O Patrimônio Arqueológico em Garanhuns, localizado no coração da cidade do Agreste pernambucano, é objeto de atenção especial por parte das autoridades federais. O Ministério Público Federal (MPF) expediu uma recomendação formal à prefeitura local, solicitando a regulamentação de obras urbanas estratégicas para garantir a salvaguarda de vestígios históricos milenares. Essa medida visa proteger os potenciais achados que a área central pode abrigar, elementos cruciais para compreender a formação e o desenvolvimento do município.
Monumentos como o Marco Zero e a Colunata, pontos icônicos do Centro, guardam não apenas memórias visuais, mas também, conforme indicam pesquisas, possíveis evidências da ocupação de Garanhuns por civilizações anteriores. As prospecções arqueológicas levantam a possibilidade de que o solo garanhuense preserve objetos como cerâmicas, ossadas e utensílios, capazes de reconstruir a narrativa das primeiras comunidades que habitaram a região.
MPF Recomenda Proteção de Patrimônio Arqueológico em Garanhuns
Essa preocupação com a riqueza histórica do subsolo de Garanhuns culminou na ação do MPF, que busca assegurar a devida proteção de um patrimônio ainda a ser plenamente explorado. O documento endereçado à administração municipal enfatiza a necessidade de o poder público municipal ajustar os projetos da Avenida Santo Antônio junto ao Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). Paralelamente, a recomendação solicita a apresentação de um abrangente Plano de Manejo Arqueológico, instrumento essencial para nortear futuras intervenções e preservar qualquer item arqueológico que possa ser descoberto durante as escavações.
Importância Histórica e os Vestígios Ocultos de Garanhuns
Para o historiador Eduardo Silva, a área central de Garanhuns é um verdadeiro celeiro de registros do passado do município. Em entrevista à TV Asa Branca, Silva pontuou: “Quando pensamos a formação histórica de Garanhuns, lembramos da primeira cadeia, da antiga Câmara de Vereadores e da primeira matriz de Santo Antônio, que provavelmente tinha um cemitério aos fundos”. Estas localizações, todas na Avenida Santo Antônio, passaram por recentes processos de revitalização. Melhorias na pavimentação, a edificação de praças e a construção de boxes comerciais foram implementadas, mas a premissa de que o patrimônio histórico, incluindo o ainda desconhecido patrimônio arqueológico, deveria ser salvaguardado, permeou essas iniciativas.
A atenção sobre essas áreas revitalizadas é contínua, uma vez que elas ainda podem ocultar camadas de história não investigadas. Os elementos que podem estar sob o solo são silenciosas testemunhas das gerações pioneiras, fornecendo informações valiosas sobre seus costumes, tecnologias e formas de vida. A possibilidade de vestígios significativos é real e exige uma abordagem proativa na gestão de obras e no desenvolvimento urbano, especialmente em regiões com indícios claros de ocupação histórica. O cuidado com essas descobertas não apenas enriquece o acervo cultural da cidade, mas também oferece um mergulho profundo nas raízes da identidade local e nacional.
Diálogo entre MPF, Iphan e Prefeitura: Medidas Protetivas em Curso
Em resposta à solicitação do Ministério Público Federal, o secretário de Meio Ambiente, Neilton Cavalcante Falcão, em pronunciamento à TV Asa Branca, informou sobre as ações preventivas já adotadas pela prefeitura. Ele destacou que um arqueólogo foi contratado para supervisionar as etapas iniciais das escavações. Falcão afirmou que, até o momento, não houve identificação de nenhum vestígio arqueológico durante esse acompanhamento. Contudo, o secretário reforçou o compromisso da administração municipal em atender integralmente às diretrizes do MPF, sinalizando a formalização de um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) em parceria com o Iphan.

Imagem: g1.globo.com
Este TAC visa consolidar a conformidade legal dos procedimentos e reforçar o alinhamento com as normas de preservação do patrimônio. A atuação conjunta de especialistas em diversas áreas é fundamental, conforme enfatizou o historiador Eduardo Silva. Ele defende a imprescindibilidade de profissionais como arqueólogos, historiadores e geógrafos trabalharem em sinergia nas obras. Tal colaboração evita danos irremediáveis a possíveis patrimônios e oferece uma visão multidisciplinar, permitindo entender o passado sem entraves às intervenções urbanísticas presentes. Silva concluiu que a história transcende os fatos passados, sendo uma lente para interpretarmos nosso tempo.
O prazo estabelecido pelo MPF para que o município de Garanhuns informe as providências a serem tomadas em resposta à recomendação é de 15 dias úteis. A prefeitura reiterou sua total disponibilidade aos órgãos de controle e reforçou seu empenho em harmonizar o avanço urbanístico com a fundamental proteção do seu valioso patrimônio histórico e arqueológico. A decisão do MPF reflete a crescente atenção sobre a preservação cultural em meio ao desenvolvimento, destacando a necessidade de procedimentos técnicos rigorosos para garantir que a memória histórica não seja inadvertidamente perdida. O MPF desempenha um papel crucial na defesa do meio ambiente e patrimônio cultural em todo o território nacional, fiscalizando e agindo para proteger bens de valor inestimável para a sociedade brasileira.
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A proteção do patrimônio arqueológico em Garanhuns emerge como um tema central na agenda de desenvolvimento e preservação da cidade. A recomendação do MPF e o compromisso da prefeitura demonstram um passo importante para assegurar que a rica história da região, que se revela em vestígios antigos e memórias arquitetônicas, seja conservada para as futuras gerações. Continue acompanhando as análises e notícias detalhadas sobre Cidades e iniciativas de preservação histórica em nossa editoria de Cidades.
Créditos das Imagens: Reprodução/Prefeitura de Garanhuns; Hilton Marques



