A guerra em Gaza somente se encerrará sob uma condição específica e incontornável: o **desarmamento completo do Hamas**. Esta foi a declaração enfática feita pelo primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, no último sábado (18), ao delinear a fase derradeira de um eventual acordo de trégua na região. A exigência do desmantelamento da capacidade militar do grupo islâmico palestino configura a “Fase B” do cessar-fogo proposto, sendo um pilar central para o término das hostilidades, conforme articulado pelo líder israelense.
Netanyahu clarificou a complexidade dessa “Fase B” em sua entrevista ao Canal 14, emissora de TV israelense, destacando que ela transcende a simples entrega de armas. Envolve a “desmilitarização da Faixa de Gaza”, o que pressupõe uma remoção abrangente de qualquer infraestrutura militar. Antes mesmo de alcançar a desmilitarização total, o processo contempla o “confisco das armas do Hamas”, um passo crucial para enfraquecer o movimento islamista. O primeiro-ministro enfatizou a expectativa de que este estágio seja cumprido de maneira pacífica. Contudo, ele adicionou um alerta: “Se não [ocorrer de forma fácil], então [será] de forma contundente”, reforçando a determinação israelense em assegurar este desfecho para pôr fim ao conflito.
Netanyahu: Guerra em Gaza finda com desarmamento Hamas
A declaração de **Benjamin Netanyahu** reitera uma posição firme de Israel em relação ao futuro de Gaza e a segurança da região. Para o líder israelense, o sucesso desta empreitada é a única porta para o fim do conflito prolongado, que tem gerado graves crises humanitárias e instabilidade geopolítica no Oriente Médio. A busca pelo desarmamento do Hamas representa, na visão de Tel Aviv, a garantia de que ataques e hostilidades, como os presenciados recentemente, não se repitam no futuro.
A tensão regional também foi evidenciada em torno da passagem de fronteira de Rafah. No mesmo sábado (18), o primeiro-ministro israelense fez saber que o principal ponto de entrada e saída dos habitantes de Gaza, que liga o enclave ao Egito, permanecerá inoperante até nova deliberação. A reabertura desta fronteira estratégica, essencial para o fluxo de pessoas e mercadorias, seria condicionada diretamente à entrega dos corpos dos reféns mortos pelo Hamas. Essa posição foi noticiada por agências como a Reuters. No entanto, em contraste, a embaixada palestina no Egito havia divulgado anteriormente que a passagem seria reaberta na segunda-feira seguinte para a entrada de ajuda e pessoas em Gaza, criando uma dissonância nos comunicados oficiais e acentuando a incerteza sobre a movimentação vital nesta área fronteiriça. Rafah, vale lembrar, tem se mantido praticamente fechada desde maio de 2024, intensificando o isolamento da Faixa de Gaza.
A sensibilidade da situação em Gaza foi acentuada pela controvérsia envolvendo a devolução dos corpos dos reféns. O Hamas comunicou sua intenção de entregar mais dois corpos no sábado, elevando para 12 – de um total de 28 – o número de restos mortais devolvidos a Israel. Esse movimento integra um acordo de cessar-fogo e troca de reféns, mediado pelos Estados Unidos e aceito por ambas as partes na semana anterior. Embora houvesse um entendimento para tal, a questão da devolução dos corpos expõe a fragilidade subjacente do cessar-fogo. Israel tem acusado o grupo militante de morosidade excessiva na restituição dos restos mortais dos reféns ainda sob sua posse. Por sua vez, o Hamas argumenta que a vasta destruição na Faixa de Gaza dificulta a localização e recuperação de alguns dos corpos, demandando mais tempo para concluir a tarefa.
Este intrincado arranjo faz parte de um plano mais amplo de cessar-fogo. De acordo com os termos estabelecidos, o Hamas libertou vinte reféns israelenses que estavam vivos e sob seu controle há dois anos. Em contrapartida, Israel libertou aproximadamente 2.000 detentos palestinos e prisioneiros que cumpriam pena. Além disso, o acordo demanda que Israel entregue 360 restos mortais de militantes palestinos. Até o momento, a proporção da troca tem sido de 15 restos mortais palestinos por cada corpo israelense recebido, sublinhando a assimetria e as complexidades envolvidas nesse processo de troca e repatriamento.
No plano humanitário, a urgência se mantém crítica. O acordo de cessar-fogo incluiu, como ponto crucial, o incremento da entrada de ajuda humanitária no enclave, onde, de acordo com relatórios do monitor global de fome IPC (Integrated Food Security Phase Classification), centenas de milhares de pessoas enfrentam insegurança alimentar severa e estão afetadas pela fome. Após um período de 11 semanas, até março, em que Israel interrompeu quase todos os suprimentos para Gaza, a assistência começou a ser gradualmente ampliada a partir de julho. Desde o estabelecimento do cessar-fogo mediado pelos EUA, houve um aumento mais significativo, permitindo a entrada diária de uma média de 560 toneladas de alimentos. No entanto, essa quantidade ainda é consideravelmente inferior à escala das necessidades, conforme pontuado pelo Programa Mundial de Alimentos da ONU (PMA). Para entender a profundidade da crise humanitária na região, a Coordenação de Assuntos Humanitários da ONU (OCHA) fornece atualizações constantes, destacando a importância da colaboração internacional para mitigar o sofrimento. Informações mais detalhadas podem ser encontradas em https://www.ochaopt.org/.
Apesar dos acordos parciais e dos esforços de mediação, persistem grandes obstáculos para a plena implementação do plano de vinte pontos proposto pelo ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, para uma resolução definitiva do conflito. Questões essenciais para a estabilidade futura de Gaza e da região, tais como o desarmamento efetivo e completo do Hamas, a formação de um modelo de governança para a Faixa de Gaza pós-conflito, a composição e as responsabilidades de uma “força de estabilização” internacional e os avanços práticos em direção à criação de um Estado palestino independente, permanecem sem resolução. Estes desafios complexos representam entraves significativos para a consolidação de uma paz duradoura e justa na região, demonstrando que o caminho à frente ainda é longo e repleto de negociações difíceis.
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Em suma, as recentes declarações de Benjamin Netanyahu sublinham a firme condição israelense de que o desarmamento do Hamas é um pré-requisito irrenunciável para o fim do conflito em Gaza, marcando um ponto central nas negociações de trégua. A intrincada questão dos reféns, o delicado equilíbrio humanitário e as divisões sobre o futuro da Faixa de Gaza continuam a desenhar um cenário complexo e repleto de desafios. Para se aprofundar nas nuances da política internacional e seus impactos regionais, explore mais artigos em nossa editoria de Política.
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Imagem: g1.globo.com


