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PCC Coage Empresários e Exige Negócios para Lavagem de Dinheiro

Empresários relatam ameaças e a coação do PCC (Primeiro Comando da Capital) para ceder seus empreendimentos à facção criminosa, que utiliza essas estruturas em um elaborado esquema de lavagem de dinheiro e sonegação fiscal em São Paulo. As denúncias vieram à tona durante uma recente operação que visou desarticular essa intrincada rede. Os criminosos não […]

Empresários relatam ameaças e a coação do PCC (Primeiro Comando da Capital) para ceder seus empreendimentos à facção criminosa, que utiliza essas estruturas em um elaborado esquema de lavagem de dinheiro e sonegação fiscal em São Paulo. As denúncias vieram à tona durante uma recente operação que visou desarticular essa intrincada rede. Os criminosos não apenas obrigam os empresários a entregarem suas atividades econômicas, mas também os intimidam, praticam fraudes e chegam a fazer ameaças de morte para consolidar o controle sobre esses estabelecimentos.

Detalhes alarmantes da atuação da quadrilha foram divulgados em uma reportagem especial veiculada pelo programa Fantástico, da TV Globo. A organização criminosa se valia de uma gama variada de empreendimentos no setor formal para movimentar cifras bilionárias. Postos de gasolina, motéis e estabelecimentos de jogos de azar foram identificados como parte central da estratégia utilizada para disfarçar a origem ilícita dos recursos.

PCC Coage Empresários e Exige Negócios para Lavagem de Dinheiro

As vítimas desse esquema sofisticado narraram experiências de intimidação severa, fraudes e ameaças explícitas de morte. Um dos empresários afetados revelou que, endividado, aceitou uma proposta de compra para seu negócio. Contudo, ele não antecipava ser posteriormente ameaçado e, mais grave ainda, não receberia os valores acordados pela transação.

“Eu tava falido. Acabamos fazendo uma negociação e ele ia assumir todas as dívidas. Na época, ele tinha que me fazer um depósito de R$ 50 mil reais. Ele não fez. Foi aí que começou o meu problema”, desabafou um dos empresários em áudios que foram revelados. Ao tentar desfazer o contrato devido à falta de pagamento, a situação escalou para ameaças diretas à sua vida e de sua família. “Eu falei que ia fazer o distrato do contrato porque eles não tinham depositado o dinheiro. Ele começou a falar: ‘É, tem pai matando o filho por causa de dinheiro. Tem filho matando o pai por causa de dinheiro. Se mata muito fácil por causa de dinheiro'”, detalhou a vítima.

Mesmo após a aquisição fraudulenta, a facção manteve o nome do empresário como proprietário formal do posto. Com essa estratégia, os criminosos começaram a comercializar combustível adulterado, atribuindo toda a responsabilidade legal pelos danos ao verdadeiro dono. “Eu respondo todos os processos porque o posto tá no meu nome, né?”, acrescentou a vítima, expondo o dilema legal e moral que enfrentava.

Outro proprietário de posto de combustível narrou uma vivência similar e igualmente traumática. Ele relatou ter sido coagido a vender seu empreendimento em agosto de 2018 para indivíduos desonestos. “A ameaça foi o seguinte: você vai vender o posto por bem ou por mal”, destacou, ilustrando a natureza imposta das transações. Além disso, sua assinatura foi falsificada em múltiplos documentos para estabelecer novos contratos de locação e outras transações ilícitas. A falta de cumprimento dos financiamentos do posto pela quadrilha resultou em sua permanência na mesa de negociações com os bancos, buscando quitar dívidas que não contraiu diretamente.

Identificação de Envolvidos e o Escopo da Rede Criminosa

Em seu depoimento, o segundo empresário reconheceu Alexandre Leal como o indivíduo que inicialmente efetuou a compra do estabelecimento. Leal, posteriormente, teria repassado o controle para Wilson Pereira Júnior, conhecido como “Wilsinho” pela organização criminosa. De acordo com informações do Ministério Público, Wilson Pereira Júnior, em parceria com o empresário Flávio Silvério Siqueira, adquiria os postos. Siqueira é apontado pelas investigações como o principal beneficiário de todo o esquema de lavagem.

O promotor de Justiça Sílvio Loubeh enfatizou a dupla vitimização dos empresários. “Elas eram vítimas até duas vezes. Primeiro, porque não recebiam e depois num segundo momento porque passavam a responder, inclusive, pelos crimes praticados pela organização criminosa”, afirmou Loubeh, ressaltando o grau de vulnerabilidade e exposição a que essas pessoas foram submetidas.

Defesas dos Acusados e Infiltração do PCC no Mercado Formal

As defesas dos citados apresentaram suas posições. Marcos Antônio Gonçalves, advogado de Flávio Silvério Siqueira, negou veementemente qualquer envolvimento do seu cliente. “Ele não tem participação nenhuma. Não tem contato com ninguém do PCC. É um absurdo isso. Pelo que a gente sabe, o PCC mexe com crime e não com motéis e qualquer outra empresa”, declarou Gonçalves. A defesa de Wilson Pereira Júnior informou, em nota, que seu cliente não foi formalmente citado no processo e que quaisquer esclarecimentos serão prestados às autoridades competentes. O advogado de Alexandre Leal não foi localizado para comentários, e o espaço segue aberto para eventuais manifestações.

PCC Coage Empresários e Exige Negócios para Lavagem de Dinheiro - Imagem do artigo original

Imagem: noticias.uol.com.br

Esta operação é parte de uma iniciativa mais ampla da Receita Federal e do Ministério Público de São Paulo para desmantelar um vasto esquema de lavagem de dinheiro e sonegação de impostos. A facção tem se infiltrado no mercado formal, usando empresas legítimas como fachada. Os alvos incluem não apenas postos de combustíveis, mas também casas de jogos de azar, motéis, restaurantes, padarias, lojas de franquias e empreendimentos imobiliários.

Dimensionamento Financeiro do Esquema Ilícito

A Receita Federal revelou que a estrutura criminosa se manifestou por meio da concentração de empresas sob o comando de um único prestador de serviço. Este indivíduo controlava formalmente cerca de 400 postos de combustível, sendo que 200 deles estavam diretamente vinculados a Flávio Silvério Siqueira, o principal alvo da operação, ou a pessoas a ele relacionadas. Acesse informações adicionais sobre grandes operações contra crimes financeiros em outras regiões do país, como divulgado em artigos de grande impacto na imprensa nacional.

Ao menos 267 postos ativos foram identificados pelo Fisco, os quais movimentaram mais de R$ 4,5 bilhões no período entre 2020 e 2024. Chocantemente, esses estabelecimentos recolheram apenas R$ 4,5 milhões em tributos federais, representando uma alíquota de 0,1% sobre o total movimentado, o que evidencia uma enorme fraude fiscal. Além dos postos, a investigação se estendeu a 21 CNPJs ligados a 98 lojas de uma mesma franquia, todas em nome dos alvos da operação.

Mais de 60 motéis também foram englobados no esquema de lavagem de dinheiro, a maioria registrada em nome de “laranjas”. Entre 2020 e 2024, esses motéis movimentaram R$ 450 milhões, com os sócios recebendo R$ 45 milhões em lucros e dividendos. Em um dos casos, um motel chegou a distribuir 64% de sua receita bruta declarada. Restaurantes situados nesses motéis, que possuíam CNPJs próprios, também foram utilizados para a prática de lavagem de dinheiro. Um desses estabelecimentos, por exemplo, distribuiu R$ 1,7 milhão em lucros após registrar uma receita de R$ 6,8 milhões de 2022 a 2023. O setor imobiliário, ligado ao grupo, atuava na compra e construção de imóveis, com uma estimativa de pelo menos 14 empreendimentos que movimentaram R$ 260 milhões entre 2020 e 2024.

Confira também: artigo especial sobre leis e valortrabalhista

Este panorama detalha a gravidade da atuação do PCC no tecido econômico formal de São Paulo, evidenciando como a organização criminosa emprega métodos de intimidação e fraude para se estabelecer em múltiplos setores. Para ficar atualizado sobre as investigações do crime organizado e suas ramificações no cenário nacional, continue acompanhando nossa editoria de Cidades.

Crédito da imagem: Divulgação/Receita Federal

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