Planejamento de Herança: Conectando Gerações, diz Amy Osborne

Economia

O planejamento de herança é mais do que um cálculo financeiro; ele se configura como uma iniciativa estratégica para unir gerações e estabelecer legados duradouros. Amy Osborne, uma destacada executiva da Franklin Templeton com mais de quinze anos de experiência na formação de consultores financeiros globalmente, reitera que o grande desafio da sucessão patrimonial reside na capacidade de construir verdadeiras pontes entre os membros da família.

No cenário global atual, assistimos à maior transferência de riqueza da história, com estimativas superando a marca de US$ 100 trilhões a serem movimentados nas próximas décadas. Diante desse volume, o papel dos profissionais de finanças se transforma, adquirindo uma dimensão mais humana e menos técnica. Osborne sintetiza que a herança se vincula intrinsecamente ao afeto e à finalidade, superando a mera questão monetária. Para ela, a sucessão envolve, além dos bens, uma passagem de valores, delineando como cada grupo etário percebe o labor, a estabilidade financeira e o tipo de marca que deseja imprimir para o futuro.

Planejamento de Herança: Conectando Gerações, diz Amy Osborne

Ao abordar as diferentes gerações — dos Baby Boomers, notavelmente orientados à estabilidade e ao rendimento, aos Millennials e à Geração Z, que frequentemente buscam propósito e impacto em suas decisões — Amy Osborne ressalta que cada grupo expressa sua relação com o dinheiro de maneira distinta. O obstáculo central, conforme sua visão, é interpretar essas perspectivas variadas e cultivar o diálogo no âmbito familiar antes que a fortuna mude de mãos. Muitas vezes, essa conversa é evitada pelos próprios clientes, seja por desconforto ou pela carência de uma orientação adequada.

Em suas intervenções e formações, a executiva advoga que o planejador financeiro do porvir precisa ir além do conhecimento técnico; deve assumir os papéis de educador e conciliador em dinâmicas familiares. Isso implica facilitar discussões complexas, harmonizar expectativas diversas e preparar emocionalmente os herdeiros para o futuro financeiro que os aguarda. Para um planejamento eficiente da sucessão de bens, é fundamental compreender a sensibilidade e os potenciais conflitos inerentes ao processo.

Osborne participará do Congresso Internacional Planejar 2025, agendado para esta terça-feira, 4 de julho, na cidade de São Paulo (SP). Na ocasião, ela liderará a sessão intitulada “A conexão entre gerações: construindo pontes para o planejamento financeiro”. Seu objetivo no evento é apresentar metodologias práticas que auxiliem planejadores e famílias a transformar a herança em um espaço de diálogo contínuo e o patrimônio em um legado duradouro. A discussão aprofunda-se sobre as complexidades emocionais da transferência de riquezas, tema sobre o qual concedeu uma entrevista via e-mail ao portal InfoMoney.

Durante a entrevista, Amy Osborne reforçou a sua perspectiva de que a transferência de riqueza tem uma carga emocional tão significativa quanto a financeira. Segundo descobertas da Franklin Templeton, tanto as famílias quanto os profissionais da área financeira tendem a subestimar as camadas de complexidade emocional no processo de transição de bens. Ela explica que a questão transcende a mera movimentação de ativos, englobando intrincadas dinâmicas familiares, valores arraigados e diferentes expectativas.

Como exemplo prático, Osborne ilustra as distintas prioridades geracionais: enquanto os Baby Boomers focam intensamente na alocação de ativos e no desempenho dos investimentos, os Millennials, juntamente com a Geração Z, frequentemente direcionam suas escolhas para o investimento de impacto, alinhando suas carteiras financeiras com seus princípios éticos e valores pessoais. A percepção dessas nuances é essencial para a elaboração de planos financeiros verdadeiramente customizados.

Sobre as maiores divergências de mentalidade entre gerações em relação a dinheiro, propósito e legado, a especialista da Franklin Templeton observa que Baby Boomers são usualmente mais conservadores e inclinados à segurança patrimonial. Em contraste, Millennials e Geração Z demonstram maior abertura ao investimento socialmente responsável e buscam um alinhamento direto entre suas decisões financeiras e valores individuais. Entender essas diferenças é decisivo para que os consultores ofereçam uma assessoria pertinente. Estas são, entretanto, tendências amplas extraídas de dados, e as aspirações de cada pessoa podem divergir. Daí a importância, para a Franklin Templeton, de focar na compreensão detalhada de cada núcleo familiar de clientes.

Planejamento de Herança: Conectando Gerações, diz Amy Osborne - Imagem do artigo original

Imagem: infomoney.com.br

No sentido prático, construir pontes, para Amy, significa cultivar relações autênticas entre pais, filhos e herdeiros através da comunicação transparente e de encontros familiares regulares. Os planejadores podem atuar como facilitadores ao organizar reuniões com agendas claras, discutindo temas como a filosofia de investimento familiar, o planejamento para a terceira idade e moradia, e a elaboração de uma declaração de missão familiar. Tais encontros auxiliam no alinhamento das expectativas e fortalecem o senso de união familiar. A Franklin Templeton oferece suporte e recursos para que os consultores incentivem e conduzam esses diálogos com intencionalidade.

Questionada sobre o papel do planejador financeiro como “defensor da família”, equilibrando a consultoria técnica com a mediação emocional, Amy Osborne explicou que o equilíbrio advém de uma proficiência que une tanto os aspectos quantitativos quanto as sutilezas. Os consultores seguem ofertando alocação de ativos e planejamento estratégico, porém, com crescente frequência, também guiam as famílias em escolhas ligadas a propósito, cuidados, habitação e legado, além de coordenar os recursos que amparam essas decisões. Essa convergência entre orientação técnica e uma facilitação emocionalmente atenta garante que todas as vozes sejam escutadas, tópico que será debatido no Congresso Planejar 2025.

A respeito da importância das reuniões familiares para debater dinheiro e transferência de bens, Amy afirma que são momentos inestimáveis. Elas criam um espaço para o diálogo aberto, permitem o estabelecimento de expectativas claras e asseguram que todos os membros da família estejam em concordância sobre as resoluções financeiras e o legado que se busca. Quando as famílias não abordam tais discussões proativamente, podem surgir mal-entendidos e desavenças que afetam profundamente o ambiente familiar. A omissão dessas conversas cruciais é uma das principais fontes de discórdia durante o processo sucessório, mostrando a importância do papel mediador do planejador financeiro.

Finalmente, em um mundo cada vez mais digitalizado e influenciado pela inteligência artificial, a especialista foi questionada sobre o que permanecerá intrinsecamente humano e insubstituível na profissão do planejador financeiro. Amy Osborne salienta que o componente humano será irremovível. Os profissionais de finanças contribuem com atributos como empatia, compreensão e uma conexão pessoal genuína ao seu trabalho, qualidades indispensáveis para transitar pelo complexo terreno emocional que envolve a transferência de bens. A habilidade de orquestrar discussões familiares, captar necessidades singulares e prover aconselhamento personalizado manter-se-á como um ativo de valor inestimável para as famílias que buscam planejar seu futuro.

Confira também: Imoveis em Rio das Ostras

O planejamento de herança, conforme detalhado por Amy Osborne, transcende as finanças e se afirma como uma jornada de conexões, valores e propósito entre as gerações. Profissionais de finanças têm um papel crucial não só como consultores, mas também como facilitadores e mediadores das complexas relações familiares que permeiam a sucessão patrimonial. Para explorar mais sobre as dinâmicas do mercado e a importância da gestão inteligente de recursos, continue acompanhando outros artigos sobre economia e mercado financeiro em nosso portal.

Crédito da imagem: Divulgação/Franklin Templeton