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PMs afastados após morte de adolescente em Salvador

A Polícia Militar da Bahia (PM-BA) confirmou nesta quarta-feira (1º) o afastamento de PMs envolvidos na ação policial que culminou na morte de um adolescente de 16 anos, Caíque dos Santos Reis, e de um jovem de 21 anos, Matheus Daniel Chagas da Silva. O incidente ocorreu no domingo (28), no bairro de São Marcos, […]

A Polícia Militar da Bahia (PM-BA) confirmou nesta quarta-feira (1º) o afastamento de PMs envolvidos na ação policial que culminou na morte de um adolescente de 16 anos, Caíque dos Santos Reis, e de um jovem de 21 anos, Matheus Daniel Chagas da Silva. O incidente ocorreu no domingo (28), no bairro de São Marcos, em Salvador, e gerou intensa revolta na comunidade local, provocando múltiplos dias de protestos.

De acordo com a corporação, logo após o conhecimento dos fatos, foi determinado o acionamento imediato de um protocolo interno específico para situações de ocorrências com trauma, especialmente aquelas que resultam em lesão corporal grave ou fatalidade. Este protocolo estabelece um conjunto de medidas que visam assegurar tanto a transparência das investigações quanto o suporte aos agentes envolvidos.

PMs afastados após morte de adolescente em Salvador

Os policiais militares em questão, lotados no Batalhão de Policiamento de Prevenção a Furto e Roubos de Coletivos (BPFRC), foram imediatamente afastados de suas atividades operacionais de rua. Eles prestaram depoimentos individuais detalhados e foram encaminhados ao Departamento de Promoção Social da PM, onde recebem acompanhamento psicológico especializado, participam de atividades de apoio emocional e de palestras diárias com foco na valorização da vida e dos valores humanos. Os militares permanecerão sob acompanhamento administrativo até a conclusão completa das apurações.

A Polícia Militar da Bahia informou que as investigações seguem em duas frentes distintas e complementares para esclarecer as circunstâncias do incidente. A esfera administrativa está sob a condução da Corregedoria-Geral da PM, liderada diretamente pelo coronel Delmo. Paralelamente, a esfera criminal está a cargo do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) da Polícia Civil, responsável por apurar detalhadamente as condições em que as mortes ocorreram.

Em nota oficial, a corporação reiterou seu compromisso inabalável com a legalidade, a transparência e a defesa da vida. A PM-BA enfatizou que não compactua com desvios de conduta e assegurará a plena responsabilização em casos de eventuais excessos, garantindo sempre os direitos constitucionais ao contraditório e à ampla defesa a todos os envolvidos no processo investigativo. A transparência na conduta policial é um tema de constante debate em esferas governamentais e organismos de direitos humanos, conforme discute o Relatório da CIDH sobre Segurança Cidadã.

Comunidade exige Justiça e realiza protestos

Os moradores do bairro de São Marcos mobilizaram-se em uma série de protestos após o óbito do adolescente. Na terça-feira (30), foi registrado o terceiro dia consecutivo de manifestações, com a população indo às ruas empunhando cartazes e clamando por Justiça em nome de Caíque dos Santos Reis. Na segunda-feira (29), um dia após o incidente, os manifestantes já haviam queimado entulho em vias públicas para chamar atenção para a causa, resultando na interrupção do tráfego de ônibus na região. A Secretaria de Mobilidade (Semob) informou que o transporte coletivo foi desviado para a via regional, sem acesso ao bairro, por motivos de segurança, e o policiamento na área foi significativamente reforçado na segunda-feira.

O corpo de Caíque Reis foi sepultado ainda na segunda-feira, em um cemitério na Baixa de Quintas. O adolescente era estudante, atuava como barbeiro e, tragicamente, estava prestes a iniciar um novo emprego como atendente de confeiteiro no mesmo dia de seu sepultamento, um detalhe que ressaltava a comoção na comunidade e entre seus familiares.

Joselita dos Santos Cruz, mãe de Caíque, concedeu entrevista à TV Bahia, relatando uma versão que diverge substancialmente do comunicado policial. Segundo seu depoimento, o filho teria obedecido às ordens dos policiais de erguer as mãos, mas, ainda assim, foi baleado. Joselita enfaticamente negou qualquer envolvimento do jovem com a criminalidade ou histórico policial. Ela foi alertada por vizinhos e encontrou o filho sem vida no local. “Colocaram ele como traficante que foi encontrado com armas e drogas. Meu filho não traficava, não fazia nada disso”, desabafou emocionada. Ela acrescentou que, segundo seu entendimento, um primeiro disparo atingiu a perna do adolescente, que teria sido então levado para um beco antes de serem desferidos mais tiros, sendo posteriormente alegado confronto armado.

PMs afastados após morte de adolescente em Salvador - Imagem do artigo original

Imagem: g1.globo.com

Divergências nas versões oficiais e relatos de testemunhas

A versão apresentada pela Polícia Militar na primeira nota oficial difere dos relatos da família e testemunhas. A corporação afirmou que Caíque foi morto durante uma “troca de tiros” com os agentes. Além de Caíque, Matheus Daniel Chagas da Silva, de 21 anos, também foi atingido e não resistiu aos ferimentos, vindo a óbito na mesma ação. Após o confronto, segundo a PM, foram apreendidos uma pistola calibre 9mm, um revólver e porções de entorpecentes, incluindo maconha, cocaína e crack, que teriam sido encontrados com os indivíduos. Este material foi apresentado ao DHPP, onde o caso foi oficialmente registrado. Representantes da União de Negras e Negros pela Igualdade (Unegro) e do Conselho Nacional dos Direitos Humanos (CNDH) estão prestando apoio à família e buscando medidas legais diante do caso.

Testemunhas presentes no local dos fatos apresentaram relatos que contrastam com a versão policial de confronto. Uma delas, que preferiu manter o anonimato por receio de retaliação, detalhou à imprensa sua observação: “Eu vi, não estou mentindo. A polícia mandou ele correr. E ela, a mulher [policial feminina], deu um tiro na perna dele… O levou para um beco e deflagrou mais disparos”. Moradores locais expressaram grande indignação. Outras testemunhas disseram ter sido atingidas por balas de borracha durante os protestos que se seguiram à ação, na Avenida Gal Costa, próximo ao local da ocorrência. Vídeos circulando nas redes sociais mostram os corpos dos baleados sendo retirados do bairro por policiais, envoltos em lençóis, em meio a gritos e acusações de “assassinos” por parte dos populares. “Eu só queria meu filho aqui, agora. Eles tiraram a vida de uma criança. Todo mundo gritando, tem filmagem, tem tudo”, lamentou a mãe de Caíque.

A Polícia Civil, com base na ocorrência inicial, informou que policiais militares realizavam patrulhamento na Avenida Gal Costa, em São Marcos, quando se depararam com dois suspeitos armados. Segundo esse registro, os indivíduos começaram a atirar contra os agentes, que revidaram à agressão. Após o cessar-fogo, os dois suspeitos foram encontrados feridos e imediatamente socorridos para o Hospital Geral Roberto Santos (HGRS), no Cabula, mas infelizmente não sobreviveram aos ferimentos. O documento da ocorrência também aponta para a apreensão de armas e drogas no local, materiais que foram apresentados no DHPP para as devidas providências e investigação.

A primeira nota divulgada pela PM-BA sobre o incidente, na manhã de domingo (28), corroborava a dinâmica de confronto: “A Polícia Militar da Bahia (PMBA) informa que, na manhã deste domingo (28), equipes do Batalhão Gêmeos realizavam patrulhamento na Avenida Gal Costa, bairro de São Marcos, quando receberam informação sobre a presença de indivíduos armados na localidade conhecida como São Domingos. Diante da denúncia, as guarnições se deslocaram até o ponto indicado. Durante a incursão, um grupo de homens efetuou disparos contra os policiais, que reagiram. Encerrado o confronto, dois suspeitos foram encontrados feridos e socorridos imediatamente para uma unidade de saúde, onde não resistiram”. A nota também detalhou a apreensão dos itens mencionados, a apresentação das armas dos policiais à perícia técnica conforme protocolo, e o acompanhamento do caso pelo Comando da PMBA e pela Corregedoria, reafirmando o compromisso com a isenção e transparência das análises.

Confira também: artigo especial sobre leis e valortrabalhista

Este grave incidente em São Marcos, Salvador, destaca a complexidade e a urgência de uma apuração minuciosa para esclarecer todos os detalhes envolvendo a morte de Caíque dos Santos Reis e Matheus Daniel Chagas da Silva. As investigações administrativa e criminal em curso são cruciais para que todas as partes envolvidas tenham suas versões consideradas e a justiça seja feita. Acompanhe mais notícias sobre Cidades e Política em nosso portal horadecomecar.com.br.

Crédito da Imagem: Reprodução/Redes Sociais

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