Uma **paralisação de ônibus em Campo Grande**, Mato Grosso do Sul, movimentou a rotina da cidade e pressionou as autoridades a buscarem novas soluções para a sustentabilidade do transporte público. A interrupção no serviço, ocorrida na manhã desta quarta-feira (22), foi desencadeada pelo atraso no pagamento do vale salarial dos motoristas. Diante da situação, a Câmara Municipal agiu rapidamente, propondo a criação de um Fundo Municipal de Mobilidade com o objetivo de assegurar repasses financeiros diretos ao sistema, sem a intermediação da prefeitura, após o Consórcio Guaicurus reportar a ausência de um pagamento de R$ 9 milhões.
O serviço de transporte coletivo permaneceu suspenso por aproximadamente uma hora e meia, das 5h às 6h30, pegando muitos usuários de surpresa. O Sindicato dos Trabalhadores em Transporte Coletivo e Urbano confirmou que a decisão de paralisar as atividades adveio da não efetuação do adiantamento salarial pela concessionária. Por sua vez, o Consórcio Guaicurus justificou o atraso no repasse ao Sindicato pela falta de pagamentos devidos pela prefeitura.
Paralisação de Ônibus em Campo Grande Força Criação de Fundo
A crise do transporte público em Campo Grande tem reacendido debates cruciais sobre a indispensável previsibilidade no financiamento do sistema. O vereador Epaminondas Vicente Silva Neto, conhecido como Papy, que preside a Câmara, anunciou a intenção de protocolar o projeto do fundo ainda nesta semana. Esta iniciativa, fundamentada em estudos realizados desde a conclusão da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Transporte Coletivo, busca criar um mecanismo mais eficiente para a gestão dos recursos. “O fundo cria um mecanismo em que os recursos chegam diretamente ao destino, sem atrasos ou desvios, garantindo mais segurança para quem depende do transporte público”, detalhou Papy. Ele enfatizou que tal modelo possibilitaria que verbas do Governo do Estado pudessem ser direcionadas diretamente ao consórcio, sem passar pela prefeitura, que atualmente enfrenta dificuldades com a regularização documental.
A Proposta do Fundo Municipal de Mobilidade
O projeto do Fundo Municipal de Mobilidade e Trânsito ambiciona centralizar diversas fontes de receita. Entre elas, seriam alocadas partes das multas de trânsito, arrecadações de parquímetros e potenciais receitas provenientes de iniciativas ambientais. O destino desses valores seria estritamente a manutenção e modernização do sistema de transporte coletivo, abrangendo despesas como o custeio de gratuidades, aperfeiçoamento de terminais, expansão e melhoria de corredores de ônibus, além da otimização da sinalização. Segundo os parlamentares, este fundo é vital para garantir que, até mesmo, as contribuições estaduais cheguem ao consórcio de forma mais fluida, desburocratizando processos.
O vereador Lívio Leite, presidente da CPI do Transporte, expôs a problemática atual: o fluxo de recursos depende da regularidade da documentação fiscal da administração municipal, condição que não está sendo cumprida, conforme aponta o Governo do Estado. Leite explicou que, por cerca de quatro meses, o município tem estado inadimplente com o convênio devido à ausência de certidões, o que resultou no bloqueio de um repasse de R$ 6 milhões destinados ao pagamento de gratuidades para estudantes da rede estadual, impactando diretamente o equilíbrio financeiro do Consórcio Guaicurus.
Impacto Direto na Rotina dos Campo-grandenses
A súbita paralisação pegou os usuários do transporte público totalmente desprevenidos. Muitos cidadãos, como Elza Ferreira, que atua em serviços gerais, só foram informados da interrupção ao se prepararem para sair de casa. “Foi um transtorno. Fiquei sabendo só quando me arrumei para sair de casa”, relatou Elza. Sem alternativas viáveis de transporte público, a população recorreu intensamente a aplicativos de mobilidade. A demanda elevada provocou um aumento estratosférico nos preços: viagens que usualmente custavam R$ 40 atingiram valores superiores a R$ 90, conforme diversos depoimentos recolhidos pela imprensa.

Imagem: g1.globo.com
Reações dos Envolvidos e Próximos Passos
O Consórcio Guaicurus, operador do sistema de transporte coletivo da capital, divulgou um comunicado no qual afirmou estar enfrentando severas dificuldades financeiras. A nota enfatizou que a situação foi exacerbada pelo não repasse de R$ 9 milhões, valor que está em negociação com o poder público municipal. A empresa atribui essa realidade a um “desequilíbrio estrutural”, somado à defasagem tarifária e ao esgotamento das linhas de crédito. Em resposta, a prefeitura emitiu uma nota concisa, confirmando a ocorrência de uma paralisação parcial e que o serviço foi restabelecido antes das 7h. No que concerne ao impasse financeiro, o Executivo municipal assegurou que mantém diálogo contínuo com o consórcio para investigar as causas e implementar as medidas necessárias para prevenir futuras interrupções. Entender o financiamento do transporte público é crucial para a mobilidade urbana sustentável. Para mais detalhes sobre as complexidades do tema, consulte o artigo na Wikipedia sobre transporte público.
Diante da gravidade da situação, os vereadores também formalizaram um pedido para uma reunião emergencial com a prefeita Adriane Lopes (PP), além de representantes do consórcio e do sindicato dos motoristas. O principal objetivo é traçar uma solução rápida e consensual para evitar que uma nova paralisação aconteça. A urgência é reforçada pela convocação de uma assembleia do sindicato para o dia 27 de outubro, com a ameaça de suspender os serviços por um período de 72 horas caso um acordo não seja alcançado. Papy reiterou a essencialidade do transporte: “O transporte é essencial. A Câmara está tentando mediar uma saída, mas é preciso que o Executivo se mova com mais agilidade”. O projeto de lei que institui o fundo está programado para ser protocolado na quinta-feira (23), resultado de uma ação coletiva da Câmara Municipal. Os parlamentares esperam contar com o respaldo do Executivo para que a proposta seja aprovada e implementada com a maior brevidade possível.
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Em suma, a recente interrupção do serviço de transporte coletivo em Campo Grande expôs a fragilidade do sistema financeiro municipal e catalisou a iniciativa da Câmara para a criação de um fundo dedicado. A medida busca blindar os repasses e assegurar a regularidade de um serviço fundamental para a população. Mantenha-se informado sobre os desdobramentos desta e outras notícias em nossa editoria de Cidades e acompanhe as discussões sobre o futuro da mobilidade urbana no Brasil.
Crédito da imagem: Bruno Batista/TV Morena



