Petro Acusa EUA: Soberania da Colômbia Violada, Pescador Morto

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O presidente da Colômbia, Gustavo Petro, fez sérias acusações contra os Estados Unidos no último sábado, 18 de maio, declarando que o país norte-americano teria violado a soberania das águas colombianas. Além da transgressão territorial, Petro alegou que militares dos EUA foram responsáveis pela morte de um pescador em meio à sua campanha antidrogas no Caribe, uma área onde Washington intensifica suas operações militares próximas à Venezuela.

A denúncia foi feita pelo líder colombiano em sua conta oficial na rede social X, onde ele especificou a natureza das alegações. “Funcionários do governo dos Estados Unidos cometeram um assassinato e violaram nossa soberania em águas territoriais. O pescador Alejandro Carranza não tinha vínculos com o narcotráfico e sua atividade diária era pescar”, afirmou o presidente, reiterando a gravidade do incidente e a inocência do cidadão colombiano.

Petro Acusa EUA: Soberania da Colômbia Violada, Pescador Morto

O governo colombiano, de orientação de esquerda, tem manifestado publicamente seu descontentamento com a presença militar dos Estados Unidos na região do Caribe. Desde agosto, navios e aeronaves de guerra estadunidenses têm atuado nas proximidades das águas venezuelanas, com o objetivo declarado de combater o tráfico de drogas originário da América Latina. As incursões militares na região geram um ambiente de tensão e preocupação sobre o respeito à soberania de nações como a Colômbia.

Detalhes específicos sobre o episódio foram fornecidos por Petro. Segundo o presidente, a embarcação colombiana em que Alejandro Carranza se encontrava estava em situação de avaria. “A lancha colombiana estava à deriva e com o sinal de avaria ativado devido a um motor com problemas. Esperamos explicações do governo dos Estados Unidos”, complementou Petro em sua postagem, deixando claro que aguarda um posicionamento e justificativas de Washington.

Alejandro Carranza, o pescador que faleceu, teria perdido a vida em meados de setembro, durante uma das ações militares dos Estados Unidos no Caribe colombiano. Esta versão foi apresentada por um familiar da vítima, que compartilhou seu depoimento com o presidente Gustavo Petro, adicionando um rosto humano e uma história pessoal à complexa questão geopolítica.

Em uma entrevista ao canal público RTVC Notícias, Audenis Manjarres, parente de Carranza, descreveu o drama da família. “Alejandro Carranza é pescador, fomos criados em famílias de pescadores (…) não é justo que o tenham bombardeado dessa maneira. Uma pessoa inocente que sai para buscar o pão de cada dia”, declarou Manjarres, enfatizando a rotina simples e honesta da vítima e a brutalidade do ocorrido, questionando a justiça da operação militar.

Em contrapartida, a Marinha dos Estados Unidos divulgou dados sobre suas ações na região. Segundo as informações da instituição, pelo menos 27 indivíduos que seriam supostos narcotraficantes foram mortos em um total de seis ataques direcionados a embarcações desde o início de setembro. Estes números ressaltam a intensidade e a letalidade das operações norte-americanas na campanha antidrogas.

Audenis Manjarres revelou ainda ter identificado a embarcação de Carranza em vídeos divulgados pela imprensa internacional em 15 de setembro, que registravam um ataque militar em alto-mar. O familiar disse ter tido o último contato com a vítima no dia anterior ao incidente, às 5h00, horário local. O temor na comunidade pesqueira se tornou palpável após o acontecimento; “Os pescadores pararam de sair para trabalhar por medo de bombardeios”, acrescentou Manjarres, que reside na cidade costeira de Santa Marta.

Crescimento da Tensão Diplomática entre Colômbia e Estados Unidos

Além do incidente fatal, outro ataque militar dos EUA resultou na repatriação de um sobrevivente colombiano em estado de saúde grave, que estava em um suposto narco-submarino. Segundo o Ministério do Interior colombiano, o cidadão de 34 anos e um equatoriano estavam a bordo de uma embarcação que foi bombardeada, e o ataque resultou na morte de outras duas pessoas, conforme afirmou o então presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.

“Ele chegou com traumatismo craniano, sedado, dopado e respirando por aparelhos”, detalhou o ministro do Interior, Armando Benedetti, descrevendo a crítica condição do sobrevivente. Apesar do estado, o ministro indicou que o homem será processado. “Será processado porque supostamente é um criminoso que traficava drogas”, acrescentou Benedetti, apontando para a presunção de culpa do sobrevivente mesmo em grave estado de saúde.

Gustavo Petro e os Estados Unidos mantêm uma relação caracterizada por tensões diplomáticas. Apesar de serem parceiros comerciais proeminentes, as diferenças políticas, especialmente sob a administração de Petro, que se opõe a muitas das políticas norte-americanas na região, geram atritos significativos. A atuação militar dos EUA no Caribe tem sido um dos pontos de discórdia. Para uma compreensão mais ampla sobre a dinâmica da política externa americana, é útil consultar fontes confiáveis como o Council on Foreign Relations, que oferece análises aprofundadas sobre a política externa dos EUA.

Donald Trump, em declarações anteriores, afirmou que o narco-submarino em questão estava carregado com fentanil e outras substâncias ilícitas. Na ocasião, o ex-presidente dos EUA também mencionou que “os dois terroristas sobreviventes serão devolvidos aos seus seus países de origem, Equador e Colômbia, para serem detidos e julgados”, solidificando a perspectiva de criminalização dos indivíduos resgatados.

Até o momento, não houve um pronunciamento oficial por parte do governo do presidente equatoriano, Daniel Noboa, a respeito da situação do cidadão do Equador envolvido nos incidentes. A falta de manifestação aumenta o suspense sobre as ações diplomáticas e judiciais futuras envolvendo os dois países latino-americanos.

A legalidade desses ataques, especialmente quando a força letal é empregada em águas internacionais contra indivíduos suspeitos que não foram formalmente detidos ou interrogados, é um tema de debate acalorado entre especialistas em direito internacional e direitos humanos. Essas operações levantam questionamentos cruciais sobre as normas de conduta em missões transnacionais de combate ao narcotráfico e o respeito aos princípios da soberania nacional.

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Este grave episódio, em que o presidente Gustavo Petro denuncia a violação da soberania colombiana e a morte de um pescador por forças dos EUA, ilustra as complexidades e as crescentes tensões nas relações internacionais da Colômbia. Continuaremos acompanhando de perto os desdobramentos diplomáticos e as investigações para trazer mais informações sobre este incidente. Para mais análises sobre política e relações internacionais, explore a seção de Política em nosso portal.

Crédito da imagem: lv/nn/fp Agence France-Presse

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