As negociações comerciais EUA China na Cúpula da Asean culminaram em otimismo, com representantes de Washington e Pequim sinalizando uma abertura para um encontro produtivo entre os presidentes Donald Trump e Xi Jinping. O diálogo, realizado à margem da 47ª Cúpula da Associação de Nações do Sudeste Asiático (Asean) em Kuala Lumpur, reacendeu as esperanças de que as duas maiores economias mundiais possam finalmente desacelerar sua conturbada guerra comercial.
No domingo, o Representante Comercial dos Estados Unidos, Jamieson Greer, juntamente com o Secretário do Tesouro, Scott Bessent, reuniu-se com o vice-primeiro-ministro chinês, He Lifeng. Este encontro representou a quinta rodada de discussões presenciais desde maio, marcando um esforço contínuo para estabilizar as relações comerciais globais. O principal negociador comercial da China, Li Chenggang, também participou das sessões, que tiveram início no sábado.
EUA e China Negociam na Asean e Abrem Caminho para Trump-Xi
Após as sessões, Jamieson Greer manifestou confiança, afirmando à imprensa que o cenário atual sugere um ponto de inflexão para uma “reunião muito produtiva” entre os líderes. A declaração foi feita enquanto Greer se dirigia para se encontrar com o Presidente Trump, ressaltando a relevância dessas preparações. As conversações abarcaram uma vasta gama de assuntos, incluindo a possível prorrogação da trégua sobre medidas comerciais e a controvérsia em torno dos minerais de terras raras, cujo controle pela China tem causado escassez global e preocupações estratégicas.
A retomada dessas conversas ocorre em um momento de escalada nas tensões comerciais. Recentemente, o presidente Donald Trump havia emitido ameaças de impor novas tarifas de 100% sobre produtos chineses e outras restrições comerciais a partir de 1º de novembro. Essa retaliação viria em resposta aos controles de exportação expandidos pela China sobre ímãs e outros minerais de terras raras, que são componentes vitais em tecnologias modernas e estratégicas.
A chegada de Donald Trump a Kuala Lumpur no domingo marcou a primeira parada de uma viagem asiática de cinco dias, cujo ponto culminante será o aguardado encontro com Xi Jinping na Coreia do Sul em 30 de outubro. Um desfecho positivo para as negociações em Kuala Lumpur é considerado crucial para remover possíveis entraves e garantir o sucesso da cúpula de alto risco entre os dois líderes.
Temas Sensíveis na Pauta da Cúpula EUA-China
Embora a Casa Branca já tenha oficializado o encontro entre os presidentes Trump e Xi, Pequim ainda não emitiu uma confirmação formal. A agenda provável para a cúpula abrange uma série de questões complexas e de grande impacto, com as compras chinesas de soja americana sendo um dos principais itens de discussão, vital para a economia agrícola dos EUA.
Além disso, a situação de Taiwan representa um ponto de atrito diplomático contínuo. Washington tem demonstrado preocupação com a ilha, que se governa democraticamente, mas é vista por Pequim como uma província secessionista e território chinês inalienável. Outro tópico de grande sensibilidade é a detenção de Jimmy Lai, o magnata da mídia de Hong Kong e fundador do jornal pró-democracia Apple Daily, que foi extinto. O caso de Lai tornou-se um símbolo da repressão da China às liberdades e aos direitos civis no vibrante centro financeiro asiático.
O presidente Trump também pretende solicitar o auxílio da China nas negociações de Washington com a Rússia. Com a guerra na Ucrânia se aproximando do seu quarto ano, os EUA buscam caminhos diplomáticos para o conflito, e a influência chinesa é vista como um fator potencialmente importante. No entanto, o envolvimento chinês nessas conversações geopolíticas acarreta nuances e desafios diplomáticos complexos.
Em um claro posicionamento, o secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, reforçou no domingo que o país não abandonará Taiwan em troca de quaisquer benefícios comerciais com a China. Esta declaração sublinha a firmeza das prioridades geopolíticas americanas, que vão além dos interesses puramente econômicos em sua relação com Pequim. Para contextualizar as atuais relações globais e seu impacto, informações atualizadas de fontes confiáveis, como a Reuters, são sempre recomendadas.

Imagem: valor.globo.com
Escalada e Desafios de uma Trégua Frágil
As últimas semanas foram marcadas por uma acentuada intensificação nas tensões entre as duas maiores potências econômicas, apesar dos esforços iniciais de conciliação. Uma trégua comercial previamente estabelecida, originada após a primeira rodada de negociações em Genebra em maio e estendida em agosto, mostrou-se notoriamente frágil. Essa fragilidade resultou na imposição recíproca de novas sanções, restrições à exportação e ameaças de medidas retaliatórias ainda mais severas, minando a estabilidade da relação comercial entre EUA e China.
A rodada mais recente de negociações em Kuala Lumpur dedicou atenção especial aos controles expandidos da China sobre as exportações de terras raras. Esses controles não apenas desencadearam uma escassez global, mas também impulsionaram o governo Trump a considerar um bloqueio às exportações de “softwares críticos” para a China, afetando uma vasta gama de produtos, de laptops a motores a jato. A medida é vista como uma resposta estratégica à percebida monopolização chinesa de recursos essenciais.
Adicionalmente, um dia antes do início oficial das negociações, os Estados Unidos anunciaram o lançamento de uma nova investigação tarifária, citando um “aparente descumprimento” por parte da China do acordo comercial de “Fase Um”, assinado em 2020. Esta investigação sobre práticas comerciais que Washington considera desleais reforça o arsenal de Donald Trump contra a China, complicando ainda mais o caminho para a formulação de qualquer pacto futuro.
Em meio a esses desenvolvimentos, qualquer acordo que possa emergir das negociações deste domingo é provável que seja frágil e sujeito a futuras tensões. A relação comercial globalmente mais importante, avaliada em um volume impressionante de US$ 660 bilhões anuais, está em jogo, e a natureza intrincada dos problemas envolvidos exige uma diplomacia contínua e cautelosa para prevenir novas rupturas e garantir uma estabilidade sustentável.
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Em resumo, as negociações em Kuala Lumpur foram um passo estratégico para abrir um canal de diálogo entre líderes, mas a resolução completa dos desafios que marcam a relação EUA-China permanece um objetivo de longo prazo e alta complexidade. Para acompanhar os próximos capítulos dessas e outras discussões geopolíticas de impacto global, continue acessando a nossa editoria de Política.
Crédito da imagem: O Representante Comercial dos EUA, Jamieson Greer (ao centro) Foto: Evelyn Hockstein/REUTERS


 
						 
						