Um episódio chocante de cárcere privado e violência doméstica gerou grande repercussão em todo o país após uma mulher pedir ajuda com um bilhete em papel higiênico em Gaspar, Santa Catarina. O relato de uma vítima de 34 anos resultou na prisão preventiva do seu companheiro, um homem de 29 anos, identificado como o principal suspeito dos abusos. A denúncia, que ocorreu na noite de sexta-feira, 3 de maio, na cidade localizada no Vale do Itajaí, desnudou uma série de agressões e ameaças sofridas pela mulher.
A situação veio à tona quando a vítima, acompanhada do agressor, buscou uma loja de conveniência, alegando o desejo de comprar cigarros. Nesse breve momento, ela conseguiu redigir um pedido de socorro no interior de um rolo de papel higiênico, com os dizeres: “estou em cárcere privado, 190”, acompanhados de seu endereço. Esse ato desesperado, mas engenhoso, foi a chave para o seu resgate, expondo a urgência e a gravidade de sua situação.
Mulher presa pede ajuda via bilhete em papel higiênico
A descoberta do bilhete ocorreu no dia seguinte. Um funcionário da loja de conveniência encontrou o recado na manhã de sábado, 4 de maio, e prontamente acionou a Polícia Militar. As autoridades, agindo com rapidez e eficiência, se dirigiram ao endereço fornecido pela vítima por volta das 10h30.
Ao chegar à residência, os policiais se depararam com um homem visivelmente alterado e nervoso, que se recusava a abrir a porta. Diante da fundada suspeita de que a mulher estivesse em perigo, a guarnição não hesitou em forçar a entrada na propriedade. Lá dentro, encontraram a mulher, que estava em evidente estado de choque e apresentava múltiplas lesões. As agressões, que incluíam marcas no pescoço, rosto e seios, eram prova visível da violência a que estava submetida, configurando o cenário de um cárcere privado.
Em seu depoimento aos policiais, a vítima descreveu um aterrorizante ciclo de violência e abuso. Ela relatou ter sido agredida pelo companheiro em diversas ocasiões. Dentre os relatos mais alarmantes, consta que o homem a forçou a praticar sexo, sob a constante ameaça de agressão caso ela se recusasse. Além disso, sem o seu consentimento, ele a obrigou a gravar um vídeo íntimo. Para intensificar o controle, o suspeito ameaçou divulgar o material em grupos de WhatsApp e redes sociais, caso a mulher tentasse encerrar o relacionamento ou procurar ajuda.
A vítima também detalhou que, no dia exato das agressões e das ameaças de morte, ao chegar em casa, seu aparelho celular foi quebrado pelo homem. O ato de destruição ocorreu porque ela se recusou a desbloquear o dispositivo, evidenciando o padrão de controle e possessividade. O comportamento agressivo do agressor não se conteve sequer com a chegada dos agentes ao local, mantendo a postura de resistência e nervosismo que havia sido percebida desde a aproximação inicial da polícia.
A ação da Polícia Militar culminou na prisão em flagrante do homem de 29 anos, no mesmo sábado em que a vítima foi resgatada. Ele foi então conduzido para a devida audiência de custódia, realizada no domingo, 5 de maio. Na ocasião, a Justiça acatou o pedido de conversão da prisão em flagrante para preventiva, uma medida que visa assegurar a integridade da vítima e a ordem pública, mantendo o suspeito sob custódia enquanto as investigações e o processo legal avançam.

Imagem: g1.globo.com
A respeito da dinâmica do relacionamento, a mulher informou à polícia que estava separada do agressor há aproximadamente seis meses, mas que eles haviam reatado o relacionamento poucos dias antes do incidente de cárcere, na terça-feira, 30 de abril. Fatores alarmantes foram adicionados a essa relação, pois a vítima revelou já possuir uma medida protetiva contra o mesmo homem, concedida anteriormente devido a agressões preexistentes. Essa medida, contudo, não foi suficiente para deter o comportamento violento do agressor, que a descumpriu repetidamente.
A identidade do suspeito não foi publicamente divulgada pelas autoridades, e o caso segue sob segredo de justiça, em proteção à vítima e à continuidade das investigações. Entretanto, foi revelado pela Polícia Militar um histórico criminal extenso do homem, que acumula impressionantes 44 boletins de ocorrência. Esses registros incluem crimes como descumprimento de medida protetiva de urgência (envolvendo mulher), posse e tráfico de drogas (crack e maconha), injúria, furto em residência, ameaça, vias de fato, lesão corporal dolosa (em contexto de violência doméstica), posse ou porte de drogas para uso pessoal, receptação dolosa e dano. Esse vasto histórico de infrações corrobora a gravidade das acusações e a periculosidade do indivíduo.
O caso da mulher de Gaspar é um lembrete severo da urgência em combater a violência doméstica. Para mulheres em Santa Catarina que necessitem de ajuda ou busquem informações, diversas ferramentas estão disponíveis. O WhatsApp da Polícia Civil (48) 98844-0011, a Delegacia Virtual (delegaciavirtual.sc.gov.br) e os telefones 190 (Polícia Militar) e 100 ou 182 (Disque Direitos Humanos) são canais essenciais. É fundamental buscar apoio, e iniciativas governamentais como o combate à violência contra a mulher reforçam a importância de denunciar para romper o ciclo de abusos, conforme destacado em campanhas de conscientização disponíveis em plataformas oficiais como www.gov.br.
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Este trágico acontecimento em Gaspar evidencia a necessidade contínua de vigilância e apoio às vítimas de violência doméstica, além da atuação incisiva das autoridades. O bilhete no papel higiênico serviu como um grito de socorro audível em meio ao desespero, culminando no resgate da vítima e na prisão do agressor com vasto histórico criminal. Para mais notícias sobre segurança pública e crimes em cidades brasileiras, continue acompanhando as atualizações em nossa editoria de Cidades.
Foto: Polícia Militar/Divulgação
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