Uma emocionante sequência de eventos marcou a equipe de resgate da Via Araucária, responsável pelo atendimento em rodovias do Paraná. Dias após vivenciar uma profunda tristeza pela perda de uma criança em um grave acidente, os mesmos socorristas da BR-277 em Curitiba foram os instrumentos para um novo nascimento na rodovia. O fato reforça a intensidade do trabalho dos profissionais que lidam diariamente com a linha tênue entre a vida e a morte, no coração da capital paranaense.
Na última terça-feira, 21 de maio, o nascimento de Ayla Maria trouxe uma nova perspectiva para os integrantes do grupo. A equipe era composta pela enfermeira Cíntia Aparecida Fabiano, pelo motorista socorrista Fernando Basso e pelo médico David Valero. Este foi o primeiro parto atendido por esta formação específica da equipe na movimentada BR-277, um acontecimento de grande impacto emocional e profissional que contrastou fortemente com experiências recentes.
Parto na BR-277: Socorristas celebram vida após luto em Curitiba
A ocorrência anterior a este momento de alegria, que aconteceu apenas seis dias antes, envolvia uma colisão entre caminhões. Lamentavelmente, este incidente trágico resultou na morte de Miguel Francisco Fioresi, de apenas 6 anos. A comoção dos socorristas diante da perda foi registrada em vídeo e amplamente compartilhada, gerando milhares de visualizações nas redes sociais e despertando importantes reflexões sobre a humanidade por trás dos uniformes de emergência. A situação sensibilizou o país, expondo a dor que acompanha esses heróis diários.
Para o motorista socorrista Fernando Basso, o contraste entre os dois atendimentos foi impressionante. “Perder uma vítima nunca agrada uma equipe. São vidas. A gente lida com vidas todo dia”, declarou Basso, ressaltando a profunda carga emocional que acompanha cada resgate e cada atendimento na BR-277. Ele descreveu o nascimento de Ayla Maria como um “contraponto desse momento triste” e uma verdadeira bênção, um momento revigorante. “Foi a vida que acabou nascendo em nossas mãos ali na beira da rodovia. Foi uma alegria e tanto. Para nós, que sofremos uma semana antes com uma perda, foi revigorante e um incentivo para continuar salvando mais gente”, expressou o socorrista, demonstrando o impacto transformador da experiência e o compromisso renovado.
A enfermeira Cíntia Aparecida Fabiano avaliou que a grande repercussão da filmagem, que mostrava o sofrimento dos socorristas, serviu para tornar público o lado humano e muitas vezes invisível da profissão. “Serviu para as pessoas verem que por trás de uma farda tem pessoas, tem corações…”, explicou Cíntia, acrescentando que os profissionais de saúde têm suas próprias famílias e filhos, o que intensifica a emoção de cada atendimento. “A gente sente a emoção de cada ocorrência. A gente está aqui para contemplar a vida e para fazer o nosso melhor sempre”, complementou, reforçando o compromisso inabalável com a vida e com a população paranaense.
O Inesperado Nascimento de Ayla Maria
O nascimento de Ayla Maria na rodovia foi repleto de imprevistos e surpresas, tanto para a família quanto para a equipe de socorro que agiu rapidamente na BR-277. A mãe, Maria Aparecida Neves Chaves, tinha o parto previsto para o distante dia 31 de outubro, ou seja, quase cinco meses depois do ocorrido. No entanto, o destino surpreendeu a todos na manhã daquela terça-feira (21) quando sua bolsa estourou precocemente, antecipando o trabalho de parto.
Em um momento de incerteza e urgência, Maria Aparecida buscou ajuda com sua mãe, Elenilza Neves, e rapidamente solicitou um carro por aplicativo para tentar chegar à maternidade em tempo hábil. A avó, Elenilza, relata a apreensão. “Eu ainda falei para o motorista: ‘A gente está indo para a maternidade, vai ser tudo ou nada'”, contou. Ninguém esperava que o nascimento aconteceria no trajeto, na própria BR-277, antes mesmo de conseguirem alcançar o hospital desejado.
Durante o percurso, com Elenilza prestando suporte vital à filha no banco de trás, o motorista percebeu a presença de policiais militares, que prontamente intervieram para abrir caminho no trânsito congestionado de Curitiba, agilizando o trajeto do veículo. Simultaneamente, a equipe de socorristas da Via Araucária foi acionada para o atendimento imediato ao parto na rodovia. Acelerando contra o relógio e as dificuldades de trânsito em grandes cidades, a rapidez na resposta da equipe de resgate foi, de fato, crucial para o sucesso da ocorrência e a segurança da mãe e do bebê.
Uma das maiores surpresas, compartilhada pela equipe de socorro e pela família, foi a descoberta do sexo da criança no momento exato do parto. Ayla Maria chegou ao mundo em um instante de intensa emoção e reviravoltas inesperadas. O médico David Valero, visivelmente emocionado, refletiu sobre a experiência: “Deus deu essa benção para nós de trazer uma vida ao mundo.” Comparando o nascimento com o trauma recente da semana anterior, ele expressou o significado particular desse parto. “Eu sou pai e esse atendimento da semana passada, para mim foi bem traumático, mas agora a gente recebeu a benção de um atendimento totalmente diferente”, enfatizou Valero, aliviado e grato pela positividade do momento.

Imagem: g1.globo.com
Rotina de Superação e Compromisso com a Vida
Dois dias após o parto, na manhã da quinta-feira (23), a equipe de socorristas pôde finalmente conhecer Ayla Maria de forma mais tranquila. A conexão foi feita através de uma emocionante videochamada com Maria Aparecida. A mãe expressou sua gratidão inabalável aos três profissionais que agiram prontamente na BR-277. “Eu nem pensei em nada, só queria que nascesse logo. Deus direcionou todos eles para o meu caminho no tempo certo”, declarou Maria Aparecida, com a voz embargada pela emoção e pelo reconhecimento eterno. A equipe compartilhou do sentimento, sabendo que aquele nascimento era mais que um resgate; era a reafirmação de um propósito maior em meio ao dia a dia intenso e desafiador nas rodovias.
A vida na equipe de emergência, no entanto, segue seu ritmo implacável, mostrando que o inesperado é a única constante. Durante a própria entrevista com a equipe de reportagem do g1, os três profissionais da Via Araucária foram novamente acionados para uma nova ocorrência. Em questão de poucos segundos, a entrevista foi prontamente interrompida, e eles já estavam a caminho para prestar socorro a um motociclista. Felizmente, desta vez os ferimentos foram leves, e o indivíduo foi encaminhado a um hospital próximo para receber atendimento. A velocidade na resposta é uma prova constante do seu profissionalismo e comprometimento.
Este ciclo de eventos sublinha a imprevisibilidade e a exigência contínua do trabalho. “A gente trabalha em um trabalho de alto estresse, então tem que estar preparado para tudo”, finalizou Davi Valero, o médico da equipe. A jornada dos socorristas da Via Araucária na BR-277, muitas vezes invisível, é um testemunho diário de dedicação, resiliência e adaptabilidade, enfrentando desde o luto mais profundo até a mais pura alegria, tudo em nome da preservação da vida. Sua prontidão e sensibilidade são pilares fundamentais no atendimento pré-hospitalar.
O comprometimento com o socorro em rodovias, parte essencial da rede de emergência do Brasil, é uma demonstração inquestionável do valor da vida humana e do esforço incansável daqueles que atuam na linha de frente para salvar e amparar em momentos cruciais. A equipe da Via Araucária encarna este espírito de serviço à comunidade.
Confira também: crédito imobiliário
Em suma, a história dos socorristas da Via Araucária na BR-277 reflete a complexidade e a profundidade emocional do trabalho de emergência. Desde o luto pela perda de Miguel Francisco até a euforia do parto de Ayla Maria, a equipe reafirma seu propósito em um ambiente de alto estresse e gratifica a vida em suas mais diversas manifestações, de um acidente fatal a um milagre de nascimento. Para mais notícias e reportagens aprofundadas sobre a vida em nossas cidades, os desafios do cotidiano e o heroísmo de nossos profissionais, continue acompanhando a editoria de Cidades em nosso portal.
Crédito da imagem: João Frigério e Via Araucária


