Em um pronunciamento contundente proferido neste domingo, dia 21, durante sua primeira celebração dominical após ter sido impedido pela Arquidiocese de São Paulo de transmitir seus ritos pelas plataformas digitais, o Padre Júlio Lancellotti fez graves acusações, indicando que as atuações da Pastoral de Rua, entidade que oferece apoio e assistência a indivíduos em situação de rua, estão sob alvo de uma conspiração.
O religioso expressou sua preocupação e uma sensação de incerteza em relação aos próximos desdobramentos. “Eu não sei o que é que vai acontecer nas próximas semanas, porque, assim como nós nos juntamos para dizer que somos irmãos, muitos se juntam também para conspirar contra”, declarou o padre. Ele prosseguiu com uma reflexão sobre a dualidade das ações humanas, apontando que, enquanto há aqueles que se unem em oração, outros se articulam para “destilar o seu ódio” através de planos obscuros e ações desfavoráveis, logo após elencar diversas iniciativas e atividades conduzidas pela Pastoral de Rua.
Padre Júlio Lancellotti denuncia conspiração contra Pastoral
A fala do Padre Júlio Lancellotti ressoou profundamente, ao salientar a percepção de que os críticos e aqueles que promovem os ataques frequentemente desconhecem a essência e a história dos projetos. “O que é interessante é que os que atacam não conhecem a história, não sabem tudo o que foi vivido”, afirmou ele, destacando a profunda ignorância dos detratores em relação à trajetória e aos desafios enfrentados pelas ações da pastoral e seus colaboradores. A transparência do trabalho, conforme pontuado por Lancellotti, seria um antídoto contra as inverdades e os ataques infundados.
O sacerdote, conhecido por sua dedicação aos mais vulneráveis, fez questão de ressaltar a amplitude das atividades sociais que são meticulosamente desenvolvidas em diversos pontos da capital paulista. Ele citou exemplos notáveis como o Centro Santa Dulce, a Casa Santa Virgínia e a Casa Nossa Senhora das Mercês, locais que servem como refúgio e suporte essencial para muitos. “Quem quer saber o que é feito é só visitar os trabalhos. É só ir para uma das casas”, desafiou o Padre, convidando os céticos a testemunharem em primeira mão o impacto positivo do trabalho.
Além dos abrigos e centros de acolhimento, Padre Júlio também mencionou a padaria comunitária, um projeto que simboliza a autossuficiência e o poder da solidariedade. “O pão que é feito na padaria, que é mantido pela doação de todos – e se faz, ali, 2 mil pães, que são divididos em muitos lugares e aqui também –, nada disso é custeado pelo poder público e por nenhuma outra instância”, explicou ele. Essa iniciativa exemplifica a dependência exclusiva da “boa vontade de todos”, ressaltando o caráter genuíno e independente do trabalho da Pastoral.
Com sua característica veemência, Padre Júlio Lancellotti reiterou sua postura de incondicional defesa a grupos marginalizados e frequentemente vítimas de discriminação. Sua lista de defendidos abrange desde moradores de rua, que constituem o público-alvo central de seu trabalho, até os sem terra, os povos indígenas, os negros, os palestinos e as mulheres – categorias que enfrentam desafios sistêmicos e sociais profundos. Ele se posiciona firmemente contra qualquer forma de opressão e exclusão, servindo como uma voz potente para aqueles que raramente são ouvidos.
A força de sua convicção foi evidenciada ao prometer lealdade até as últimas consequências para as causas que abraça. “Até o fim, nós estaremos com aqueles que lutam pela terra, pelos povos indígenas, pelas mulheres, pelos negros, por todos os que são discriminados, pela Palestina livre”, declarou com emoção. Mesmo diante das adversidades e perseguições, sua resiliência e amor pelos vulneráveis permanecem inabaláveis. “Mesmo que em alguns momentos sejamos diminuídos, alvejados e feridos, mesmo machucados e sangrando, nós amaremos até o fim”, destacou, enfatizando a natureza de sua missão e sua determinação.
Em um contexto que revelou tensões crescentes entre o Padre Júlio Lancellotti e a instituição religiosa, o veto imposto pela Arquidiocese de São Paulo à transmissão de suas missas nas plataformas digitais, uma decisão que buscou restringir a projeção de suas mensagens e ações, enfrentou uma barreira inesperada. A proibição oficial da Arquidiocese, embora formal, não foi totalmente efetiva na prática, graças à mobilização de outros atores. Isso demonstra a profunda ressonância de sua figura pública e do engajamento em torno de seu ministério, especialmente o amparo a comunidades marginalizadas.

Imagem: agenciabrasil.ebc.com.br
Apesar da clara diretriz da instituição, a Rede Jornalistas Livres interviu para contornar a restrição. A plataforma transmitiu ao vivo, por meio de seu canal no Instagram, a celebração da missa dominical do Padre Júlio. Essa transmissão em tempo real garantiu que a mensagem do religioso e o conteúdo de sua pregação pudessem alcançar seu público fiel e apoiadores, evidenciando o desejo de que sua voz não fosse silenciada. Essa ação da Rede Jornalistas Livres, ao transcender a proibição, solidificou ainda mais a imagem de Padre Júlio como uma figura de resistência.
Conforme o panorama se desenvolve, a Arquidiocese de São Paulo optou pelo silêncio, reforçando o clima de tensão em torno da figura do Padre Júlio Lancellotti. Consultada pela Agência Brasil ao longo da semana para se manifestar sobre os fatos, a instituição preferiu não se pronunciar, o que apenas ampliou o mistério em torno dos motivos do veto e da aparente conspiração mencionada pelo padre. Essa ausência de posicionamento oficial, segundo análises, impede a elucidação das acusações e contribui para um cenário de interpretações divergentes sobre os reais interesses em jogo.
O trabalho de Padre Júlio Lancellotti e da Pastoral de Rua, fundamental para o amparo de populações vulneráveis na capital paulista, transcende a simples caridade, alcançando as esferas da defesa intransigente dos direitos humanos. Sua defesa inabalável dos direitos humanos e o amparo aos mais vulneráveis, pilares do sacerdócio, são frequentemente enfatizados em documentos e pronunciamentos da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), ecoando a importância da missão de figuras como Padre Júlio Lancellotti em um cenário de crescentes desafios sociais e econômicos, com grande visibilidade no mês de maio.
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A notícia da suposta conspiração e o silêncio da Arquidiocese apenas reforçam a urgência do debate sobre o papel da Igreja em questões sociais. Para mais análises sobre como a fé e a ação social se entrelaçam no cenário urbano de São Paulo e outras cidades, continue acompanhando nossa editoria de Cidades.
Crédito da Imagem: Rovena Rosa/Agência Brasil


