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Perdas econômicas na Europa dobram por clima extremo

As perdas econômicas na Europa atribuídas às crescentes adversidades climáticas mais que duplicaram na última década. Um estudo recente aponta que os danos financeiros decorrentes de eventos climáticos extremos entre 2020 e 2023 superaram substancialmente aqueles registrados em todo o período anterior, entre 2010 e 2019, evidenciando o custo da deterioração ecossistêmica e da crescente […]

As perdas econômicas na Europa atribuídas às crescentes adversidades climáticas mais que duplicaram na última década. Um estudo recente aponta que os danos financeiros decorrentes de eventos climáticos extremos entre 2020 e 2023 superaram substancialmente aqueles registrados em todo o período anterior, entre 2010 e 2019, evidenciando o custo da deterioração ecossistêmica e da crescente escassez de recursos hídricos para as atividades empresariais.

Dados divulgados pela Agência Europeia do Meio Ambiente (EEA) nesta segunda-feira (29) revelam uma elevação drástica. As perdas anuais médias na União Europeia, relacionadas ao aumento da intensidade de ondas de calor, inundações e outras manifestações climáticas severas, atingiram o patamar de 44,5 bilhões de euros (equivalente a R$ 277,9 bilhões) no período de 2020 a 2023. Este valor representa um incremento de duas vezes e meia em comparação com a média anual observada entre 2010 e 2019.

Perdas econômicas na Europa dobram por clima extremo

O relatório detalha a profunda interdependência econômica com os recursos naturais. Quase 75% das empresas envolvidas na produção de bens e serviços na zona do euro, de acordo com o levantamento da EEA, dependem “altamente” de, pelo menos, um ecossistema natural. O documento aponta ainda que 75% dos empréstimos bancários são direcionados a negócios que utilizam recursos naturais para operar, e aproximadamente 15% dos ativos industriais europeus estão localizados em áreas de planícies aluviais, suscetíveis a inundações frequentes. Esse cenário de vulnerabilidade ambiental eleva os riscos para a competitividade e a estabilidade econômica de longo prazo da região, impactando diretamente a qualidade de vida e a segurança dos seus habitantes.

Em entrevista concedida ao renomado jornal Financial Times, Leena Ylä-Mononen, diretora executiva da EEA, expressou preocupação. Ela destacou que a natureza enfrenta degradação contínua, superexploração de recursos e perda de biodiversidade. Simultaneamente, observa-se uma acentuada aceleração das mudanças climáticas, fatores que, segundo ela, “representam riscos importantes para a competitividade da Europa, sua prosperidade de longo prazo, segurança e qualidade de vida”. Essas observações sublinham a necessidade de ações coordenadas para mitigar os efeitos da crise climática no continente. Mais informações sobre os impactos podem ser encontradas em relatórios econômicos internacionais, como os publicados pelo Financial Times.

O continente europeu se destaca como a região de maior aquecimento global. Temperaturas cada vez mais elevadas resultam em padrões climáticos acentuadamente mais voláteis, intensificando a ocorrência de incêndios florestais e eventos de inundação em diversas localidades. Tal cenário coloca a Europa na vanguarda dos desafios impostos pela alteração climática, exigindo respostas rápidas e eficazes para proteger suas comunidades e economias. As mudanças na dinâmica atmosférica impulsionam a necessidade de resiliência e adaptação em todos os setores.

A pesquisa da EEA surge em um momento crucial, enquanto os governos dos países membros da União Europeia debatem a instituição de uma meta legalmente vinculativa. Essa meta ambiciona uma redução de 90% nas emissões de gases de efeito estufa até o ano de 2040, tendo como referência os níveis de 1990. Entretanto, a discussão não é consensual: nações como a França e a Polônia já manifestaram a necessidade de que os líderes europeus aprofundem o debate sobre essa meta em outubro, argumentando que a celeridade da transição energética e ambiental poderá impor um ônus significativo sobre suas economias, muitas das quais já enfrentam fragilidades.

Para atenuar os possíveis impactos econômicos decorrentes da implementação dessa ambiciosa agenda climática, a Comissão Europeia fez uma sugestão que gerou controvérsia. Foi proposta a contabilização de cerca de 3% das reduções de emissões através da aquisição de créditos de carbono em mercados internacionais. Contudo, essa recomendação foi apresentada contrariando a posição do conselho consultivo científico da própria União Europeia, que historicamente tem defendido abordagens mais diretas e internas para a descarbonização.

Recentemente, a União Europeia deixou expirar o prazo estipulado para a apresentação de uma meta formal de redução de emissões para 2035 à Organização das Nações Unidas (ONU), um passo preparatório para a conferência climática agendada para este ano no Brasil. Em vez de uma meta concreta, o bloco europeu enviou uma “nota promissória”, um compromisso formal indicando que apresentará uma meta final entre 66,25% e 72,5%. Tal postura gerou críticas acaloradas de ativistas climáticos, que alegam que a UE estaria perdendo sua posição de liderança internacional nas iniciativas de combate às mudanças climáticas.

Ylä-Mononen, a diretora executiva da agência ambiental, corroborou o sentimento de insatisfação, afirmando que essa falha “não transmite o sinal correto”. Ela sublinhou que as metas climáticas da UE estão ameaçadas não apenas por pressões políticas. O relatório aponta que os sumidouros naturais de carbono do bloco, como florestas e turfeiras, sofreram uma redução de aproximadamente 30% na última década, comprometendo sua capacidade vital de absorção de carbono e dificultando os esforços para equilibrar as emissões de gases de efeito estufa.

A EEA também ressaltou o problema do estresse hídrico, uma condição em que a demanda por água ultrapassa sua disponibilidade. Este fenômeno afeta aproximadamente um terço da população europeia. O relatório enfatiza que a agricultura é a atividade “responsável pela pressão mais significativa tanto sobre as águas superficiais quanto subterrâneas” no continente, demandando soluções sustentáveis para a gestão dos recursos hídricos.

Confira também: artigo especial sobre leis e valortrabalhista

As crescentes perdas econômicas na Europa, causadas diretamente pela intensificação das mudanças climáticas e pela degradação ambiental, sublinham a urgência de uma reavaliação estratégica das políticas continentais. A dependência de ecossistemas naturais para a prosperidade empresarial e a fragilidade dos sumidouros de carbono exigem uma resposta robusta e imediata para salvaguardar o futuro do continente. Para mais análises e notícias sobre os desafios econômicos e ambientais da União Europeia, convidamos você a continuar navegando pela nossa editoria de Economia.

Crédito da imagem: Charles Caby – 15.abr.25/AFP

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