A paralisação do governo Trump nos Estados Unidos atingiu seu nono dia consecutivo, após o Senado falhar, em 9 de outubro, em aprovar o projeto de lei proposto pelo Partido Republicano para o financiamento federal. A inatividade do congresso norte-americano continua a impactar serviços públicos essenciais, culminando em atrasos generalizados no tráfego aéreo e colocando milhares de servidores federais em uma situação financeira incerta, trabalhando sem salário ou em licença não remunerada.
O embate político que permeia Washington é uma repetição de impasses orçamentários anteriores, onde a discordância partidária sobre a alocação de verbas paralisa a máquina administrativa. Este cenário impede a continuidade de diversos serviços fundamentais para a população, evidenciando as profundas divisões entre democratas e republicanos.
Paralisação Governo Trump: Senado Rejeita Acordo e Crise Aérea Se Agrava
Os desdobramentos desta crise se manifestaram de forma dramática no setor de aviação. Em 7 de outubro, no sétimo dia da paralisação, voos em todo o país começaram a sofrer impactos significativos. A Administração Federal de Aviação (FAA) relatou que a escassez de pessoal causou interrupções em múltiplos aeroportos estratégicos, como os de Las Vegas, Denver e Newark, que serve à região de Nova York. Milhares de controladores de tráfego aéreo e agentes da Administração de Segurança no Transporte (TSA), embora classificados como essenciais, foram obrigados a manter suas funções sem remuneração. Os controladores, em particular, aguardavam a primeira falta de pagamento programada para 14 de outubro.
A gravidade da situação foi confirmada pelo então Secretário de Transportes, Sean Duffy, que observou um aumento substancial nas ausências de controladores de tráfego aéreo desde o início da paralisação. Duffy também indicou que, em algumas regiões, as equipes de controle foram reduzidas à metade. Dados divulgados pela FlightAware no dia 6 de outubro mostraram que mais de quatro mil voos foram afetados em território americano, com atrasos significativos: 29% dos pousos em Denver, 19% em Newark e 15% em Las Vegas. Além da falta de pessoal, condições meteorológicas adversas agravaram a situação, contribuindo para os atrasos registrados.
O impacto potencial se estende além dos grandes centros. A Airlines for America, associação que representa as principais companhias aéreas do país, incluindo United, Delta, American e Southwest, expressou preocupação de que o sistema de aviação poderia sofrer uma desaceleração generalizada. Isso resultaria em uma redução na eficiência e no fluxo de passageiros. Projeções da imprensa americana apontavam, inclusive, para a possibilidade de um órgão responsável por subsidiar voos para pequenos aeroportos ficar sem fundos a partir do dia 12, ameaçando a conectividade aérea de diversas cidades.
Subjacente a esta crise, está uma escassez estrutural de controladores na FAA. A agência opera com 3.500 profissionais a menos do que o quadro ideal, forçando os controladores restantes a cumprirem horas extras obrigatórias e jornadas de seis dias por semana. Essa sobrecarga de trabalho já comprometia o sistema antes mesmo da paralisação e agora se agrava, elevando os riscos de falhas.
O governo do então Presidente Donald Trump usou o setor de transportes como ponto central de seu conflito com os democratas durante o shutdown. O governo federal suspendeu mais de US$ 28 bilhões em repasses para programas cruciais em estados de maioria democrata, como Nova York e Illinois, que abrangiam iniciativas climáticas, investimentos em metrôs, túneis e sistemas de transporte público.
Esse não foi o primeiro desafio imposto por uma paralisação. Durante o shutdown de 2019, também se observou um aumento considerável nas faltas de controladores e agentes da TSA, motivadas pela falta de pagamentos. Naquela ocasião, o problema gerou longos tempos de espera em aeroportos e levou à redução de voos na região de Nova York, intensificando a pressão sobre o Congresso para resolver o impasse. Nancy Pelosi, então Presidente da Câmara dos Representantes, chegou a declarar que a paralisação estava levando o espaço aéreo “ao limite”.
O shutdown é um evento em que o Congresso dos EUA falha em aprovar o orçamento federal necessário para financiar as operações do governo. Como resultado, grande parte dos serviços públicos é interrompida, funcionários considerados não essenciais são enviados para casa sem remuneração e outros, em setores vitais, continuam trabalhando, mas com os salários suspensos, esperando receber de forma retroativa após a normalização orçamentária. Historicamente, os membros do Senado norte-americano necessitam de um total de 60 votos para aprovar o orçamento federal, um número desafiador para qualquer partido com maioria simples, como era o caso dos republicanos com suas 53 cadeiras à época. Para saber mais sobre a atuação do poder legislativo dos Estados Unidos, consulte o site oficial do Senado americano.
A crise atual estava centrada na exigência dos democratas de manter o financiamento para o programa de saúde conhecido como Obamacare, que subsidia planos de saúde para milhões de americanos de baixa renda. Sem a renovação desses subsídios, milhões de cidadãos poderiam enfrentar custos de planos de saúde proibitivos, um tema que Trump e seus aliados republicanos preferiam adiar para discussões futuras. Esse conflito orçamentário se tornou o motor da paralisação, expondo a vulnerabilidade dos serviços públicos frente à polarização política.
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Em suma, a continuidade da paralisação do governo dos Estados Unidos reflete um profundo impasse político com consequências tangíveis para a população e os serviços públicos, em especial o setor aéreo. Este cenário sublinha a importância da cooperação bipartidária para a funcionalidade governamental. Para continuar acompanhando os desdobramentos da política internacional e outros temas relevantes, visite nossa editoria de Política e mantenha-se informado.
Crédito da imagem: REUTERS/Elizabeth Frantz
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