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Papa Leão Pede Unidade Climática em Momento Crítico

Em um cenário global de crescentes tensões e polarização, o Papa Leão pediu unidade na questão climática nesta quarta-feira (1º), convocando católicos e todos os cidadãos do mundo a endossarem a agenda de defesa ambiental previamente estabelecida por seu antecessor, Papa Francisco. A mensagem central de Leão é clara: a proteção do planeta não deve […]

Em um cenário global de crescentes tensões e polarização, o Papa Leão pediu unidade na questão climática nesta quarta-feira (1º), convocando católicos e todos os cidadãos do mundo a endossarem a agenda de defesa ambiental previamente estabelecida por seu antecessor, Papa Francisco. A mensagem central de Leão é clara: a proteção do planeta não deve ser tratada como uma pauta que divide, mas sim como um ponto de convergência universal.

A declaração foi proferida durante a abertura de uma conferência dedicada às mudanças climáticas, um evento que marcou o décimo aniversário da “Laudato Si'”. Este documento papal é reconhecido por seu caráter inovador, ao alertar sobre a imperativa necessidade de zelar pela saúde do planeta. “Os desafios identificados na Laudato Si’ são, de fato, ainda mais relevantes hoje do que eram há dez anos”, pontuou o sumo pontífice.

Papa Leão Pede Unidade Climática em Momento Crítico

Discursando por aproximadamente dez minutos, o Papa Leão compartilhou o palco em Castel Gandolfo, a residência de verão papal situada a cerca de 27 km ao sudeste do Vaticano, com figuras notáveis como o ator e ex-governador da Califórnia, Arnold Schwarzenegger, e a Ministra do Clima do Brasil, Marina Silva. O foco central de sua intervenção recaiu sobre as ações práticas que indivíduos e comunidades locais podem implementar para mitigar a pressão crescente exercida sobre o sistema climático. Ele ressaltou a importância da pressão de organizações não governamentais e grupos de defesa para que os governos desenvolvam e implementem regulamentos e controles ambientais mais rigorosos, além de incentivar uma participação ativa dos cidadãos na formulação de políticas em todas as esferas – nacional, regional e local.

O pronunciamento de Leão reafirma seu compromisso em manter a temática das mudanças climáticas no centro do debate público global. Eleito em maio como o primeiro papa oriundo dos Estados Unidos, o pontífice tem demonstrado moderação em tópicos potencialmente controversos, reservando seus comentários mais incisivos, como nesta ocasião, para evocar os ensinamentos e as famosas expressões do Papa Francisco.

Compromisso Pontifício e o Eco da ‘Laudato Si’

Ao se referir ao cuidado com “nossa casa comum” e à escuta do “clamor da terra e dos pobres”, o Papa Leão ecoou as preocupações de Francisco, que insistentemente enquadrou as mudanças climáticas como uma questão espiritual para os 1,4 bilhão de fiéis católicos romanos, alertando que os mais vulneráveis são os que mais sofrem as consequências do aquecimento global. Leão também fez alusão à atualização de 2023 da “Laudato Si'”, onde Francisco observou que “alguns escolheram ridicularizar” os sinais cada vez mais evidentes da crise e culpar os pobres.

O engajamento do novo Papa com a agenda ambiental vai além dos discursos. Em julho, Leão inaugurou um rito específico para missas, cujo propósito é “pedir a Deus a capacidade de cuidar da criação”. No mês anterior, em outubro, ele abordou como “a injustiça, as violações do direito internacional e dos direitos dos povos, graves desigualdades e a ganância que as alimenta estão gerando desmatamento, poluição e perda de biodiversidade”, conectando intrinsecamente as questões sociais e ecológicas.

Contexto Global: Resistência e Lentidão na Ação Climática

As palavras do Papa Leão surgem em um momento em que a retórica e as ações de líderes políticos divergem significativamente. Sem criticar diretamente nenhuma política ou líder nacional, Leão falou poucos dias depois que o então presidente Trump afirmou, na Assembleia-Geral das Nações Unidas, que as mudanças climáticas representavam o “maior golpe já perpetrado no mundo”. Essa postura reflete um retrocesso em países como os Estados Unidos, onde Trump, por exemplo, encerrou laboratórios de pesquisa climática e paralisou projetos de energias renováveis, além de retirar o país do Acordo de Paris, mesmo após o Papa Francisco, em 2017, lhe entregar uma cópia da “Laudato Si” e instá-lo a manter a adesão.

Os desafios identificados pelo papado são corroborados por dados preocupantes. De acordo com a Organização Meteorológica Mundial, 2024 registrou o ano mais quente em 175 anos de registros, com eventos climáticos extremos que deslocaram o maior número de pessoas anualmente desde 2008. Apesar disso, apenas um terço dos signatários do Acordo de Paris apresentou compromissos climáticos atualizados. Além disso, nações como China, Japão, Coreia do Sul e Indonésia aumentaram a produção de energia a carvão desde 2020, sinalizando um descompasso entre a urgência científica e a ação política efetiva. Organizações como a ONU têm reiterado a urgência da situação climática, fornecendo dados e análises que corroboram os apelos de líderes globais. A inércia observada tem gerado frustração, inclusive por parte do próprio Papa Francisco, que em sua atualização da “Laudato Si'”, lamentou o lento progresso na redução de emissões de gases de efeito estufa desde o lançamento do ensaio original.

Papa Leão Pede Unidade Climática em Momento Crítico - Imagem do artigo original

Imagem: www1.folha.uol.com.br

Dilemas da Cooperação Global e a Influência Moral

Com a preparação de líderes e ativistas para a COP30, a 30ª conferência anual das Nações Unidas sobre mudanças climáticas, a ser sediada no Brasil, pairam sérias preocupações. Marina Silva, Ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima do Brasil, manifestou que os compromissos estabelecidos no Acordo de Paris “não foram cumpridos e não foram respeitados, apesar das afirmações convincentes da ciência”. Ela defendeu a necessidade de “determinação ética para cumprir esses compromissos em benefício deste tempo presente e das gerações futuras, com atenção especial aos mais vulneráveis e marginalizados”.

A polarização geopolítica global complica a colaboração em temas climáticos. O Cardeal Michael Czerny, colaborador próximo de Francisco em questões ambientais e atual chefe do ministério do Vaticano que aborda o tema, expressou seu ceticismo. Ele teme que o multilateralismo esteja “em frangalhos”, o que dificulta enfrentar problemas globais, e chegou a temer que a próxima conferência da ONU possa ser “pouco mais que uma farsa”.

Apesar de tantos indícios de retrocesso, um raio de esperança emerge na crença de que a orientação moral do papado ainda pode surtir efeito. Piers Forster, ex-presidente de um conselho consultivo climático do governo britânico e professor de física climática na Universidade de Leeds, no Reino Unido, salientou que, embora o problema não seja resolvido instantaneamente, “cada pequeno passo e cada pequena declaração de alguém tão importante quanto o Papa Leão pode claramente começar a mover populações e países na direção certa”. A voz do pontífice, com seu peso moral e alcance global, mantém-se como um fator relevante na mobilização de consciências e na promoção de uma ação conjunta para a proteção ambiental.

Confira também: artigo especial sobre leis e valortrabalhista

O chamado do Papa Leão por unidade nas ações climáticas, ancorado nos princípios de seu antecessor, Papa Francisco, reforça a urgência e a transversalidade da pauta ambiental. Enquanto o mundo se divide, a mensagem do Vaticano aponta para um terreno comum de responsabilidade compartilhada pelo futuro do planeta. Para aprofundar seu entendimento sobre como líderes e governos globais enfrentam os desafios complexos de nosso tempo, convidamos você a explorar mais conteúdos em nossa editoria de Política.

Crédito da imagem: Yara Nardi/Reuters

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