O governo da Nigéria declarou neste sábado (31 de janeiro) o seu compromisso inabalável em combater o extremismo violento, ao mesmo tempo em que manifestou o desejo de que Washington continue sendo um aliado estratégico. A declaração surge após o presidente Donald Trump ter incluído a nação africana em uma lista de observação dos Estados Unidos, fundamentada em alegações de ameaças significativas à comunidade cristã no país.
Por meio de um comunicado oficial, o Ministério das Relações Exteriores nigeriano enfatizou que “o governo federal da Nigéria continuará a defender todos os cidadãos, independentemente de raça, credo ou religião.” O ministério reforçou que, de forma análoga aos Estados Unidos, “a Nigéria não tem outra opção senão celebrar a diversidade, que é nossa maior força,” ressaltando a importância intrínseca de sua pluralidade social.
Nigéria reafirma combate ao extremismo após lista dos EUA
Na mesma nota, a diplomacia nigeriana asseverou que a nação é “um país temente a Deus, onde respeitamos a fé, a tolerância, a diversidade e a inclusão, em conformidade com a ordem internacional baseada em regras.” Esta postura foi reiterada como resposta direta à formalização da Nigéria na lista de Países de Preocupação Particular. O anúncio de Trump, feito na sexta-feira (31), categoriza estados que, na visão de Washington, violam severamente a liberdade religiosa de seus cidadãos, gerando preocupações notáveis no maior produtor de petróleo e na nação mais populosa do continente africano.
Contexto da Designação e Relações Bilaterais com os EUA
A recente designação pela administração Trump posiciona a Nigéria ao lado de outras nações como China, Mianmar, Coreia do Norte, Rússia e Paquistão, todos classificados por Washington como violadores da liberdade religiosa. Não é a primeira vez que a Nigéria se encontra sob tal escrutínio por parte dos Estados Unidos. Durante seu primeiro mandato, Donald Trump já havia inserido o país africano na mesma lista. Contudo, em 2021, o democrata Joe Biden, então seu sucessor, removeu a Nigéria dessa relação, num movimento que assinalou uma reorientação na abordagem americana sobre o tema. Para uma compreensão mais profunda da política externa americana em relação à liberdade religiosa e suas implicações globais, os documentos e posicionamentos oficiais podem ser consultados no Departamento de Estado dos EUA, que frequentemente publica relatórios sobre o tema.
As justificativas apresentadas por Trump para a reinclusão foram expressas publicamente por meio de suas redes sociais. Ele afirmou na sexta-feira (31) que “o cristianismo enfrenta uma ameaça existencial na Nigéria”, adicionando que “milhares de cristãos estão sendo mortos” e atribuindo essa “carnificina em massa” a “islamistas radicais”. No entanto, na publicação original, não foram fornecidos detalhes específicos ou dados adicionais que corroborassem diretamente tais afirmações.
A Complexidade dos Desafios Internos Nigerianos: Religião, Etnia e Violência
A Nigéria, caracterizada por uma vasta composição demográfica, engloba mais de 200 grupos étnicos distintos, praticantes de cristianismo, islamismo e diversas religiões tradicionais. Essa intrincada tapeçaria cultural e religiosa construiu uma longa e rica história de convivência pacífica, manifestada pela coexistência visível de mesquitas e igrejas em inúmeras cidades. No entanto, essa convivência foi pontuada por episódios de violência, nos quais as diferenças religiosas frequentemente se misturam a divisões étnicas históricas e a disputas acirradas por recursos vitais, como terras férteis e a escassez de recursos hídricos. Este panorama multifacetado intensifica os desafios de segurança e governança enfrentados pela nação.
A insurgência promovida pelo grupo extremista islâmico Boko Haram representa uma das chagas mais severas do país, aterrorizando o nordeste da Nigéria há aproximadamente 15 anos. Essa onda prolongada de violência resultou na morte de dezenas de milhares de pessoas, sendo a maioria das vítimas muçulmanos, o que sublinha a natureza complexa e devastadora do extremismo que assola a região e o sofrimento impingido a todas as comunidades, independentemente de sua fé.

Imagem: Emmanuel Ikwuegbu via valor.globo.com
Preocupação e Engajamento do Legislativo Americano com a Nigéria
Em paralelo à declaração presidencial, Trump dirigiu um apelo formal ao Comitê de Apropriações da Câmara dos Representantes dos EUA. Sua solicitação visava que o comitê investigasse a questão na Nigéria e apresentasse um relatório abrangente sobre o tema. Essa solicitação ressalta um interesse e uma preocupação crescentes dentro dos círculos legislativos americanos em relação à situação da liberdade religiosa no país africano. Inclusive, um subcomitê do Congresso dos EUA já havia realizado uma audiência dedicada especificamente aos assassinatos de cristãos na Nigéria no início deste ano, evidenciando um engajamento prévio e continuado com a matéria em pauta.
Em resposta à designação da Nigéria, o presidente do Comitê de Apropriações, deputado Tom Cole, utilizou sua conta na rede social X (anteriormente conhecida como Twitter) para comentar a decisão. Na sexta-feira, ele afirmou categoricamente que a medida envia “uma mensagem forte: os Estados Unidos não ignorarão a perseguição aos cristãos.” Esta declaração reforça o tom assertivo da política externa americana em questões cruciais de direitos humanos e liberdade de crença, especialmente quando ligadas à proteção de comunidades religiosas ao redor do mundo.
A inclusão da Nigéria na lista de Países de Preocupação Particular, novamente realizada pela administração de Donald Trump, reacende o debate sobre a liberdade religiosa na nação africana e as complexidades da abordagem diplomática americana em temas de direitos humanos. A Nigéria, por sua vez, mantém sua firme posição de compromisso com a valorização da diversidade e o combate incessante ao extremismo, ao mesmo tempo em que espera que as relações com os Estados Unidos prossigam de maneira produtiva, apesar das atuais divergências. A comunidade internacional continua a acompanhar de perto os desdobramentos dessa relação bilateral, que se mostra fundamental para a estabilidade regional e o cenário global.
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Crédito da imagem: Valor One
