A situação de intoxicação por metanol em Pernambuco continua sob intensa vigilância das autoridades de saúde. De acordo com o último boletim da Secretaria Estadual de Saúde (SES), divulgado na noite desta terça-feira, dia 7, foram adicionados dois novos registros suspeitos à lista. Com estas novas ocorrências, o número de casos em apuração atualmente no estado eleva-se para 28. No total, Pernambuco já contabilizou 31 notificações de possíveis intoxicações relacionadas à substância desde o início dos registros.
Os novos casos envolvem uma mulher de 33 anos, residente do município de Jaboatão dos Guararapes, na Região Metropolitana do Recife, e um homem de 29 anos, que vive em Quipapá, na Mata Sul do estado. O paciente de Quipapá foi prontamente atendido em uma unidade de saúde em Caruaru, localizada no Agreste pernambucano, e já recebeu alta hospitalar, demonstrando recuperação de seu quadro de saúde. A mulher de Jaboatão dos Guararapes, no entanto, permanece internada em um hospital da mesma cidade, com seu estado de saúde sendo monitorado continuamente pela equipe médica.
Pernambuco registra 28 casos sob investigação por metanol
Até o presente momento, a SES descartou oficialmente três casos que estavam sob suspeita de intoxicação por metanol. Dentre eles, estão um atendimento médico registrado em Gravatá, cidade também no Agreste; uma ocorrência em Carpina, localizada na Zona da Mata; e um lamentável registro de óbito em Paudalho, outra cidade da Zona da Mata. Apesar dos casos descartados, o número total de mortes que podem ter alguma associação com a ingestão de metanol se mantém em quatro. Dessas, três seguem em minuciosa investigação pelas autoridades competentes: duas em Lajedo e uma em João Alfredo, cujas causas definitivas ainda aguardam elucidação.
A rede de hospitais e unidades de saúde de Pernambuco está atualmente prestando cuidados a oito pacientes que se encontram internados sob suspeita de intoxicação. Em contrapartida, um número significativo de 14 indivíduos que foram afetados por suspeitas da mesma condição já receberam alta hospitalar após concluírem seus respectivos tratamentos. Além disso, três pacientes, por decisão própria, deixaram os hospitais sem que houvesse uma recomendação médica formal para sua desospitalização.
O Recife, capital do estado, ainda se destaca como a cidade com a maior concentração de ocorrências suspeitas, totalizando sete registros em análise. Em um cenário preocupante, as cidades de Lajedo, situada no Agreste, e Olinda, na Região Metropolitana, seguem a capital com três registros de intoxicação sob investigação cada uma. A dispersão geográfica desses casos acende um alerta para a necessidade de fiscalização e vigilância sanitária em todo o território estadual.
Para fornecer uma visão detalhada, a Secretaria Estadual de Saúde (SES/PE) divulgou a lista completa das cidades com casos notificados. Este panorama inclui: Carpina (2 casos notificados, 1 descartado, 1 em investigação), Caruaru (1 notificado, 0 descartado, 1 em investigação), Cedro (1 notificado, 0 descartado, 1 em investigação), Flores (1 notificado, 0 descartado, 1 em investigação), Gravatá (1 notificado, 1 descartado, 0 em investigação), Jaboatão dos Guararapes (1 notificado, 0 descartado, 1 em investigação), João Alfredo (2 notificados, 0 descartado, 2 em investigação), Lagoa do Ouro (1 notificado, 0 descartado, 1 em investigação), Lajedo (3 notificados, 0 descartado, 3 em investigação), Olinda (3 notificados, 0 descartado, 3 em investigação), Paudalho (1 notificado, 1 descartado, 0 em investigação), Recife (7 notificados, 0 descartado, 7 em investigação), Quipapá (1 notificado, 0 descartado, 1 em investigação), Mirandiba (1 notificado, 0 descartado, 1 em investigação), Jupi (1 notificado, 0 descartado, 1 em investigação), Jaboatão (1 notificado, 0 descartado, 1 em investigação), Serrita (1 notificado, 0 descartado, 1 em investigação), Maceió (1 notificado, 0 descartado, 1 em investigação) e São Paulo (1 notificado, 0 descartado, 1 em investigação). Note-se que a notificação de Maceió e São Paulo indica atendimentos de pessoas oriundas de outras localidades no sistema de saúde de Pernambuco.
Vigilância intensifica combate à produção irregular de bebidas
Em uma operação de combate à irregularidade, ocorrida na mesma terça-feira (7), a Agência Pernambucana de Vigilância Sanitária (Apevisa) agiu no município de Vitória de Santo Antão, localizado na Zona da Mata do estado. A ação resultou na interdição de dois estabelecimentos clandestinos dedicados à produção de bebidas alcoólicas. Foi constatado que um dos locais era responsável pela higienização inadequada e fora dos padrões sanitários de garrafas, enquanto o outro realizava a industrialização clandestina de cachaça. Amostras dos produtos encontrados nesses estabelecimentos foram coletadas para análise laboratorial, com o objetivo de identificar possíveis contaminações e a presença de substâncias prejudiciais, como o metanol, frequentemente associado à adulteração de bebidas.
A atenção das autoridades para os perigos do metanol não é recente, dado o histórico de casos. Celso da Silva, de 43 anos, residente de Lajedo, no Agreste, foi um dos pacientes que evidenciam a gravidade da intoxicação; ele deu entrada no Hospital Mestre Vitalino (HMV), em Caruaru, em 2 de setembro e veio a óbito no dia 9 do mesmo mês. Outro morador de Lajedo, Jonas da Silva Filho, de 25 anos, faleceu na madrugada de 29 de agosto, antes mesmo de conseguir ser transferido para o HMV. Marcelo dos Santos Calado, também de Lajedo, com 32 anos, internado em 4 de setembro, recebeu alta em 23 de setembro, mas infelizmente sofreu a perda permanente da visão. Ronaldo de Lima Melo, de 30 anos, natural de João Alfredo, no Agreste, foi internado em 26 de setembro no HMV e não resistiu, falecendo em 30 de setembro.
Outras vítimas de intoxicação incluem um homem de 58 anos do Recife, internado em uma unidade de saúde cujos detalhes não foram divulgados; uma mulher de 35 anos de Olinda, que precisou ser hospitalizada após consumir vodca e apresentar náuseas, vômitos, forte dor de cabeça e visão turva; e uma mulher de 26 anos de São Paulo, internada em Ipojuca, na Região Metropolitana do Recife, depois de ingerir gin e relatar dormência nas mãos, pés e formigamento na boca.

Imagem: g1.globo.com
Entre os demais casos, registrou-se também uma mulher de 33 anos, residente do Cedro, no Sertão, que após beber cachaça, foi internada com taquicardia, visão turva e dor de cabeça. Um homem de 33 anos, morador de Lagoa do Ouro, no Agreste, também está internado na unidade hospitalar de Caruaru. Um homem de 46 anos, também de Caruaru, está recebendo cuidados. A lista se estende a um homem de 20 anos, de Carpina, na Zona da Mata Norte do estado, que se encontra internado, e um homem de 36 anos de Maceió, Alagoas, que foi atendido em Garanhuns, no Agreste pernambucano, e já teve alta hospitalar.
Em paralelo a essas investigações, a prefeitura de Olinda, no sábado (5), divulgou estar apurando o caso de uma mulher de 45 anos, moradora do bairro de Rio Doce. A paciente apresentou dores de cabeça e abdominais, além de visão turva, após consumir uma caipirinha com vodca em um bar da orla. A SES não especificou gênero e idade nos novos boletins, impossibilitando a confirmação se este caso em Olinda está entre os dois novos registros. Até sábado (5), a mulher permanecia com visão turva, mas estava recebendo tratamento em casa, após atendimento inicial na Fundação Altino Ventura, instituição especializada em oftalmologia.
Entenda os riscos e a gravidade da intoxicação por metanol
Pernambuco assumiu uma posição de destaque preocupante ao se tornar o segundo estado no Brasil a notificar possíveis casos de intoxicação por metanol. Essa substância química, apesar de apresentar características semelhantes ao etanol – o álcool comum encontrado em bebidas alcoólicas –, possui um potencial devastador para o organismo humano, causando danos extremamente graves e, por vezes, irreversíveis. As consequências de uma intoxicação por metanol podem incluir a perda permanente da visão, disfunção renal e até a falência múltipla dos órgãos, um quadro clínico que pode, lamentavelmente, levar ao óbito. Para mais informações detalhadas sobre os riscos associados à ingestão de metanol, a população pode consultar o Ministério da Saúde, uma fonte oficial e confiável.
As autoridades sanitárias, por meio das investigações em andamento, nutrem fortes suspeitas de que o metanol esteja sendo empregado na adulteração clandestina de bebidas alcoólicas, especialmente destilados de alto consumo, como uísque, vodca, conhaque e cachaça. Entretanto, a Vigilância Sanitária de Pernambuco alerta que nenhum tipo de bebida está imune a este tipo de falsificação. Diante dessa realidade alarmante, a Secretaria de Saúde orienta com veemência que qualquer paciente que venha a apresentar sintomas incomuns após a ingestão de álcool, como náuseas, vômitos persistentes, dor de cabeça intensa, alterações visuais como visão turva ou outros sinais de mal-estar, deve procurar imediatamente um serviço de pronto atendimento, a exemplo das Unidades de Pronto Atendimento (UPAs).
Nesses locais, profissionais de saúde qualificados realizarão a avaliação dos sintomas e, em casos considerados mais graves, os pacientes serão transferidos com urgência para hospitais de referência, onde poderão receber o tratamento especializado e o monitoramento intensivo necessários para combater os efeitos agudos da intoxicação por metanol, visando minimizar os danos e salvar vidas.
Confira também: crédito imobiliário
Este cenário de investigações rigorosas e a intensificação das ações de fiscalização reforçam a criticidade da cautela no consumo de bebidas e a necessidade de se buscar fontes confiáveis. Para se manter atualizado sobre questões de saúde pública, vigilância sanitária e outras notícias pertinentes à sua região e ao estado, explore nossa editoria de Cidades, onde você encontra as últimas informações para estar sempre bem-informado.
Crédito da imagem: Foto: TV Globo/Reprodução
🔗 Links Úteis
Recursos externos recomendados