Artigos Relacionados

📚 Continue Lendo

Mais artigos do nosso blog

PUBLICIDADE

Pesquisadores: EUA e Rússia Convergem para Subverter Democracia

Pesquisadores: EUA e Rússia Convergem para Subverter Democracia Uma nova perspectiva sobre a geopolítica contemporânea emerge de estudos franceses, que apontam para uma convergência alarmante nas táticas utilizadas por Rússia e Estados Unidos para desestabilizar as democracias liberais. As conclusões dos especialistas franceses Maud Quessard e Maxime Audinet sugerem que os Estados Unidos não podem […]

Pesquisadores: EUA e Rússia Convergem para Subverter Democracia

Uma nova perspectiva sobre a geopolítica contemporânea emerge de estudos franceses, que apontam para uma convergência alarmante nas táticas utilizadas por Rússia e Estados Unidos para desestabilizar as democracias liberais. As conclusões dos especialistas franceses Maud Quessard e Maxime Audinet sugerem que os Estados Unidos não podem mais ser considerados aliados inquestionáveis de democracias liberais como o Brasil e a França, uma vez que suas abordagens de comunicação e manipulação da opinião pública, especialmente sob a administração de Donald Trump, espelham as estratégias frequentemente associadas ao Kremlin.

Maud Quessard, diretora de Estudos Transatlânticos do prestigiado Instituto de Pesquisas Estratégicas da Escola Militar de Paris (Irsem), órgão vinculado ao Ministério das Forças Armadas da França, enfatiza a crescente semelhança: “Rússia e Estados Unidos convergem nas narrativas que usam e nas tentativas de subverter a democracia liberal”. Este posicionamento sublinha um ponto de virada complexo para as nações liberais, principalmente na Europa, que historicamente se beneficiaram de uma parceria sólida com os EUA, não só através da OTAN.

Pesquisadores: EUA e Rússia Convergem para Subverter Democracia

Para Quessard, a base da confiança foi abalada quando um “aliado não compartilha mais os seus valores”. A falta de uma visão compartilhada sobre a própria definição de democracia torna impossível sustentar a confiança mútua e a parceria efetiva, configurando um dilema desafiador para nações que dependiam dessa aliança.

Desafios à Democracia Liberal Global

Maxime Audinet, colega de Quessard no Irsem e especialista em política russa, corrobora essa análise, destacando que tanto a Rússia quanto os EUA rejeitam a concepção da democracia liberal como o sistema político mais eficaz. Ambos se opõem aos valores progressistas, rotulados pejorativamente como “woke”, ainda que com nuances distintas em suas justificativas. Na Rússia, os valores tradicionais desempenham um papel central, apoiados pela Igreja Ortodoxa, enquanto nos EUA, o movimento cristão conservador serve como pilar fundamental.

Esta mudança na paisagem geopolítica não se restringe a potências maiores. A pesquisadora Maud Quessard adverte sobre o potencial de operações de influência dos Estados Unidos em território brasileiro, especialmente durante os períodos eleitorais presidenciais. A significativa parcela da sociedade brasileira, particularmente entre os evangélicos conservadores que se alinham às políticas defendidas por Donald Trump, cria um terreno fértil para possíveis tentativas de manipulação da opinião pública por parte dos EUA. Quessard e Audinet, aliás, estiveram recentemente no Brasil, onde discutiram a influência russa e norte-americana com representantes da sociedade civil, do governo e de instituições acadêmicas, ressaltando a relevância global dessas dinâmicas.

Estratégias Distintas, Objetivos Convergentes

Embora Rússia e EUA partilhem objetivos semelhantes na desestabilização da democracia liberal, suas metodologias para amplificar suas mensagens diferem. A Rússia, com anos de experiência em operações de influência, utiliza estatais como a RT e a Sputnik, além de uma robusta rede de propaganda. Os Estados Unidos, por outro lado, capitalizam a aliança com as influentes big techs, dominando grande parte da infraestrutura global de comunicação para impulsionar suas narrativas. Quessard ressalta que essa “parceria entre Trump e as grandes empresas de tecnologia é que elas podem espalhar ou aumentar o alcance de informações por toda parte concorrendo com os chineses”, uma vantagem significativa no cenário digital. A especialista do Irsem alerta que “vivemos em uma era em que a democracia liberal tem que lutar não apenas contra regimes autoritários, mas também contra democracias iliberais. Essa é a ameaça que os EUA representam agora — materializada pelo uso e a instrumentalização da desinformação, com narrativas e infraestrutura”.

Pesquisadores: EUA e Rússia Convergem para Subverter Democracia - Imagem do artigo original

Imagem: www1.folha.uol.com.br

Em vez de fortalecerem seus próprios veículos de projeção de influência no exterior, como a Voice of America e a Radio Free Europe, o governo de Trump desmantelou essas instituições, acusando-as de serem contaminadas pela “cultura woke”. Similarmente, o então secretário de Estado, Marco Rubio, fechou o Escritório de Engajamento Global, criado em 2016 com o propósito de combater a desinformação e campanhas de influência estrangeiras. Tais ações enfraqueceram as defesas contra manipulações externas, enquanto abriam portas para que as próprias ferramentas internas de disseminação fossem instrumentalizadas.

A Nuance da Propaganda Russa

A habilidade russa na personalização de suas mensagens propagandísticas é notável, segundo Audinet. Ele aponta o “anticolonialismo” como uma retórica de política externa russa que ressurgiu com força desde a invasão da Ucrânia, expandindo uma mensagem já utilizada pelo grupo Wagner na África desde 2019. Essa narrativa busca apresentar a Rússia como apoiadora da soberania de muitos países do Sul global contra um suposto “neocolonialismo ocidental” ainda vigente. A “ideia é dizer que a Rússia está apoiando essa nova tentativa de muitos países do Sul serem mais soberanos para rejeitar o neocolonialismo ocidental que ainda prevalece”, afirma Audinet. O pesquisador adverte, no entanto, para a omissão do Kremlin sobre seu próprio histórico de colonialismo e imperialismo no espaço pós-soviético, focando a retórica em outras regiões. Para uma compreensão mais profunda sobre os desafios à democracia liberal global e os efeitos da desinformação na política global, recomendamos a leitura de publicações especializadas sobre o tema, como a discussão apresentada em A Ordem Liberal em Crise: Cinco Desafios à Democracia Liberal, do Council on Foreign Relations.

Confira também: crédito imobiliário

Em suma, a pesquisa dos franceses Maud Quessard e Maxime Audinet oferece uma análise crítica sobre a convergência das estratégias de influência entre Estados Unidos e Rússia, alertando para os riscos à democracia liberal global. É essencial que os leitores compreendam essas dinâmicas complexas para discernir os desafios enfrentados pelo cenário político internacional e nacional. Para continuar acompanhando as análises sobre o impacto dessas questões na política global e brasileira, visite nossa seção de Política e aprofunde seu conhecimento sobre os desdobramentos atuais.

Crédito da imagem: Kevin Lamarque/REUTERS

Links Externos

🔗 Links Úteis

Recursos externos recomendados

Leia mais

PUBLICIDADE

Plataforma de Gestão de Consentimento by Real Cookie Banner