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A Justiça proferiu sentença contra Stefânia Andrade Resende, impondo uma pena de doze anos e seis meses de reclusão em regime fechado pela trágica morte da família Monare na BR-050. A decisão judicial, que classificou o ocorrido como triplo homicídio, foi anunciada após um julgamento em 24 de abril, quarta-feira, no Fórum da cidade de Araguari, em Minas Gerais.
No decorrer do processo, Stefânia não compareceu à sessão. De acordo com informações de seu advogado, Myqueias Balbino Mendes, a ré reside atualmente em São Paulo e está desempregada, fatores que motivaram sua ausência. Um mandado de prisão já foi expedido para a condenada.
Mulher Condenada a 12 Anos por Morte de Família Monare na BR-050
O defensor também adiantou a intenção de sua cliente em recorrer da decisão, contestando o veredito. O incidente em questão, que culminou na morte de pai, mãe e do filho mais velho, ocorreu em 7 de outubro de 2018, quando o veículo conduzido por Stefânia colidiu com o carro da família Monare.
Apenas o filho mais novo do casal, então com seis anos de idade, sobreviveu à violenta batida. Ele foi encontrado à beira da rodovia, dois dias depois do acidente, por um caminhoneiro que passava pelo local e prestou socorro. Conforme relatado pelo próprio garoto, ele teria passado a noite escalando uma montanha após o sinistro. O caso gerou grande comoção e repercussão em todo o país.
Durante as etapas processuais em Araguari, a parte da acusação dedicou-se à apresentação de evidências, argumentando veementemente que a ré deveria responder pelos homicídios consumados e pela tentativa de homicídio em relação ao caçula. A defesa, por sua vez, postulou uma perspectiva diferente para a tipificação do crime. Eles alegaram que, embora Stefânia tivesse responsabilidade, esta deveria ser enquadrada como crime de trânsito, e não homicídio intencional.
“Nunca houve dolo, nem negligência com a vida”, argumentou o advogado de defesa Deuel Gontijo Amorim, questionando a ausência de outros envolvidos no banco dos réus. A defesa contestou ainda a alegação de que Stefânia teria omitido a existência de outro veículo na cena do acidente. Para respaldar esta versão, um áudio foi apresentado ao corpo de jurados, comprovando que uma amiga da ré havia contatado a central da MGO, a concessionária responsável pela rodovia na época, imediatamente após a colisão.
O advogado Myqueias Balbino Mendes reforçou o argumento: “Não foi má-fé; ela estava envolvida no acidente. O carro dela girou, caiu no canteiro, ela saiu assustada e não viu [o outro carro claramente]. Ela entrou em contato com a MGO e relatou: um carro bateu na minha lateral e não sei se ele foi embora ou se ainda está aqui.” Além disso, os defensores destacaram a cooperação integral de Stefânia nas investigações conduzidas pela Polícia Rodoviária Federal desde o princípio.
No tocante a outras acusações, a defesa de Stefânia garantiu que ela não estava sob influência de álcool no momento da batida. Eles explicaram que a ingestão de bebida alcoólica ocorreu em 6 de outubro, um dia antes do grave acidente. Sobre a ausência da Carteira Nacional de Habilitação (CNH), os advogados classificaram a situação como “imperícia”, indicando a falta de aptidão técnica para dirigir. “Não possuir carteira de habilitação é uma imperícia. Isso acarreta responsabilidade por culpa, mas não com a intenção de matar, não caracteriza dolo eventual”, complementou Deuel Gontijo Amorim, frisando a distinção legal.
O Acidente de 2018 na BR-050
Em 7 de outubro de 2018, a família Monare – Alessandro Monare, 37 anos, Belkis da Silva Miguel Monare, 35, e os filhos Samuel, de 8, e o caçula de 6 anos – estava retornando para Campinas (SP), sua cidade natal, após uma viagem de comemoração ao aniversário de Belkis em Rio Quente (GO). No mesmo dia, Stefânia, que tinha 21 anos à época e dirigia sem a devida CNH, partia de Araguari em direção a Uberlândia com mais duas amigas.
Investigações da Polícia Civil e testemunhos indicaram que as três jovens haviam passado a noite anterior em uma festa em Uberlândia, onde teriam consumido bebidas alcoólicas, e o inquérito apontou a possível presença de substâncias ilícitas no local. Conforme detalhado pelo delegado Rodrigo Luis Fiorindo, as análises de imagens da manhã do sinistro revelaram que ambos os automóveis, antes da colisão, trafegavam na faixa da direita. O veículo guiado por Stefânia demonstrou uma condução irregular, invadindo a pista da esquerda.

Imagem: g1.globo.com
O delegado Fiorindo esclareceu a dinâmica do ocorrido: “O condutor do carro da família provavelmente tentou desviar desse veículo que trafegava de maneira imprudente, mudando para a faixa da esquerda. Contudo, próximo ao km 45, a jovem voltou a invadir a pista, colidindo com o automóvel da família e desencadeando o trágico acidente.” A análise dessas circunstâncias é crucial para entender a tipificação penal. Para mais informações sobre leis de trânsito e condução segura, é possível consultar o site da Polícia Rodoviária Federal.
O carro da família Monare só foi descoberto dois dias depois da batida, em 9 de outubro, dentro de uma vala. Na época, Stefânia foi indiciada por três homicídios qualificados e uma tentativa. O delegado apontou que o fato de ela não possuir habilitação, ter participado de uma festa consumindo álcool na noite anterior e não ter descansado, são aspectos que “caracterizam a culpa, migrando o crime do Código de Trânsito para o Código Penal. Ela agiu com despreocupação quanto à segurança de outras pessoas nas vias onde transitava”, destacou.
A comoção pelo desaparecimento da família foi imediata. Alessandro, que era pastor da Igreja Batista há seis anos, tinha um culto marcado para aquela manhã em Campinas. Sua ausência inesperada levou amigos e parentes a iniciar buscas por conta própria. Membros de outras igrejas também se juntaram à procura, percorrendo o trajeto previsto para o retorno da família.
Corpo de Bombeiros, Polícia Rodoviária Federal (PRF) e MGO Rodovias foram acionados, e as últimas informações de rastreamento apontavam para o km 114 da LGM-223. Drones foram mobilizados para vasculhar a área, mas, inicialmente, o veículo não foi localizado. Foi somente na terça-feira, 9 de outubro de 2018, que a tragédia foi plenamente revelada com a localização do carro.
O caçula, de apenas seis anos, foi a única esperança. Ele conseguiu sair do automóvel na vala e, com esforço, escalou o barranco íngreme, alcançando a margem da rodovia. Um caminhoneiro que o avistou prestou auxílio imediato. Mesmo em estado de choque, a criança foi capaz de fornecer seu nome e idade. Ele foi prontamente encaminhado ao Hospital de Clínicas da UFU, em Uberlândia. Apresentava sinais de desidratação, mas felizmente não tinha ferimentos graves. Após ser examinado e receber alta, pôde finalmente retornar para Campinas (SP) com outros familiares. Para salvaguardá-lo, um laudo psicológico foi anexado ao processo judicial, assegurando que o menino não precisasse depor, evitando um trauma ainda maior.
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A condenação de Stefânia Andrade Resende é um capítulo doloroso em um acidente que chocou o país. O caso da família Monare, que perdeu seus entes em uma colisão brutal na BR-050, permanece como um lembrete sombrio das consequências da imprudência no trânsito e da longa jornada pela justiça. Continue acompanhando as notícias de Cidades para mais atualizações e informações sobre o cotidiano e questões jurídicas em nosso editorial.
Crédito da imagem: Reprodução/Facebook Família Monare; Reprodução/TV Integração; Jefferson Barbosa/EPTV
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