Pesquisadores da Universidade Federal da Paraíba (UFPB) alcançaram um marco significativo na biodiversidade brasileira: a identificação e descrição de uma **nova espécie de cupim** no Sertão do estado. Batizada cientificamente como *Triclavitermes catoleensis*, a espécie presta homenagem ao município de Catolé do Rocha, local crucial para sua caracterização formal. Este feito é resultado de um minucioso e dedicado trabalho conduzido ao longo de vários anos no Laboratório de Termitologia (LabTermes) da UFPB.
O processo que culminou na oficialização do *Triclavitermes catoleensis* reflete a complexidade e a paciência inerentes à pesquisa taxonômica. A primeira amostra deste inseto peculiar foi coletada há 24 anos, em 2000, na região do distrito de São José da Mata, em Campina Grande. Naquela ocasião, as análises preliminares indicaram a presença de características morfológicas singulares, que apontavam para um novo gênero e uma nova espécie de cupim. No entanto, foram necessárias múltiplas expedições de campo, ao longo de mais de duas décadas, para consolidar a base de dados necessária para sua descrição formal.
Pesquisadores Identificam Nova Espécie de Cupim na Paraíba
Após anos de estudo comparativo e novas coletas em diversas localidades da Paraíba e outros estados do Nordeste, a equipe conseguiu descrever a espécie com base em espécimes encontrados em Catolé do Rocha, estabelecendo-o como a localidade-tipo. Os estudos revelaram que o *Triclavitermes catoleensis* é uma espécie tipicamente nativa da Caatinga, o que sublinha sua importância para o bioma. Segundo os pesquisadores, a nova espécie não representa potencial de praga urbana, o que é uma distinção relevante em comparação a outras espécies de cupins. Em vez disso, ela desempenha um papel ecológico fundamental, atuando como decompositor de matéria orgânica e contribuindo ativamente para a ciclagem de nutrientes dentro do ecossistema semiárido.
O nome do gênero “Triclavitermes” carrega uma curiosa referência à sua morfologia, especificamente à ornamentação da armadura da espécie, que lembra as armas medievais. Este detalhe ilustra a precisão e a riqueza de observações necessárias para classificar novas formas de vida. A designação de Catolé do Rocha como “localidade-tipo” não foi aleatória. O município serviu como base para a descrição principal devido à disponibilidade de áreas conservadas, como o Monte Tabor, um ponto turístico local que mantém uma mata relativamente preservada dentro do perímetro urbano, ideal para a coleta de material para a pesquisa.
O professor Doutor Alexandre Vasconcellos, coordenador da pesquisa, ressalta a magnitude de uma descoberta como essa. Para Vasconcellos, a descrição de novas espécies é vital para o preenchimento de lacunas existentes no conhecimento sobre a diversidade da fauna de cupins do Brasil, especialmente a da região Nordeste. Ele aponta que, embora a biodiversidade de espécies no país seja uma das maiores do mundo, muitas áreas ainda permanecem subestudadas, evidenciando a necessidade de maior investimento e atenção científica.
Em suas declarações, o professor Vasconcellos também reforçou a dimensão mais ampla da descoberta. “Ao divulgar essa descoberta, destacamos a riqueza e a singularidade da biodiversidade da Caatinga e reforçamos a necessidade urgente de conservar os ecossistemas únicos nela existentes”, afirmou. Esta observação é um chamado à ação para a proteção de um bioma que, muitas vezes, é erroneamente percebido como menos biodiverso ou resistente, quando, na realidade, abriga uma profusão de vida adaptada de maneira notável.
Os cupins coletados durante as expedições foram submetidos a um rigoroso processo de preservação, utilizando álcool etílico (etanol) a 80%. Este método é essencial para manter a integridade das estruturas morfológicas dos insetos, permitindo futuras análises e estudos. O material resultante da pesquisa será permanentemente depositado na respeitada Coleção de Térmitas da UFPB, um acervo que congrega resultados de investigações científicas realizadas há mais de três décadas, constituindo uma rica fonte de dados para a comunidade acadêmica.

Imagem: g1.globo.com
Além do professor Alexandre Vasconcellos, a pesquisa contou com a participação de uma equipe dedicada de pesquisadores, incluindo Renan Rodrigues Ferreira, Antônio Carvalho, Emanuelly Félix de Lucena e Rozzanna Esther Cavalcanti Reis de Figueiredo. A relevância e a longevidade deste estudo também foram possibilitadas pelo suporte financeiro crucial da Fundação de Apoio à Pesquisa da Paraíba (Fapesq), vinculada ao Governo da Paraíba, e do Conselho Nacional do Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), do Governo Federal, órgãos essenciais para o fomento à ciência no Brasil.
A descoberta do *Triclavitermes catoleensis* é mais do que a simples identificação de uma nova espécie; é um testemunho da vastidão e da complexidade da biodiversidade da Caatinga, um bioma exclusivo do Brasil que merece atenção contínua e esforços de conservação. Compreender a Caatinga, com sua flora e fauna únicas, significa valorizar um patrimônio natural insubstituível. Para saber mais sobre a importância da Caatinga e seus desafios de conservação, acesse o portal do ICMBio, órgão federal responsável pela gestão da biodiversidade brasileira.
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Esta pesquisa enfatiza a importância de investir em estudos de longo prazo para desvendar os segredos de nossos ecossistemas. Mantenha-se informado sobre mais avanços científicos e notícias do Nordeste acompanhando nossa editoria de Cidades.
Foto: Divulgação/Governo da Paraíba



