PIB da Coreia do Sul Cresce 1,2% no Terceiro Trimestre

Economia

A economia da Coreia do Sul registrou um crescimento robusto no terceiro trimestre, superando as projeções e sendo fortemente impulsionada por uma alta notável no consumo doméstico e nas exportações. Segundo uma estimativa preliminar divulgada nesta terça-feira pelo Banco da Coreia, a quarta maior economia da Ásia apresentou uma expansão de 1,2% no período de julho a setembro, quando comparada aos três meses imediatamente anteriores.

Este desempenho representa uma aceleração significativa após o crescimento de 0,7% observado no segundo trimestre do ano. É importante notar que este avanço segue um período de retração, uma vez que a economia sul-coreana havia contraído 0,2% no primeiro trimestre. O resultado do terceiro trimestre surpreendeu positivamente o mercado, superando a mediana de crescimento de 0,9% prevista por uma pesquisa Reuters que consultou doze economistas.

PIB da Coreia do Sul Cresce 1,2% no Terceiro Trimestre

Os principais motores deste impulso econômico foram o consumo privado, que se expandiu em 1,3%, e o consumo do governo, que registrou alta de 1,2%. O setor privado, em particular, foi dinamizado por um aumento nas compras de automóveis e equipamentos de comunicação, além de uma expansão nos serviços, conforme detalhou a instituição bancária central. Além disso, as exportações tiveram um aumento expressivo de 1,5%, refletindo principalmente a força dos embarques de semicondutores e veículos automotores. As importações, por sua vez, cresceram 1,3%. Em contraste com os setores em alta, o investimento em construção apresentou uma leve queda de 0,1% no mesmo período.

Cenário Monetário e Projeções Econômicas

Em sua mais recente reunião, realizada na semana passada, o Banco da Coreia decidiu manter sua taxa de juros básica inalterada em 2,50%. A instituição justificou a decisão, mencionando uma “alta incerteza em relação às perspectivas de crescimento econômico”. Contudo, o Banco ressaltou que, apesar da cautela, a recuperação da economia continua a se consolidar, impulsionada de maneira significativa tanto pelo consumo interno quanto pelo desempenho das exportações.

Olhando para o futuro, o Banco da Coreia projeta um crescimento anual de 0,9% para o país no decorrer deste ano, um número que se situa ligeiramente abaixo da previsão de 1,0% estipulada pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), uma importante entidade global de análise econômica. Para o próximo ano, a OCDE prevê uma aceleração ainda maior, estimando que o crescimento da Coreia do Sul possa atingir 2,2%, com um impulso continuado advindo do fortalecimento do consumo e do mercado de trabalho.

Desafios Governamentais e Pressões de Comércio

O governo do presidente sul-coreano, Lee Jae-myung, que assumiu o cargo em junho, tem implementado uma série de medidas com o objetivo de estimular o consumo privado, que vinha demonstrando fraqueza. Como parte desses esforços, um orçamento extra de aproximadamente US$ 22 bilhões foi aprovado. Uma iniciativa central desse pacote de estímulo consistiu na distribuição de vouchers a todos os cidadãos, com valores que variavam de 150 mil a 500 mil wons (equivalente a cerca de US$ 110 a US$ 370) por pessoa, destinados especificamente para compras em pequenos estabelecimentos comerciais, incluindo restaurantes e lojas locais.

Entretanto, nos últimos meses, a economia sul-coreana tem enfrentado uma sombra de incerteza em virtude das tarifas impostas pelo governo do então presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. A questão da tensão comercial coincidiu com a visita de Trump à Coreia do Sul, ocorrida nesta semana para participar da cúpula da Cooperação Econômica Ásia-Pacífico (Apec), agendada na cidade de Gyeongju, no sul do país.

Durante sua extensa viagem pela Ásia, Trump também fez uma parada na Malásia para a cúpula dos países do sudeste asiático e, no momento da reportagem original, encontrava-se no Japão para uma reunião com a nova primeira-ministra do país, Sanae Takaichi. O presidente norte-americano tinha um encontro agendado com o presidente Lee Jae-myung para quarta-feira, embora as declarações de ambos os líderes apontassem para uma falta de definição em torno de um acordo anunciado em julho.

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Imagem: Jung Yeon-je via valor.globo.com

Controvérsia em Acordo Comercial e Preocupações Domésticas

O acordo preliminar estabelecido previa que Seul investiria a quantia substancial de US$ 350 bilhões nos Estados Unidos em troca de uma redução nas tarifas americanas sobre as importações sul-coreanas, de 25% para 15%. No entanto, com a falta de formalização deste acordo, as montadoras da Coreia do Sul enfrentam um cenário de desvantagem significativa, uma vez que permanecem sujeitas a tarifas de 25%, em contraste com as empresas japonesas que já desfrutam da tarifa mais baixa de 15%.

Em uma entrevista concedida à Bloomberg News na semana anterior, o presidente Lee expressou claramente os pontos de divergência. Ele afirmou: “O método de investimento, o valor do investimento, o cronograma e como compartilharemos as perdas e dividiremos os lucros – tudo isso continua sendo um ponto de divergência”. Em contraponto, ao partir para a Ásia, o então presidente Trump assegurou aos repórteres que o acordo estava “bem perto de ser finalizado”.

Desde o anúncio inicial em julho, autoridades sul-coreanas têm manifestado crescente preocupação de que o montante de US$ 350 bilhões proposto seja superior à capacidade financeira do país e que tal investimento poderia precipitar um desequilíbrio significativo nas finanças nacionais. O presidente Lee, em pronunciamento feito no mês passado, chegou a comparar um gasto dessa magnitude aos impactos devastadores sofridos pela economia do país durante a crise financeira asiática de 1997-1998, um período que resultou em perdas massivas de empregos e que ainda é recordado como uma fonte de trauma histórico profundo na Coreia do Sul.

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Em síntese, o desempenho positivo do PIB da Coreia do Sul no terceiro trimestre de 2024 demonstra a resiliência de sua economia, apesar das complexas negociações comerciais e incertezas políticas. Este avanço, liderado pelo consumo interno e pelas exportações, projeta um otimismo cauteloso para os próximos períodos, ainda que as tensões comerciais e os desafios de investimento permaneçam no horizonte. Para mais análises aprofundadas sobre economia global e o desenvolvimento de países emergentes, visite a seção de Economia em Horadecomecar.com.br/categoria/economia/.

Crédito da imagem: N/A (não especificado no artigo original)

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