Parlamentares peruanos aprovaram na noite desta quinta-feira (9) uma moção que estabelece um importante passo para um possível processo de afastamento da presidente Dina Boluarte. O aval legislativo acende um novo alerta sobre a instabilidade política no país andino, já marcado por frequentes mudanças na liderança presidencial. Esta aprovação concede seguimento ao pedido protocolado pela oposição, que busca a destituição da chefe de estado.
A iniciativa oposicionista para remover a presidente Boluarte da sua cadeira é mais uma de uma série de tentativas registradas no congresso peruano e se fundamenta na incapacidade moral permanente. Sua popularidade tem sido extremamente baixa, posicionando-a como uma das líderes menos aprovadas no cenário global. Após a votação desta noite, o pedido seguirá para uma nova etapa de debates internos no Congresso, que definirá o avanço formal do processo de impedimento.
Simultaneamente à aprovação da moção, o plenário do Congresso decidiu convocar a presidente Dina Boluarte para comparecer ainda na madrugada, às 23h30 (horário local), o equivalente a 1h30 (horário de Brasília). A audiência terá como propósito tratar especificamente das questões levantadas pela moção recém-aprovada.
Parlamentares Peruanos Aprovam Moção por Afastamento de Boluarte
A sessão noturna e o debate subsequente indicam a urgência e a seriedade com que a questão é tratada no ambiente legislativo do Peru, intensificando a pressão sobre o governo.
O Caminho Para o Possível Afastamento
A proposta de destituição de Dina Boluarte, embasada na tese de “incapacidade moral permanente”, angariou o apoio de, no mínimo, 34 membros do Congresso, representando diversas legendas partidárias. Em meio à deliberação legislativa, a deputada Susel Paredes expressou sua posição em uma rede social, defendendo o processo. “A única forma de o país avançar é com o impeachment de Dina Boluarte”, declarou a parlamentar em uma publicação acompanhada do documento oficial da moção. O amplo consenso entre diversos blocos parlamentares contribuiu decisivamente para que o pedido fosse admitido.
A atual situação se insere em um contexto de grandes turbulências no Peru. O país se prepara para as próximas eleições gerais, programadas para abril do ano que vem. Além disso, o governo de Boluarte tem enfrentado intensas manifestações populares em descontentamento com sua administração e com a reforma previdenciária, gerando um ambiente de profunda insatisfação social e política que reverbera nas ações do Legislativo.
Dina Boluarte e o Cenário Político Instável do Peru
A presidente Dina Boluarte ascendeu ao poder em dezembro de 2022, sucedendo o então presidente Pedro Castillo. Sua posse ocorreu após Castillo ser destituído e detido sob a acusação de tentar dissolver o Congresso. A saída abrupta de Castillo da presidência resultou em meses de confrontos violentos e protestos generalizados, sobretudo em áreas andinas e comunidades indígenas, que contestavam a nova administração.
Durante o período subsequente, organizações de direitos humanos registraram e acusaram o governo de Boluarte de aplicar força excessiva na supressão das manifestações. Tais denúncias, somadas à recente moção de afastamento, aumentam a pressão sobre sua gestão. A trajetória de Boluarte tem sido marcada por controvérsias, incluindo alegações de enriquecimento ilícito envolvendo bens que não teriam sido devidamente declarados, bem como a decisão de dobrar o próprio salário em julho. Sua taxa de aprovação oscila entre 2% e 4%, consolidando sua posição de impopularidade.
Imagem: g1.globo.com
O documento compartilhado pela deputada Susel Paredes não se furta de mencionar denúncias graves de corrupção que envolvem a presidente, notadamente o caso que ficou conhecido como “Rolexgate”. Esta investigação midiática e posteriormente judicial, teve como foco uma suntuosa coleção de relógios de luxo supostamente pertencentes à presidente e que geraram questionamentos sobre a origem e compatibilidade com sua renda declarada. Mais detalhes sobre este escândalo e as implicações políticas podem ser encontrados em reportagens especializadas, como as da CNN Brasil, que aprofundam a análise sobre a complexidade da política peruana e as acusações que pesam sobre Boluarte.
Ainda que o Congresso, com uma formação majoritariamente conservadora, tenha barrado propostas de impeachment anteriores, o atual cenário parece indicar uma mudança de ventos. A aproximação das eleições em apenas seis meses parece ter motivado um maior número de congressistas a demonstrarem apoio à nova tentativa de destituição da presidente, sinalizando uma crescente fragilização de sua base aliada e de seu suporte político no parlamento.
O histórico político do Peru é notório por sua volatilidade. Desde 2018, o país contabilizou seis diferentes presidentes. Além disso, a situação jurídica de ex-mandatários reforça esse padrão: quatro ex-presidentes estão atualmente presos ou cumprindo condenações, refletindo um padrão de instabilidade e acusações de corrupção no mais alto nível do poder público. Este ciclo de destituições e prisões serve como um pano de fundo complexo para o novo movimento contra Dina Boluarte.
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O panorama político no Peru permanece volátil com a aprovação da moção que visa o afastamento da presidente Dina Boluarte. Os próximos capítulos prometem debates intensos no Congresso, enquanto o país navega entre crises de governabilidade, denúncias de corrupção e uma população insatisfeita às vésperas de uma nova eleição. Mantenha-se informado sobre os desdobramentos desta e outras notícias internacionais em nossa editoria de Política.
Crédito da Imagem: Luis Iparraguirre/Peru Presidency/Handout via Reuters
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