Uma mulher deu à luz a uma bebê na rua em Parnamirim, cidade da Grande Natal, nesta terça-feira, 28 de maio. O evento inesperado, ocorrido ao meio-dia na rua Regina Alves de Andrade, contou com o apoio de vizinhas, que foram cruciais para o desfecho feliz. O fato surpreendente é que Maria Rosália, a mãe de 36 anos, não tinha conhecimento de que estava grávida. Tanto ela quanto a recém-nascida, batizada de Maria Vitória, foram posteriormente encaminhadas à Maternidade Divino Amor, também em Parnamirim, em condições saudáveis.
Os primeiros sinais do que seria um nascimento em via pública começaram dentro da casa de Maria Rosália. A mulher passou a sentir dores intensas, levando seu marido a buscar auxílio com as vizinhas, com o objetivo de levá-la a uma unidade de saúde. Contudo, ao sair de casa e tentar se locomover até o veículo, ela acabou caindo na rua e não conseguiu mais se levantar, evidenciando a intensidade do mal-estar.
Mulher dá à luz na rua em Parnamirim sem saber da gravidez
O relato da dona de casa Andreza Duarte do Nascimento, uma das vizinhas que prestaram socorro, ilustra a dramaticidade do momento. Segundo ela, “A dor foi tão grande que ela ‘arriou’ nos meus braços, que eu tive que deitar ela”, descrevendo a impossibilidade da gestante de manter-se em pé. As vizinhas observaram que Maria Rosália expressava muitas dores abdominais e, em dado momento, começou a apresentar sangramentos, um indício preocupante para as pessoas presentes na rua.
Vitória Larissa Lopes, outra vizinha que esteve presente e auxiliou no parto inesperado, confessou o mistério que pairava sobre o estado de saúde de Maria Rosália. “A gente levantou várias coisas [suspeitas]. Rins… tudo a gente imaginou. Mas a gente não imaginou que seria ela estar em trabalho de parto”, explicou Vitória Larissa, destacando a falta de ciência da gravidez pela própria mãe e, consequentemente, pela comunidade ao redor. A conclusão só veio quando o sangramento se tornou mais intenso. “Depois que ela começou a sangrar muito, eu disse: ‘Tem alguma coisa errada. Ela deve estar parindo'”, recorda.
A percepção exata do que estava acontecendo se concretizou quando a própria Maria Rosália verbalizou a sensação de algo emergindo entre suas pernas. Andreza Duarte confirmou o instante marcante: “Quando eu olhei já era criança”. Rapidamente, ela orientou a mulher. “Eu falei: ‘Pode abrir as pernas e só fazer força que ela já está saindo’. Foi o que ela fez, deu o último grito e fez força, aí a criança saiu. Eu só fiz botar [a bebê] em cima dela”, narrou Andreza, detalhando a ajuda prática durante os minutos decisivos do nascimento da bebê Maria Vitória.
Diante da situação imprevisível e da incapacidade da mãe de se erguer devido às dores do parto, as vizinhas organizaram-se rapidamente para improvisar um ambiente que minimizasse o desconforto e garantisse a segurança de Maria Rosália e da recém-nascida. Elas agiram com proatividade e empatia, criando uma “sala de parto” a céu aberto. Um guarda-chuva foi providenciado para proteger a mulher e a bebê do sol forte. Travesseiros foram utilizados para proporcionar um apoio mais macio, enquanto lençóis foram dispostos por baixo da mãe e para envolver a criança logo após o nascimento. A mobilização se estendeu até a obtenção de uma fralda, demonstrando a solidariedade e a preocupação com os detalhes imediatos de cuidado.
Fátima Serafim, outra moradora que auxiliou no acontecimento, revelou a gama de emoções sentidas por todos os envolvidos. Algumas vizinhas não conseguiram conter o nervosismo inicial, chorando devido ao susto, para depois darem lugar a lágrimas de emoção pura e alegria pelo desfecho positivo. “Eu já pari 7, até hoje eu tenho medo de parir, imagina uma pessoa ver um parto, uma coisa que nunca viu”, relatou Fátima, evidenciando o quão impactante e extraordinária a cena foi para os leigos no processo do nascimento. O nascimento de Maria Vitória em via pública, embora dramático, foi encarado por todos como uma grande vitória da coletividade.

Imagem: g1.globo.com
A sensação de superação e realização era palpável. “Uma pessoa tem um filho no meio da rua e tem muita gente que ajudou para isso. Estamos nos sentindo vitoriosos”, afirmou Fátima. Vitória Lopes corroborou esse sentimento, expressando o quão significativo o momento se tornou: “Foi um momento maravilhoso. Assim, ter salvado vidas, né? Não só a dela, mas a da mãe também. A criança e a mãe. Então, foi maravilhoso”, completou ela, reiterando a experiência marcante. “Foi um momento emocionante que eu vou levar para o resto da minha vida”, finalizou, demonstrando a profundidade da conexão com o ocorrido. O desfecho positivo para a mãe e a bebê Maria Vitória reflete a importância da união comunitária em momentos de necessidade, algo que é sempre crucial na vida em sociedade, como é salientado por organizações que abordam temas de saúde pública. Para compreender melhor os aspectos da gestação e a atenção primária, um artigo do G1 Saúde, por exemplo, discute como a atenção primária faz a diferença para um parto saudável, mesmo que este aconteça em condições ideais e não em emergências na rua.
A inusitada chegada de Maria Vitória trouxe à tona a carência de recursos para a mãe. Por não ter tido conhecimento da gravidez, Maria Rosália não estava preparada com o tradicional enxoval. Por isso, as vizinhas e moradores agora se mobilizam para conseguir roupas e alimentos para a bebê, garantindo que ela tenha todo o suporte necessário nos primeiros dias de vida.
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Este evento extraordinário em Parnamirim ressalta a importância da solidariedade comunitária em situações de emergência e o desafio que gestações inesperadas podem representar para muitas famílias. A história de Maria Rosália e Maria Vitória é um testemunho da capacidade humana de união e cuidado mútuo. Para mais notícias sobre acontecimentos que impactam o cotidiano e a vida em cidades brasileiras, continue acompanhando nossa editoria de Cidades em Hora de Começar, seu portal de informação.
Crédito da imagem: Kleber Teixeira/Inter TV Cabugi


