeto, ressaltou a dificuldade enfrentada pela indústria após a remoção da gordura trans: “Com a retirada da gordura trans, a indústria tem dificuldade de estruturar as gorduras. Os produtos ficam mais sensíveis ao calor. Não conseguimos produzir, por exemplo, um recheio consistente; ele fica muito mole”, explicou. A adição do pó, segundo ela, acelera e homogeneiza o processo de cristalização da gordura, tornando a mistura “mais firme, mais consistente”.
O desenvolvimento dessa tecnologia inovadora não é obra de uma única mente, mas sim fruto da colaboração de um time de pesquisadoras talentosas da Unicamp. Além de Maria Cristina Mascarenhas, Lireny Aparecida Guaraldo Gonçalves e Izabela Dutra Alvim foram figuras-chave na concepção e refinamento do Microcap. A inovação tecnológica foi devidamente licenciada em 2015 para uma startup que foi fundada pela própria Mascarenhas, marcando o início da sua trajetória de aplicação prática na indústria alimentícia. Este avanço é particularmente relevante considerando a regulamentação recente que exige que os produtos alimentícios indiquem nas embalagens seu alto teor de sal, gordura saturada e açúcar, um movimento global para promover a saúde pública, como detalhado por órgãos reguladores como a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
Benefícios Além da Saúde e Desafios Econômicos
Além de seus notórios benefícios para a saúde, o “pó mágico” apresenta outras vantagens operacionais e ambientais. Conforme detalhado por sua inventora, a composição do pó é intrinsecamente simples e não envolve a utilização de aditivos químicos. A fabricação do Microcap também se destaca por não demandar altas temperaturas no processo produtivo. Maria Cristina Mascarenhas acrescenta que essa característica contribui para uma redução no consumo energético das fábricas. “Também conseguimos reduzir um pouco o uso de energia da fábrica”, complementou a pesquisadora, evidenciando o potencial sustentável da inovação.
Atualmente, o ingrediente Microcap já está integrado à produção de diversos itens no Brasil, incluindo recheios de biscoitos, bombons e barrinhas de proteína. A repercussão positiva dessa aplicação levou à realização de testes internacionais, que estão em fase de avaliação para verificar a eficácia e a viabilidade do uso do pó em margarinas e chocolates, ampliando seu horizonte de aplicação no mercado global.
Imagem: g1.globo.com
Entretanto, apesar do inegável sucesso técnico e dos benefícios evidentes, um desafio persistente impede uma adoção ainda mais ampla da tecnologia: o custo. A inventora admitiu que a implementação do Microcap frequentemente eleva o custo final da formulação dos produtos, uma barreira que muitas empresas da indústria alimentícia ainda relutam em transpor. “Em muitos casos, o custo da formulação fica mais alto e as empresas não aprovam. Vários clientes estão tecnicamente aprovados, mas o custo ainda não”, detalhou Mascarenhas, apontando para a necessidade de otimização dos processos para torná-lo economicamente mais atraente.
Perspectivas Futuras para o “Pó Mágico” da Unicamp
Apesar dos desafios relacionados ao custo, as perspectivas futuras para o “pó mágico Unicamp” são promissoras. Atualmente, novas linhas de pesquisa e testes estão explorando aplicações diversificadas, com foco em áreas como cosméticos e nutrição animal. Contudo, a prioridade máxima dos pesquisadores e da startup licenciada permanece a de expandir significativamente a utilização da tecnologia na indústria de alimentos. Este esforço é alinhado com o compromisso de proporcionar opções alimentares mais saudáveis para a população global. A comercialização do produto no mercado brasileiro já ocorre por meio de uma parceria estratégica com uma multinacional renomada, especializada em nutrição sustentável, garantindo que o alcance desta inovação da Unicamp se torne cada vez maior.
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Em suma, a criação do “pó mágico” Microcap pela Unicamp representa um avanço científico fundamental na busca por alimentos mais saudáveis e por uma indústria alimentícia mais responsável. Com a capacidade de reduzir a gordura saturada sem sacrificar a qualidade, esta inovação promete impactar positivamente a saúde cardiovascular de milhões. Continue acompanhando as últimas novidades sobre ciência e tecnologia em nossa editoria para ficar por dentro dos próximos desenvolvimentos e descobertas!
Crédito da imagem: Fernanda Lima/Inova Unicamp
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