Plataforma Plinq Ajuda Mulheres a Ver Histórico Criminal de Namorados

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Uma iniciativa notável surge no cenário da segurança feminina com a Plataforma Plinq Ajuda Mulheres a Ver Histórico Criminal de Namorados. Desenvolvida pela curitibana Sabrine Matos, de 29 anos, a ferramenta permite que mulheres acessem o histórico criminal e registros de processos judiciais de possíveis parceiros amorosos, reforçando a proteção individual.

A inspiração para o projeto da Plinq, lançado em maio deste ano, veio de um caso chocante ocorrido em 2022. Vanessa Ricarte, uma jornalista de Mato Grosso do Sul, foi tragicamente assassinada pelo ex-noivo, que possuía pelo menos 14 processos de violência doméstica dos quais ela não tinha conhecimento. “Eu fiquei com aquilo na cabeça. Pensei em quantas mulheres já viveram ou vivem algo parecido simplesmente por não terem acesso fácil à informação”, relatou Sabrine, evidenciando a lacuna de informação que sua plataforma busca preencher.

Plataforma Plinq Ajuda Mulheres a Ver Histórico Criminal de Namorados

Em menos de dois meses de funcionamento, a Plinq já superou a marca de 15 mil usuárias, que pagam R$ 97 anualmente para utilizar os serviços. O sistema foi concebido para simplificar o acesso a informações cruciais. Com apenas alguns cliques, as usuárias podem obter dados sobre processos criminais, mandados de prisão e outras ocorrências que possam ser relevantes sobre uma pessoa com quem estejam se relacionando.

A funcionalidade da plataforma vai além da mera disponibilização de dados. A Plinq oferece um “tradutor” que esclarece o significado de cada processo, tornando a leitura compreensível para quem não tem familiaridade com o jargão jurídico. Além disso, utiliza um sistema de alertas por cores para identificar intuitivamente os níveis de risco, categorizando perfis em ‘red flag’ (bandeira vermelha), ‘green flag’ (bandeira verde) e ‘yellow flag’.

No caso de uma ‘red flag’, que indica potenciais processos em segredo de justiça, a plataforma aconselha cautela. A mensagem padrão para essas situações sugere: “Com base na análise dos processo judiciais relacionados a [nome do homem], tivemos acesso a múltiplas informações que indiciam a existência de processos em segredo de justiça. Essas circunstâncias dificultam determinar se ele é vítima, acusado, advogado ou outra parte envolvida, o que torna essencial uma conversa franca e uma avaliação cuidadosa antes de qualquer encontro. Recomendo, com toda atenção, que prossiga com cautela e busque conhecer melhor a pessoa, sempre priorizando a sua segurança.”

Mesmo na ausência de riscos aparentes, com uma ‘green flag’, a Plinq reforça a importância da prudência. A plataforma emite um aviso: “A ausência de registros públicos não garante que a pessoa não tenha passado por situações que não estejam registradas […] Uma conversa franca pode ajudar a criar um ambiente de confiança e segurança para ambos”. Esse lembrete sublinha que a transparência e o diálogo são complementares à consulta de dados.

A experiência de usuárias, como a empresária Greisa Mesquita, ilustra a praticidade da Plinq. Inicialmente, Greisa utilizava a ferramenta para verificar parceiros em aplicativos de relacionamento, mas expandiu seu uso para serviços como caronas. “Uma vez fui olhar o nome de um motorista de carona e descobri processos por agressão. Cancelei na hora. Hoje não encontro ninguém sem verificar antes. É um filtro. A gente não pode impedir que alguém seja violento, mas pode evitar se colocar em risco”, contou ela, enfatizando o papel preventivo da plataforma.

Conforme explica Sabrine Matos, a Plinq opera utilizando bases de dados públicas, como as disponíveis em tribunais e diários oficiais. Essa metodologia assegura a conformidade com a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), já que a plataforma apenas organiza informações que já são de domínio público. O foco não é detalhar o teor íntimo dos processos, mas sim fornecer um panorama geral e os motivos que levaram a pessoa a responder judicialmente.

O desenvolvimento da Plinq, uma parceria entre Sabrine e seus sócios Felipe Bahia e Micael Marques, ocorreu através de uma inovadora plataforma sueca de inteligência artificial. Essa tecnologia permite criar sites e aplicativos a partir de descrições em “linguagem natural”, eliminando a necessidade de conhecimento em programação, um facilitador para a rápida concretização da ideia.

Plataforma Plinq Ajuda Mulheres a Ver Histórico Criminal de Namorados - Imagem do artigo original

Imagem: g1.globo.com

Embora a concepção inicial não tivesse fins puramente comerciais, a crescente demanda solidificou a Plinq como um empreendimento bem-sucedido. A empresa já faturou mais de R$ 250 mil e projeta atingir a impressionante marca de três milhões de usuárias ainda este ano. Sabrine atribui parte desse impulso a um questionamento de sua mãe: “Minha mãe virou pra mim e falou assim: ‘você trabalha com tecnologia, fica no computador o dia todo, será que não tem nada que dê pra fazer pra deixar essa informação mais acessível?'”

Especialistas em direito feminino, como a advogada Alessandra Abraão, reconhecem a relevância de municiar as mulheres com informações em casos de violência doméstica. Abraão salienta que o acesso a dados públicos representa um instrumento vital de proteção, especialmente no Brasil, onde o feminicídio persiste como uma realidade. Contudo, ela ressalta a importância de um uso responsável para evitar injustiças ou exposições indevidas.

A preocupação com a segurança das mulheres também reflete-se em iniciativas legislativas. No Paraná, está em tramitação na Assembleia Legislativa (Alep) um projeto que visa a criação do Cadastro Estadual de Condenados por violência doméstica e familiar. A proposta, de autoria do deputado Tito Barrichelo (União), busca oferecer mais um recurso de consulta sobre homens com histórico de agressão. Paralelamente, o Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP) já instituiu o Cadastro Nacional de Casos de Violência Doméstica e Familiar, restrito a membros do MP, mas crucial para formulação de políticas públicas e estratégias de prevenção. Dados do Ministério da Mulher, mostram o cenário de preocupação com a violência contra as mulheres no Brasil.

A urgência de iniciativas como a Plinq é corroborada pelas estatísticas. De janeiro a agosto de 2025 (seguindo a informação do artigo original), a Secretaria da Segurança Pública (SESP) do Paraná registrou 158.839 casos de violência contra a mulher. Desses, 48.110 foram especificamente casos de violência doméstica no mesmo período. Acesso rápido à informação pode ser um fator determinante para evitar crimes, como aponta Alessandra Abraão.

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A Plataforma Plinq representa um avanço significativo na autonomia e segurança feminina, oferecendo uma ferramenta prática para a verificação de antecedentes e minimizando riscos em relacionamentos. Em um contexto onde a informação é poder, soluções inovadoras como essa capacitam as mulheres a fazerem escolhas mais seguras. Para continuar a acompanhar outras análises sobre segurança e tecnologia, siga nossa editoria de análises e notícias.

Crédito da imagem: Reprodução Plinq / Arquivo pessoal

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