Quase 900 milhões de pessoas pobres ao redor do globo encontram-se em uma situação de vulnerabilidade extrema, diretamente expostas aos severos impactos das mudanças climáticas, que são intensificadas pelo aquecimento global. O alerta foi emitido pelas Nações Unidas (ONU) nesta sexta-feira, dia 17, sublinhando a existência de uma “carga dupla e profundamente desigual” que recai sobre as comunidades mais carentes do planeta.
De acordo com o comunicado da organização, embora ninguém esteja completamente imune às crescentes e intensas manifestações das alterações climáticas – como secas prolongadas, inundações devastadoras, ondas de calor extremo e altos níveis de poluição atmosférica –, são as populações com menores recursos que arcam com o fardo mais pesado dessas calamidades. Haoliang Xu, administrador interino do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud), enfatizou essa realidade, ressaltando a urgência de uma ação coordenada.
ONU: 900 milhões de pessoas pobres expostas a perigos climáticos
A pesquisa anual, desenvolvida pelo Pnud em colaboração com a Iniciativa de Pobreza e Desenvolvimento Humano de Oxford, revela um cenário alarmante: aproximadamente 1,1 bilhão de indivíduos, que correspondem a 18% dos 6,3 bilhões de habitantes analisados em 109 nações, vivem em condições de pobreza “multidimensional aguda”. Essa categorização considera diversos fatores cruciais para a qualidade de vida, como a mortalidade infantil, o acesso adequado à moradia, saneamento básico, energia elétrica e educação de qualidade.
O estudo aponta que metade desses indivíduos impactados pela pobreza são menores de idade, evidenciando uma crise que afeta de maneira desproporcional as novas gerações. Regionalmente, a África Subsaariana e o sul da Ásia são identificados como as áreas mais severamente afetadas por essa pobreza multifacetada, tornando suas populações extremamente suscetíveis aos impactos crescentemente graves das alterações no clima.
O relatório do Pnud detalha a intrínseca conexão entre a pobreza e a exposição a quatro riscos ambientais primordiais: calor extremo, secas prolongadas, inundações volumosas e a crescente poluição do ar. Famílias em condições de empobrecimento, muitas vezes dependentes de setores altamente vulneráveis como a agricultura e o trabalho informal, são particularmente fragilizadas frente aos choques climáticos, que podem desestabilizar ainda mais suas já precárias condições de subsistência.
Quando esses perigos se manifestam de forma simultânea ou recorrente, o agravamento das privações existentes é inevitável. Os dados demonstram que 887 milhões de pessoas, ou quase 79% do total de pessoas em situação de pobreza, estão diretamente expostas a pelo menos uma dessas ameaças climáticas. Deste grupo, cerca de 608 milhões enfrentam ondas de calor extremo, enquanto 577 milhões são atingidos pela poluição atmosférica.
As inundações afetam aproximadamente 465 milhões de pessoas, e 207 milhões residem em cenários de seca constante, ilustrando a amplitude e a diversidade das ameaças enfrentadas. Além disso, a complexidade se intensifica para mais de 650 milhões de pessoas que convivem com, no mínimo, dois desses riscos simultaneamente. Uma parcela significativa, com 309 milhões de indivíduos, enfrenta de três a quatro ameaças, e chocantes 11 milhões de pessoas pobres vivenciaram todos os quatro riscos ambientais em apenas um ano.

Imagem: www1.folha.uol.com.br
A dimensão da “pobreza concomitante e dos perigos climáticos” é inquestionavelmente global, conforme o relatório. A perspectiva é que essa situação se agrave com a progressão do aquecimento global. Especialistas preveem que os países que hoje se encontram em níveis mais acentuados de pobreza serão os que sofrerão os impactos mais devastadores do aumento das temperaturas médias do planeta. A gravidade desta crise global tem sido consistentemente enfatizada por organizações como o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), que desempenha um papel crucial na elaboração de políticas e relatórios para enfrentar os desafios do desenvolvimento humano e sustentável.
Diante deste cenário crítico, a Conferência das Partes (COP30), agendada para acontecer no Brasil em novembro, é apresentada como uma oportunidade singular. Conforme o Pnud, a reunião de cúpula climática da ONU representa um momento decisivo para que os líderes mundiais recalibrem suas abordagens, enxergando a ação climática não apenas como uma pauta ambiental, mas intrinsecamente ligada à ação efetiva contra a pobreza.
Confira também: crédito imobiliário
Em suma, o relatório da ONU sublinha a urgência de integrar políticas de desenvolvimento com estratégias de combate às mudanças climáticas, visando proteger os mais vulneráveis. Entender a correlação entre pobreza e exposição a riscos ambientais é crucial para o planejamento de soluções eficazes e justas. Para se aprofundar em temas de grande relevância nacional e internacional, incluindo questões políticas e sociais que impactam o bem-estar da população, convidamos você a continuar navegando em nossa editoria e ficar por dentro dos principais acontecimentos.
Crédito da imagem: Reprodução – 30.mai.25/



