A força da vida e a perseverança no amor foram postas à prova para Eduarda e Gabriel, cuja história de superação começou quando Eduarda, a noiva soterrada sobreviveu milagrosamente a um grave acidente na BR-448, em Porto Alegre, e decidiu manter o casamento programado para 1º de novembro. Menos de um mês antes da cerimônia, o casal foi surpreendido por um evento traumático que transformou a expectativa nupcial em uma luta pela vida.
O incidente ocorreu em 7 de outubro, às 11h09 da manhã. Imagens de uma câmera da concessionária da BR-448 registraram o exato momento em que um caminhão, carregado com 28 toneladas de serragem, tombou na via. Eduarda estava em seu veículo, trafegando pela curva acentuada, quando foi surpreendida. “Eu lembro de olhar o retrovisor e de pensar: meu Deus, ele tá muito rápido. Ainda mais aqui, que é uma curva em que a gente reduz a velocidade porque ela é muito acentuada”, relembrou Eduarda.
Noiva soterrada sobrevive em acidente no RS e mantém casamento
Antes de o volume de serragem se espalhar pela pista, a carga colidiu e se despejou sobre o carro de Eduarda, atingindo-o em cheio. Um repórter de rádio que acompanhava o trânsito, Guilherme Milman, narrou a situação ao vivo: “Um caminhão tá tombado, algo que acabou de acontecer. Uma grande carga de serragem caiu inclusive na pista de baixo”. O impacto da ocorrência, que inicialmente parecia ser um bloqueio parcial da via, rapidamente se revelou de magnitude bem maior, colocando Eduarda em uma situação de extremo risco sob a densa carga.
Naquela manhã de outubro, Eduarda estava completamente imobilizada e soterrada dentro de seu veículo, que fora esmagado por inúmeras toneladas de serragem. Gabriel, seu noivo, estava em seu trabalho na Arena do Grêmio quando recebeu um telefonema da própria Eduarda, em meio à aflição. “Minha visão estava bem embaçada nesse primeiro momento. Eu lembro de enxergar borrão. Consegui colocar a senha e ligar”, contou Eduarda, descrevendo seus primeiros instantes de consciência pós-impacto.
Ao saber da notícia, Gabriel correu desesperadamente para o local do acidente. “Quando eu achei o carro e vi a situação, eu tentava tirar o que tinha, sozinho. Foi a maior sensação de impotência que eu já senti na minha vida”, desabafou Gabriel. No caos da cena, ele começou a clamar por socorro. Guilherme Milman, o repórter, relembrou o desespero do noivo: “Eu pergunto o que houve. Ele diz: minha mulher tá aqui embaixo”. Em um misto de angústia e apelo, Gabriel repetia: “Minha mulher, minha esposa, me ajuda, por favor! Ela não responde uma vez”.
O complexo resgate na BR-448
A primeira viatura de suporte avançado que chegou ao local enfrentou uma visibilidade nula do veículo soterrado. “Ela não tinha nenhuma possibilidade de sair de dentro do carro”, explicou a socorrista Diulia Sana. Eduarda sentia uma mescla de alívio pela chegada da ajuda, mas também desespero por estar presa e aparentemente inalcançável. Após preciosos minutos de remoção da serragem, os socorristas finalmente fizeram o primeiro contato com Eduarda. O socorrista Bruno descreveu-a como “bastante nervosa, querendo que a gente retirasse logo ela de lá”, mas enfatizou que ela mantinha a capacidade de compreender as instruções.
Durante todo o processo, Gabriel foi um pilar de força e fé. “A Eduarda é muito forte. Sempre foi. Nesses 10 anos juntos, ela sempre foi forte. Foi isso que me manteve acreditando que ela ia sair de lá com vida”, afirmou Gabriel. Ele, em meio ao drama, falava com ela através das ferragens: “Tô tentando te gravar. Fica acordada comigo, amor”. A união do casal foi crucial nesse momento de vida ou morte.
A “cápsula de sobrevivência” que salvou uma vida
A explicação para a surpreendente sobrevivência de Eduarda reside em um fator crítico: os vidros de seu carro permaneceram hermeticamente fechados após o impacto, criando o que se descreveu como uma “cápsula de sobrevivência”. Esse selamento foi vital, impedindo que a vasta quantidade de serragem invadisse o interior do veículo e, crucialmente, mantendo uma reserva de oxigênio essencial para sua respiração. Eduarda foi, então, retirada das ferragens em uma operação que durou duas horas. Ela descreveu a equipe de resgate: “Eles o tempo todo conversavam comigo, tentavam me acalmar. Se revezavam para segurar minha mão, para não me deixar sozinha em momento nenhum.”

Imagem: g1.globo.com
Ao ser libertada, Eduarda expressou sua gratidão aos profissionais, olhando-os nos olhos e agradecendo a cada um, relembrando suas palavras de que “a gente avisou que só ia sair daqui contigo”. Gabriel, por sua vez, ressaltou a importância desses “inúmeros profissionais” pela vida de Eduarda, ao seu lado. O milagre de sua sobrevivência também levanta questões sobre responsabilidades.
A investigação do acidente na BR-448
Ainda abalado, o motorista do caminhão foi contatado e apresentou sua versão dos fatos por telefone, alegando ter sido surpreendido por uma redução brusca de velocidade por parte de Eduarda. “Ela tava na minha frente. Aí ela acelerou. Quando eu ‘tô’ entrando pra pista de novo, ela segurou o carro. E eu perdi o controle. Tombou o caminhão”, relatou. No entanto, os dados de rastreamento do veículo, que foram fornecidos pelo dono da empresa, indicaram uma discrepância significativa: o caminhão estava a 73 km/h em um trecho onde a velocidade máxima permitida era de 50 km/h. O empresário agiu rapidamente, demitindo o motorista, e foi enfático: “Já é visto que o caminhão estava em alta velocidade. Se não, não ia ter tombado, né? O problema foi a falha do motorista.”
A Polícia Civil do Rio Grande do Sul abriu uma investigação para apurar as causas exatas do acidente. Segundo o delegado responsável pelo caso, “a princípio, a carreta estava acima da velocidade. A lesão corporal culposa foi provocada por ele, que conduzia a carreta que tombou sobre o carro da vítima”. A autoridade investigativa trabalha para detalhar as circunstâncias e atribuir as devidas responsabilidades pelo ocorrido que quase tirou a vida da noiva Eduarda.
Casamento mantido: celebração da vida e do amor
Eduarda passou uma semana internada no hospital, mas, para alívio de todos, não sofreu ferimentos graves. Após enfrentar a experiência mais desafiadora de suas vidas, Eduarda e Gabriel confirmaram que os planos para o casamento seriam mantidos. A data de 1º de novembro permaneceu como um símbolo de sua resiliência e amor. “É mais um motivo, né? Mais um motivo para gente fazer isso, para gente casar. Para gente celebrar a nossa união, o nosso amor”, declarou Eduarda, transformando o trauma em um poderoso motivo para celebrar a vida e o vínculo que os une.
O acidente serve como um lembrete severo dos perigos nas estradas e da importância de respeitar os limites de velocidade e as regras de trânsito. A Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) reforça constantemente a necessidade de segurança viária para prevenir tragédias semelhantes.
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A extraordinária história de Eduarda e Gabriel, onde a noiva soterrada sobreviveu a um cenário adverso, transcende a simples narrativa de um acidente. Ela se tornou um testemunho inspirador da força humana, da capacidade de superação diante da adversidade e do poder inabalável do amor. Continuaremos a acompanhar as notícias e esperamos ver a conclusão das investigações. Para mais detalhes sobre acontecimentos locais e análises de impacto, explore a editoria de Cidades em nosso site.
Crédito da imagem: Reprodução/Fantástico

