O ouro retoma o patamar de US$ 4 mil por onça-troy, interrompendo uma série de três pregões consecutivos de desvalorização e consolidando sua posição antes da aguardada decisão de política monetária do Federal Reserve (Fed). O metal precioso registrou uma recuperação significativa, com os investidores atentos aos próximos passos do banco central norte-americano, que podem redefinir o cenário de taxas de juros globais e a atratividade de diversos ativos.
O mercado financeiro opera com grande expectativa para o anúncio de hoje. Um consenso praticamente unânime entre os analistas aponta para uma redução de 0,25 ponto percentual (p.p.) na taxa de juros básica dos Estados Unidos. Tradicionalmente, juros em patamares mais baixos tendem a ser favoráveis à valorização do ouro. Isso ocorre porque ativos que oferecem rendimento fixo, como os títulos do Tesouro norte-americano (Treasuries), tornam-se menos vantajosos para os investidores, que buscam alternativas para proteger seu capital da inflação ou de cenários de instabilidade econômica. Dessa forma, o ouro, que não oferece juros ou dividendos, ganha mais apelo como reserva de valor.
Ouro retoma US$ 4 mil antes de decisão crucial do Fed
A recuperação da cotação do ouro foi notável no mercado futuro. Na Comex, a divisão de metais da New York Mercantile Exchange (Nymex), os contratos futuros do metal com vencimento para dezembro apresentaram uma alta de 0,44%, encerrando as negociações a US$ 4.000,7 por onça-troy. Esse movimento de alta sucede um período de volatilidade e uma forte correção nos preços que impactou o metal precioso nos dias recentes, especialmente após ter alcançado múltiplas máximas históricas consecutivas, impulsionado por um ambiente de crescente incerteza global e regional.
A fase de correção observada no preço do ouro nos últimos dias é um fenômeno esperado em mercados que registram picos acentuados. Anteriormente, a ascensão do metal dourado a valores históricos foi robustamente impulsionada pelo aumento das tensões comerciais internacionais, que geraram apreensão quanto ao futuro do comércio global e o desempenho de diversas economias. Além disso, a perda de confiança em moedas de economias do G10 também direcionou investidores para o ouro, visto como um porto seguro em tempos de incerteza monetária. No entanto, após essas altas expressivas, o mercado se tornou “sobrecomprado”, um termo que descreve uma condição técnica onde a pressão compradora se mostra excessiva e insustentável no longo prazo, levando inevitavelmente a um ajuste nos preços.
Ainda nesse contexto de ajuste e projeções futuras, os estrategistas do Bank of America já haviam sinalizado uma perspectiva mais moderada para o curto prazo do metal. Em relatório, eles projetaram o preço do ouro em US$ 3,8 mil para o quarto trimestre de 2025. Contudo, essa previsão é seguida por uma projeção otimista de alta, atingindo US$ 5 mil no ano seguinte. Esse movimento de correção e subsequente recuperação estaria, em parte, ligado ao posicionamento excessivo do mercado nos períodos de euforia, o que realça a natureza cíclica das commodities e a sensibilidade dos preços aos fluxos de capital global.

Imagem: valor.globo.com
Enquanto o mercado de commodities e o cenário monetário internacional digerem as decisões do Fed, a esfera comercial continua no radar dos investidores. Hoje, marcado para às 23h, no horário de Brasília, um encontro entre os presidentes Donald Trump e Xi Jinping, na Coreia do Sul, é crucial. Discussões envolvendo líderes das duas maiores economias mundiais sobre comércio podem ter implicações significativas para as tensões existentes e, consequentemente, impactar o apetite por risco nos mercados globais. Notícias sobre essas relações geopolíticas podem gerar um aumento na demanda por ouro como ativo de segurança, a depender da sinalização de resolução ou agravamento dos conflitos comerciais. Para aprofundar a compreensão sobre como decisões de política monetária afetam mercados globais, veja este artigo sobre as implicações das taxas de juros no cenário internacional do ouro, disponível em uma fonte de alta autoridade: Mercado avalia implicações após Fed confirmar corte de juros.
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Em suma, a recuperação do preço do ouro para acima de US$ 4 mil destaca a sua intrínseca conexão com as políticas monetárias globais e as incertezas geopolíticas. O desfecho da reunião do Federal Reserve e os resultados dos encontros diplomáticos são elementos cruciais que moldarão as próximas movimentações do metal nobre. Continue acompanhando nossa editoria de Economia para se manter informado sobre as tendências do mercado e análises detalhadas: Economia no Hora de Começar.
Foto: Chris Ratcliffe/Bloomberg


 
						 
						