Uma ocorrência envolvendo um policial militar sob suspeita de ato obsceno em um ônibus que partiu de São Paulo com destino a Goiânia ganhou destaque. Uma passageira filmou a cena e descreveu o episódio como chocante. O incidente, que envolveu um cabo da Polícia Militar de 52 anos, teve lugar no último sábado, dia 11, em Limeira, interior paulista, culminando na condução do militar à delegacia local.
A testemunha, que viajava com seu neto menor, relatou estar em “estado de choque” ao perceber o comportamento do PM. Segundo o seu depoimento, o policial estava fardado e sentou-se na mesma fileira do coletivo, do lado oposto ao corredor. Em poucos minutos após o embarque na Rodoviária do Tietê, em São Paulo, o militar teria iniciado os supostos atos, levando a passageira a filmar com o celular de forma discreta.
PM é investigado por ato obsceno em ônibus de SP para GO
Após gravar a ação, a passageira prontamente informou o motorista do ônibus, que optou por parar em uma base operacional da Rodovia Anhanguera (SP-330), nas proximidades do quilômetro 151,6, para acionar as autoridades. O ônibus, que fazia a rota de São Paulo para a capital goiana, teve sua viagem interrompida para o devido encaminhamento do caso.
O episódio foi oficialmente registrado no Plantão Policial da Delegacia de Limeira, para onde o policial militar e a passageira foram levados. Conforme a vítima, durante o percurso, ela notou o policial, que estava sentado na diagonal, manipulando suas partes íntimas visivelmente. Sua descrição dos fatos aponta para uma conduta imprópria logo no início da viagem. Em entrevista à EPTV, afiliada da Rede Globo para a região, a mulher, que preferiu ter sua identidade preservada, reiterou a gravidade da situação. “Viajo há cinco anos, nunca tinha passado por isso. Era um policial, uma pessoa que esperamos que nos proteja”, finalizou.
O Relato da Testemunha e o Desenrolar da Ocorrência
A passageira detalhou os momentos de angústia. “Eu embarquei na Rodoviária do Tietê. Em poucos minutos, embarcou esse policial e sentou ao lado e já começou a cometer o ato. Foi quando eu fingi que iria dormir. Virei de lado e coloquei o celular numa posição em que eu nem sabia se ia conseguir filmar ou não”, afirmou. A preocupação aumentou pela presença de seu neto, que estava próximo a ela. “Meu netinho estava ao lado, levantava, ficava em pé no banco e ele continuou. Eu fiquei naquela agonia. Pensei não sei o que faço, se denuncio. Fui direto ao motorista”, acrescentou ela, demonstrando o dilema enfrentado antes de tomar a decisão de comunicar.
As imagens capturadas pelo celular da passageira, entregues às autoridades, são peça chave na investigação. O vídeo, cuja cópia foi solicitada para instruir o inquérito, mostra o policial direcionando o olhar para a mulher por duas vezes e, em seguida, prosseguindo com as ações que o levaram à acusação de ato obsceno em ônibus. O registro também será utilizado pela Polícia Militar para a abertura de um procedimento disciplinar interno, dado que o cabo estava em serviço e fardado no momento da suposta infração.
Defesa do Policial Nega Ato Obsceno e Alega Desconforto Físico
A defesa do policial militar de 52 anos, que responde à acusação, veio a público na manhã de segunda-feira, dia 13. O advogado Pablo Canhadas, representando o cabo, negou veementemente a prática de qualquer ato obsceno ou intenção libidionosa. Conforme nota enviada ao g1, a defesa atribui os movimentos a um severo desconforto físico, resultado de um longo histórico de saúde do militar.

Imagem: ato obsceno em ônibus após ser filmado via g1.globo.com
De acordo com o comunicado da defesa, o PM é um paciente oncológico em remissão há mais de uma década. Nesse período, ele teria passado por três cirurgias para extração de tumores nas regiões abdominal e pélvica, procedimentos que resultaram na remoção de partes de tecido mole, incluindo um testículo. As cicatrizes decorrentes dessas intervenções causam-lhe dores crônicas constantes e grande sensibilidade, resultando na necessidade de pressionar a área afetada para alívio.
Ainda segundo a defesa, o policial havia acabado de sair de um turno de operação delegada em São Paulo e já sentia dores intensas, tendo inclusive feito uso de analgésicos. A prática de pressionar o local cirurgiado seria um gesto rotineiro que lhe proporcionava alívio imediato. Soma-se a isso o fato de o cabo fazer uso contínuo de medicamentos para síndrome do pânico e depressão, condições que surgiram após o diagnóstico de câncer. Esses remédios, administrados três vezes ao dia, podem causar letargia e diminuir a percepção de seu entorno, o que poderia explicar a não-atenção a terceiros durante a busca por conforto.
Na delegacia, o PM reiterou que seus movimentos decorriam de um mal-estar físico e que não houve qualquer intenção libidinosa. Ele foi liberado após assinar um termo de compromisso, uma vez que o delito de ato obsceno, tipificado no artigo 233 do Código Penal, é considerado de menor potencial ofensivo. Um capitão da Polícia Militar esteve presente e confirmou que a ocorrência será empregada também em fins disciplinares internos da corporação, avaliando a conduta do militar.
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Este incidente levanta questões sobre conduta de agentes públicos e as complexas nuances por trás de cada caso, especialmente quando a saúde pessoal entra em jogo. Para acompanhar mais notícias sobre eventos nas cidades e questões de segurança, visite nossa editoria de Cidades.
Foto: Reprodução
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