Os pedidos de recuperação judicial no agro registraram um salto expressivo no terceiro trimestre de 2024. Atingindo uma elevação de 147,2% em comparação com o mesmo período do ano anterior, o setor demonstra uma deterioração contínua da saúde financeira dos produtores rurais, conforme dados divulgados pela Serasa Experian na última segunda-feira.
De julho a setembro, o volume de solicitações somou 628 requerimentos, marcando a maior quantidade registrada desde o início da série histórica monitorada pela Serasa Experian em 2021. Embora os dados de 2024 já viessem superando os do ano passado de forma recorrente, a crise no setor se aprofundou consideravelmente no terceiro trimestre, visto que no segundo trimestre o aumento em relação ao ano anterior havia sido de 31,7%.
Analisando o contexto da recente escalada, o relatório da Serasa Experian descreve o período como “desafiador”, conforme apontado por Marcelo Pimenta, head de agronegócio da empresa. O especialista ressaltou que a situação é especialmente crítica para os agentes do setor que, ao longo dos anos, têm optado por rolar dívidas sem implementar os ajustes fundamentais necessários. Entre as ações negligenciadas, destacam-se a redução de custos operacionais, a reavaliação de patrimônio e o encerramento de expansões que não foram bem planejadas, perpetuando desequilíbrios financeiros.
Pedidos de Recuperação Judicial no Agro Disparam 147% no 3T
Apesar de o Brasil ter colhido mais uma safra recorde de grãos neste ano e de as projeções iniciais para a temporada 2025/2026 indicarem uma colheita igualmente volumosa, este cenário produtivo não tem sido suficiente para garantir a estabilidade econômica. Conforme amplamente discutido, a dinâmica de preços tem sido adversa para os agricultores. As cotações de grãos em declínio, somadas à elevação dos custos de insumos e das taxas de juros — mesmo diante de subsídios governamentais — têm comprimido as margens de lucro dos produtores. Este aperto nas finanças se manifesta desde a safra 2023/2024, gerando desequilíbrios que se acumulam e intensificam, transformando-se em uma “bola de neve” de endividamento.
O estudo conduzido pela Serasa Experian para monitorar as recuperações judiciais no agronegócio engloba uma vasta gama de solicitantes. O acompanhamento considera tanto os pedidos formalizados por produtores rurais que atuam como pessoas físicas quanto os efetuados por empresas agrícolas, providenciando uma visão abrangente sobre as vulnerabilidades financeiras que afetam distintos perfis de empreendimentos do setor primário.
No segmento de pessoas físicas, os pedidos de recuperação judicial também refletiram o agravamento da crise. No terceiro trimestre de 2024, foram registradas 255 requisições de produtores, um acréscimo de 140% na comparação com o mesmo período de 2023. Entre as categorias analisadas, a maior parte das solicitações (84) partiu de produtores rurais classificados como arrendatários ou pertencentes a grupos econômicos e familiares. Em seguida, figuraram os grandes proprietários, com 69 requerimentos, os pequenos produtores, que apresentaram 58 pedidos, e, por fim, os médios produtores, com 44 solicitações de recurso à recuperação judicial.
No que tange às pessoas jurídicas, as empresas agrícolas acompanharam a tendência de alta acentuada. O período entre julho e setembro de 2024 computou 242 pedidos de recuperação judicial provenientes destas empresas, evidenciando uma alta de 163% em relação ao terceiro trimestre do ano anterior. Esse crescimento demonstra que o impacto financeiro adverso atinge em cheio tanto as estruturas empresariais menores quanto as maiores dedicadas à produção primária.

Imagem: infomoney.com.br
O panorama se estende ainda a outros elos da cadeia do agronegócio. O total de requisições inclui um contingente relevante de empresas que prestam serviços ou fornecem insumos para o setor. Foram 131 pedidos de recuperação judicial feitos por essas entidades no terceiro trimestre, um aumento de 134% em comparação com o mesmo período de 2023. Isso salienta que a crise financeira se propaga para além da produção principal, atingindo distribuidores e parceiros.
Entre os segmentos que mais buscaram por reestruturação judicial, destacou-se o de Comércio atacadista de produtos agropecuários primários, registrando 31 pedidos. Em sequência, aqueles com o maior número de registros incluem a Indústria de processamento de agroderivados, abarcando produtos como óleo e farelo de soja, açúcar, etanol, laticínios e outros, que somou 27 solicitações. A Agroindústria da transformação primária aparece na sequência, com 25 requerimentos, segundo informações detalhadas no relatório da Serasa Experian.
Este panorama financeiro desafiador no setor agrícola tem sido acompanhado de perto por veículos de comunicação especializados. Por exemplo, informações complementares sobre a situação do agronegócio e seus impactos podem ser encontradas em análises de mercados agrícolas disponíveis no portal do Globo Rural (G1), reforçando a complexidade do atual cenário econômico que se instalou para os produtores.
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Em síntese, o aumento drástico nos pedidos de recuperação judicial no agro no terceiro trimestre de 2024 sublinha um período de intensa fragilidade econômica, afetando desde o pequeno produtor até grandes empresas e setores correlatos do agronegócio. A Serasa Experian, com seus dados alarmantes, projeta um futuro que demanda reajustes e planejamento estratégico urgente para mitigar os impactos financeiros. Para se aprofundar em mais análises sobre a conjuntura econômica brasileira e seus diversos segmentos, explore outros artigos na nossa editoria de Economia e mantenha-se informado sobre os desdobramentos deste cenário complexo.
Crédito da imagem: Divulgação/Serasa Experian
