PM Condenado Chacina Curió é Preso no Brasil após Deportação dos EUA

O ex-policial militar Antônio José de Abreu Vidal Filho, conhecido por sua condenação na Chacina do Curió, foi detido no Brasil em 17 de setembro. A prisão ocorreu após sua deportação dos Estados Unidos, onde ele também havia cumprido pena por fraude e mentiras em solicitações de visto. O mandado de prisão em aberto, relacionado aos graves eventos em Fortaleza, foi cumprido pela Polícia Federal logo em sua chegada ao território nacional.

Antônio José de Abreu Vidal Filho, natural de São Luís, no Maranhão, com 31 anos de idade, anteriormente serviu na Polícia Militar do Ceará. Sua repatriação ao Brasil marca um capítulo importante na resolução dos crimes pelos quais foi sentenciado em território nacional e no exterior, reafirmando o compromisso com a justiça. Atualmente, a Justiça aguarda sua transferência para o estado do Ceará, onde deverá cumprir a pena determinada pelo caso da chacina.

PM Condenado Chacina Curió é Preso no Brasil após Deportação dos EUA

A chegada do ex-PM ao país se deu através de um voo que pousou no Aeroporto Internacional de Confins, situado na Região Metropolitana de Belo Horizonte. Lá, agentes da Polícia Federal realizaram a prisão, executando o mandado pendente ligado à Chacina do Curió. Um dia após sua chegada, em 18 de setembro, o ex-policial compareceu a uma audiência de custódia na 2ª Vara Cível, Criminal e de Execuções Penais da Comarca de Pedro Leopoldo, procedimento que confirmou sua detenção legal.

Atualmente, Antônio José está sob custódia em uma unidade prisional na Grande Belo Horizonte, enquanto são aguardados os trâmites burocráticos e logísticos para sua remoção ao Ceará. O Tribunal de Justiça do Ceará (TJCE), por meio de uma das Varas de Execução Penal de Fortaleza, será o órgão responsável por coordenar a transferência. Após sua chegada definitiva ao Ceará, essa mesma vara deverá determinar as condições e o regime de cumprimento de sua extensa pena no sistema prisional estadual.

Detalhes da Chacina do Curió e a Condenação no Brasil

Antônio José de Abreu Vidal Filho figurou entre os 44 policiais militares que enfrentaram denúncias relativas à Chacina do Curió. Esse trágico episódio de violência resultou na morte de 11 pessoas na capital cearense, entre a noite de 11 de novembro e a madrugada de 12 de novembro de 2015. Ele foi um dos primeiros quatro policiais condenados por esse massacre, tendo sua sentença proferida em junho de 2023.

A princípio, a sentença original era de 275 anos e 11 meses de reclusão, em regime inicialmente fechado. Posteriormente, essa pena foi ajustada para 238 anos de prisão. As vítimas da Chacina do Curió, em sua grande maioria jovens com idades entre 16 e 18 anos, não possuíam histórico de passagens pela polícia. Conforme apontado pelo Ministério Público do Ceará, os crimes foram perpetrados como um ato de vingança pela morte do soldado Valtemberg Chaves Serpa, que foi assassinado horas antes enquanto protegia sua mulher durante uma tentativa de assalto no Bairro Lagoa Redonda, em Fortaleza.

O Caminho Legal: da Prisão Preventiva à Deportação dos EUA

Em 2016, no ano seguinte aos acontecimentos da Chacina do Curió, Antônio José de Abreu Vidal Filho foi inicialmente detido preventivamente no decorrer das investigações. Entretanto, em maio de 2017, ele foi posto em liberdade provisória, com permissão para aguardar o seu julgamento em liberdade. Poucos meses depois, em maio de 2018, o ex-policial embarcou para os Estados Unidos e não retornou ao Brasil desde então. Em razão de sua mudança de país e do abandono de suas funções, foi declarado desertor da Polícia Militar, culminando na perda de seu cargo.

Nos Estados Unidos, a jornada legal de Antônio José foi marcada por novas infrações. Em maio de 2024, ele foi detido pelas autoridades americanas sob acusação de fraude de visto. Durante o andamento do processo legal em solo estrangeiro, mais precisamente em maio de 2025, o ex-policial foi sentenciado a 16 meses de prisão – parte da qual já havia sido cumprida, pois ele estava sob custódia desde o ano anterior. Com o encerramento de sua pena nos EUA, a deportação para o Brasil tornou-se um processo inevitável e iminente.

Fraude de Visto, Falsas Declarações e Ações da Interpol

Após a liberação da prisão preventiva em junho de 2017, Antônio José procurou o consulado americano em Recife (PE) e deu entrada em um pedido de visto de turista para os EUA. No decorrer do preenchimento da solicitação de visto, ao ser perguntado sobre eventuais históricos de prisão ou denúncia criminal, ele respondeu negativamente. Com o visto aprovado em mãos, em maio de 2018, ele efetivamente viajou para os Estados Unidos. Durante o período de 2018 a 2023, enquanto vivia em solo americano, ele obteve uma carteira de motorista, um cartão de seguridade social e uma autorização de trabalho.

Imagem: outro crime nos EUA via g1.globo.com

A ficha do ex-policial, no entanto, seria novamente comprometida. Em 2020, ele formalizou um pedido de asilo nos EUA. Nessa nova ocasião, e mais uma vez, respondeu falsamente à pergunta sobre antecedentes criminais. As autoridades americanas, representadas pelo Departamento de Justiça, documentaram essas reincidências de declarações inverídicas. Em agosto de 2023, na sequência de sua condenação pela Chacina do Curió no Brasil, a Organização Internacional de Polícia Criminal (Interpol) realizou a prisão de Antônio José nos Estados Unidos. Anteriormente, ele já havia sido incluído na “lista vermelha” de procurados internacionalmente em virtude de sua condenação pela chacina.

Em fevereiro de 2024, Antônio José prestou depoimento à Corte de Imigração dos Estados Unidos. Na referida audiência, ele argumentou que jamais havia mentido para os oficiais de imigração, justificando a omissão dos processos no Brasil sob a alegação de que, à época de sua primeira solicitação de visto, ainda não havia sido condenado nem formalmente preso pelos crimes relacionados ao Curió. Contudo, em maio de 2024, ele foi oficialmente indiciado pelas autoridades americanas por um total de dois crimes de fraude de visto, dois crimes de perjúrio e um crime de falsificação, ocultação e encobrimento de um fato material.

Em uma etapa posterior, em fevereiro de 2025, o ex-militar declarou-se culpado da acusação de perjúrio diante da Corte Federal do Distrito de Massachusetts, sediada em Boston, permanecendo detido até a concretização de sua deportação. Para mais informações sobre a cooperação jurídica internacional e como processos complexos como este são geridos, você pode consultar o portal do Superior Tribunal de Justiça.

Atualizações sobre a Chacina do Curió no Ceará

O processo da Chacina do Curió inicialmente envolveu 45 policiais militares denunciados, com 30 deles sendo pronunciados para julgamento pelo júri popular. Até a presente data, 29 desses policiais já foram julgados: desses, 21 foram absolvidos e 8 foram condenados, incluindo Antônio José de Abreu Vidal Filho. Apenas um dos 30 policiais pronunciados ainda aguarda o seu julgamento.

O advogado de defesa de Antônio José, Delano Cruz, comunicou à TV Verdes Mares que ingressou com um recurso junto ao Superior Tribunal de Justiça (STJ), visando à anulação do processo da Chacina do Curió. Esse recurso representa um novo esforço jurídico na tentativa de reverter a condenação já estabelecida contra seu cliente no Brasil.

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A prisão e deportação do ex-PM Antônio José de Abreu Vidal Filho reforça a importância da cooperação internacional e da persistência da justiça em casos de grande repercussão. Para se manter atualizado sobre segurança pública, desdobramentos de casos criminais e outros acontecimentos relevantes no Ceará e em diversas cidades brasileiras, continue explorando nossa editoria de Cidades.

Crédito da imagem: ICE e Fabiane de Paula/SVM