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Morte de Charlie Kirk eleva temor de violência política nos EUA

TÍTULO: Morte de Charlie Kirk eleva temor de violência política nos EUA SLUG: morte-charlie-kirk-violencia-politica-eua META DESCRIÇÃO: Assassinato de Charlie Kirk em Utah acende alerta sobre escalada da violência política nos EUA, superando níveis dos anos 60. Entenda as causas e riscos. Morte de Charlie Kirk eleva temor de violência política nos EUA O assassinato do […]

TÍTULO: Morte de Charlie Kirk eleva temor de violência política nos EUA
SLUG: morte-charlie-kirk-violencia-politica-eua
META DESCRIÇÃO: Assassinato de Charlie Kirk em Utah acende alerta sobre escalada da violência política nos EUA, superando níveis dos anos 60. Entenda as causas e riscos.

Morte de Charlie Kirk eleva temor de violência política nos EUA

O assassinato do influenciador e ativista conservador americano Charlie Kirk, ocorrido na semana passada durante um ataque a tiros em um campus universitário no Estado de Utah, está sendo interpretado por analistas como um potencial ponto de inflexão na longa e turbulenta história de violência política nos Estados Unidos. Especialistas na área expressam uma preocupação crescente de que o incidente possa desencadear uma série de retaliações em um cenário de profundas clivagens. Atualmente, muitos cidadãos norte-americanos experimentam ansiedade em âmbitos econômicos e culturais, além de uma perceptível desilusão com a gestão governamental. Para uma parcela significativa, o “outro lado” político representa uma ameaça existencial ao futuro da nação.

Matthew Dallek, historiador político e professor na Universidade George Washington, compartilhou em entrevista à BBC News Brasil que, embora a morte de Kirk possa não alterar radicalmente o percurso de violência que o país já atravessa, é provável que sirva para acelerar essa tendência. Dallek descreveu o assassinato como uma espécie de “querosene derramado” sobre um “incêndio bastante forte” que a violência política já representa, especialmente em uma década marcada por seu recrudescimento.

Morte de Charlie Kirk eleva temor de violência política nos EUA

O episódio, presenciado por uma audiência de cerca de 3 mil estudantes, é o mais recente em uma série de atentados direcionados a figuras públicas nos últimos meses, configurando uma onda de violência comparada por muitos especialistas à década de 1960. Aquele período, caracterizado por significativas transformações sociais em meio ao movimento pelos direitos civis e à Guerra do Vietnã, foi palco de assassinatos de proeminentes líderes como o Presidente John Kennedy, o ícone dos direitos civis Martin Luther King Jr., e o Senador Robert F. Kennedy.

Dallek traçou paralelos, afirmando que “a última vez em que estivemos nesse tipo de momento prolongado de violência política foi nos anos 1960 e início dos anos 1970”. Apesar das disparidades entre as épocas, ele sugere que, assim como a violência política se tornou intrínseca à cultura naqueles anos, o mesmo ocorre nos dias de hoje.

A Nova Dinâmica da Violência e a Influência das Mídias Sociais

Amy Pate, diretora interina e executiva do National Consortium for the Study of Terrorism and Responses to Terrorism (START), da Universidade de Maryland, ressaltou duas “diferenças cruciais” entre os períodos históricos. Segundo Pate, o contexto atual é particularmente complexo devido à influência generalizada das redes sociais, que exacerbam a polarização e amplificam as opiniões mais extremas e inflamadas. Outro fator agravante é o fácil acesso a armamentos de alto poder letal na sociedade.

“Uma diferença importante é como as mensagens se disseminam”, observou Pate à BBC News Brasil. Ela explicou que as redes sociais submergem as pessoas em retóricas políticas incessantes, impulsionadas por algoritmos que promovem conteúdos cada vez mais extremistas. “As pessoas estão vivendo em diferentes realidades midiáticas e consomem esse conteúdo o dia inteiro. Isso distorce sua percepção da realidade”, disse a especialista, destacando que essa imersão constante torna uma parcela significativamente maior da população vulnerável à radicalização atualmente do que na década de 1960. Complementarmente, o país está “inundado por armas letais, com capacidade para causar um massacre em um período de tempo muito curto, principalmente em situações em que muitas pessoas estão reunidas em um só lugar”. Esses fatores combinados não apenas aumentam o número de indivíduos suscetíveis à violência, mas também amplificam o dano potencial que essa violência pode causar, levantando o risco tanto de assassinatos políticos direcionados quanto de ataques com alto número de vítimas.

Em meio a essas observações, Tyler Robinson, de 22 anos, foi identificado como o suspeito do tiroteio que vitimou Charlie Kirk. Documentos do processo, tornados públicos em uma terça-feira (16), indicam que Robinson teria justificado o ato afirmando estar “farto de seu ódio” em mensagens. De acordo com o depoimento da mãe do acusado à polícia, Robinson havia aderido a “posições políticas de esquerda” no último ano, com foco especial nos direitos LGBTQ.

Charlie Kirk, um cristão conservador de 31 anos, era o fundador do grupo estudantil conservador Turning Point USA e um aliado proeminente do presidente Donald Trump. Ele era visto como uma figura de inspiração para uma nova geração de republicanos, mas também gerava críticas da esquerda, que o acusava de proferir declarações polêmicas em temas como direitos civis, direitos LGBTQ e feminismo.

Tribalismo Furioso e o Papel dos Líderes Políticos

Embora Matthew Dallek ainda considere que o patamar de violência nos anos 1960 tenha sido superior ao atual, ele manifesta receio de que o desligamento da violência política seja mais complexo agora do que naquela época. “Uma vez que o movimento dos direitos civis foi integrado à política e à sociedade e que a Guerra do Vietnã chegou ao fim, algumas das fontes que estavam alimentando a violência se dissiparam”, explicou. O contexto dos partidos políticos no passado, segundo ele, era de heterogeneidade ideológica e maior propensão ao bipartidarismo. Hoje, “temos uma espécie de tribalismo furioso, que é expresso na política partidária. É uma dinâmica diferente e perigosa”, salientou Dallek, adicionando o impacto das redes sociais que “dão poder aos indivíduos para espalhar ódio e apelos à violência, apelos à guerra civil”.

Em uma entrevista à rede NBC poucos dias após o ocorrido com Kirk, Spencer Cox, governador republicano de Utah, traçou uma comparação entre as redes sociais e o fentanil. “Não consigo enfatizar o suficiente o dano que as redes sociais e a internet estão fazendo a todos nós, com seus picos de dopamina”, afirmou, mencionando indícios de que o atirador frequentava “lugares obscuros” na internet. Ele criticou as empresas mais poderosas do mundo por descobrirem “como invadir nossos cérebros, nos viciar em indignação e nos fazer odiar uns aos outros.”

Após a morte de Kirk, houve condenação da violência por líderes de ambos os espectros políticos. No entanto, as plataformas de mídia social foram rapidamente tomadas por publicações que espelham as divisões internas do país: enquanto supostos usuários de esquerda expressavam celebração pelo assassinato, outros, alinhados à direita, clamavam por retaliação. Para uma análise mais aprofundada sobre as dinâmicas de polarização política e violência nos Estados Unidos, uma pesquisa relevante pode ser encontrada no Council on Foreign Relations, que frequentemente monitora tais questões globais.

Uma Tendência Alarmante: A Escalada de Agressões

O assassinato de Charlie Kirk levou a cancelamentos de eventos públicos por políticos de ambos os partidos, devido ao aumento dos temores de segurança. Esse episódio se insere em uma sequência de ataques recentes direcionados a figuras tanto da direita quanto da esquerda. Em junho, a deputada estadual democrata Melissa Hortman, que já presidiu a Câmara dos Representantes de Minnesota, foi morta com seu marido por um atirador que se disfarçou de policial, ferindo também um senador estadual democrata e sua esposa. Em abril, o democrata Josh Shapiro, governador da Pensilvânia, escapou ileso de um atentado quando sua residência foi incendiada enquanto ele e sua família dormiam. No ano anterior, o próprio Donald Trump sofreu duas tentativas de assassinato durante sua campanha eleitoral, sendo ferido na orelha em um comício e escapando de outra em um clube de golfe.

Outros incidentes notáveis incluem o ataque em 2022 a Paul Pelosi, marido da então presidente da Câmara dos Representantes, Nancy Pelosi, que foi brutalmente espancado em sua casa. No mesmo ano, um homem foi detido sob acusação de tentar assassinar o juiz da Suprema Corte Brett Kavanaugh, conhecido por suas posições conservadoras. Já em 6 de janeiro de 2021, uma grande manifestação de apoiadores de Trump resultou na invasão do Capitólio, após sua derrota nas eleições de 2020. Em 2020, treze homens foram presos sob suspeita de planejar o sequestro da democrata Gretchen Whitmer, governadora do Estado de Michigan. O republicano Steve Scalise, deputado federal, foi gravemente ferido em um tiroteio em 2017 durante uma partida de beisebol envolvendo membros do Congresso. William Braniff, diretor executivo do Laboratório de Pesquisa e Inovação sobre Polarização e Extremismo da American University, afirmou à BBC News Brasil que “a tendência é alarmante e muito negativa.”

Crescimento Acelerado da Violência Política

Os dados sobre a escalada da violência nos Estados Unidos são inquietantes. Braniff revelou que o número de ocorrências de violência direcionada, visando um alvo específico, e planos terroristas aumentou 38% nos primeiros seis meses do ano em curso, em comparação com o mesmo período do ano anterior. Considerando apenas os atos que foram bem-sucedidos e resultaram em feridos ou mortos, o incremento foi de 48%. O total de óbitos resultantes desses eventos subiu 28% no mesmo intervalo. Braniff também destacou que, para além do terrorismo frequentemente atribuído a movimentos violentos de extrema-direita, “também estamos vendo um aumento no terrorismo vindo de indivíduos com inclinações de esquerda.”

Dados do START corroboram essa tendência, mostrando que, no primeiro semestre, de todos os planos ou ataques categorizados como terroristas, 21 foram dirigidos a políticos republicanos e 10 a democratas. Outros 13 incidents foram “contra manifestantes pacíficos que protestavam contra as políticas de imigração e o governo”, enquanto 20 tiveram como alvo “entidades que realizam operações de aplicação da lei de imigração”. William Braniff, ex-diretor do Centro de Programas e Parcerias de Prevenção do Departamento de Segurança Interna dos EUA, observou que é cada vez mais comum identificar casos sem uma clara inclinação ideológica, nos quais os indivíduos são “simplesmente motivados por ressentimentos, ou têm crenças muito vagas.” Ele ressaltou que existe uma “tendência geral de ver a violência como solução”.

Pate, do START, descreve um aumento “bastante dramático” nos incidentes em território americano, citando mais de 150 planos ou ataques terroristas com motivação política identificados no primeiro semestre, em contraste com 83 no mesmo período do ano anterior (que imagino seja 2023, dada a reportagem ser no “ano atual”). “Essa violência política não está acontecendo de forma isolada”, alertou Pate. Considerando-se todos os casos com alvo específico, mesmo os que não são formalmente classificados como terrorismo, houve um aumento de 375 para 523 ocorrências nesse período. “Os Estados Unidos estão em um momento bastante crítico, um período de escalada da violência, violência baseada em ressentimentos, essa espécie de combinação de diferentes tipos de violência”, avalia ela. “Estamos (também) vendo a ascensão do que o FBI (a polícia federal dos EUA) chama de extremismo violento niilista, onde há menos o desejo de mudanças políticas e sim um desejo mais genérico de destruir tudo, sem preocupação com o que viria depois”, complementa a diretora.

Maior Tolerância e a Reação Liderança

Apesar da ampla condenação da violência pela maioria dos cidadãos americanos, diversas pesquisas indicam um aumento na parcela da população que demonstra maior tolerância a ataques motivados politicamente, englobando ambos os lados do espectro ideológico. “Pesquisas de opinião mostram um aumento no número de americanos que acreditam que a violência é justificada em certas circunstâncias”, declarou Dallek. William Braniff acrescentou que ataques verbais ou violentos a um partido político são cada vez mais interpretados como agressões diretas à própria identidade do indivíduo. “Isso torna a questão pessoal, em vez de apenas (uma divergência) política”.

Após o assassinato, o então presidente Donald Trump ordenou que a bandeira americana fosse hasteada a meio-mastro e anunciou a intenção de condecorar Kirk com a Medalha Presidencial da Liberdade, a mais alta honraria civil do país. Contudo, em contraste com líderes passados que clamaram por união em momentos de crise, a resposta de Trump foi percebida por analistas como mais divisiva. Ele e alguns membros de seu governo atribuíram a culpa à “esquerda radical”, acusando grupos de esquerda de “terrorismo doméstico”. “Infelizmente, nossa cultura atual é altamente polarizada. Líderes políticos não são recompensados por fazerem concessões, e sim por demonizar e desumanizar seus adversários”, avaliou Braniff. Segundo o especialista, se os líderes políticos propagam a mensagem de que a disputa é entre o bem e o mal, o certo e o errado, e que a vitória nesta luta é existencial, isso elimina qualquer margem para o compromisso e o debate cívico.

Dallek estabeleceu um paralelo com a década de 1960, período em que, segundo ele, muitos políticos estavam dedicados a restabelecer a calma. “Não vejo os mecanismos que se esperaria que a democracia americana usasse em um momento como este sendo empregados pelos altos níveis do governo ou por elementos da sociedade civil”, observou o historiador. Por sua vez, Spencer Cox, o governador de Utah, manifestou uma resposta inicial mais ponderada, descrevendo a morte de Kirk como um “divisor de águas na história americana” e colocando a questão: “Esse capítulo ainda precisa ser escrito. É o fim de um capítulo sombrio em nossa história? Ou é o começo de um capítulo ainda mais sombrio?”.

Confira também: artigo especial sobre redatorprofissiona

A crescente polarização, a influência das redes sociais, a facilidade de acesso a armamentos letais e as divisivas respostas da liderança delineiam um cenário crítico para os Estados Unidos, elevando o temor de que a violência política se torne um fenômeno ainda mais enraizado e devastador. Este momento exige reflexão profunda sobre os rumos da nação. Continue acompanhando a editoria de Política para mais análises sobre o cenário internacional e nacional, em nosso conteúdo de Política.

Crédito da imagem: EPA/Shutterstock

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