A morte do casal em motel de SC, envolvendo o policial militar Jeferson Luiz Sagaz, de 37 anos, e a empresária Ana Carolina Silva, de 42, teve sua investigação oficialmente encerrada. Aproximadamente dois meses após serem encontrados sem vida na banheira de um estabelecimento em São José, na Grande Florianópolis, as Polícias Civil e Científica divulgaram o resultado do inquérito nesta última quarta-feira (1º). O relatório final aponta uma complexa interação de fatores, incluindo intoxicação exógena e exposição a altas temperaturas, como a causa dos óbitos.
Os corpos de Jeferson e Ana Carolina foram descobertos em 11 de agosto, uma segunda-feira, em um motel localizado às margens da BR-101. A apuração subsequente, que envolveu 16 laudos periciais, uma série de depoimentos e análises detalhadas de celulares e imagens de câmeras de segurança, construiu o panorama dos acontecimentos. A investigação solidificou a hipótese inicial da Polícia Civil de que as mortes foram acidentais, descartando desde o princípio a participação de terceiros, choque elétrico ou envenenamento por gás. Ausência de sinais de violência também foi constatada.
Morte de Casal em Motel de SC: Causa Oficial Divulgada
De acordo com Andressa Boer Fronza, perita-geral da Polícia Científica, “A causa de ambas as mortes foi a mesma. Foi intoxicação exógena, favorecendo o processo de intermação (hipertermia induzida pelo calor), com desidratação intensa, colapso térmico, dentre outros, culminando com a falência orgânica e a morte. Ou seja, esse óbito ocorreu por condições multifatoriais”. A perita esclareceu que a combinação de fatores críticos foi decisiva. Os levantamentos periciais indicaram que a água na banheira onde o casal estava chegou a impressionantes 50ºC, e o aquecedor do quarto encontrava-se ligado em temperatura elevada, contribuindo para o aquecimento dos corpos, um achado central da investigação.
Fernando Oliva da Fonseca, diretor de Medicina Legal da Polícia Científica, complementou as informações, explicando que as autópsias revelaram alterações características de intermação, ou seja, aquecimento excessivo do corpo. Ele detalhou que o consumo elevado de cocaína e álcool foi crucial para o desfecho trágico. “O uso da cocaína, que pelas doses por si só já poderia dar um torpor [sentimento de mal-estar], uma sonolência e até coma no indivíduo, somado ao etanol [álcool], que também causa isso nas doses elevadas, como torpor, coma e sonolência. Soma os dois, aumenta o fator [risco] e aí pode ter havido justamente isso, a pessoa entra em torpor naquela temperatura e vai subindo e ela não sente isso e não tem uma reação de defesa”, elucidou o médico perito.
Os exames toxicológicos realizados em ambos os corpos confirmaram a presença de níveis elevados de álcool e cocaína, consolidando o diagnóstico de intoxicação exógena. A Polícia Científica de Santa Catarina enfatizou que a junção do consumo de substâncias com a exposição prolongada à água em temperatura extremamente alta criou o cenário para a perda súbita de consciência e um subsequente colapso cardiovascular. Entender os mecanismos da intoxicação exógena é fundamental para compreender como substâncias externas afetam o organismo.
A conclusão do inquérito, contudo, não foi aceita pacificamente por todos. A família de Ana Carolina Silva expressou veementemente seu repúdio em uma nota oficial, levantando sérias preocupações. Os parentes contestaram a alegação de que a empresária seria usuária de drogas, sugerindo uma possível “ingestão forçada ou envenenamento” e solicitando uma “investigação rigorosa, transparente e imparcial”.
Diante da manifestação familiar, a Polícia Civil optou por não emitir novos comentários, reiterando que o inquérito já havia sido concluído e remetido ao Poder Judiciário. A Polícia Científica, por sua vez, reforçou a validade dos laudos técnicos e assegurou que todos os procedimentos periciais foram executados sob “rigorosos protocolos científicos”, reafirmando a solidez das evidências apresentadas na conclusão da investigação da morte no motel.

Imagem: g1.globo.com
Ana Carolina Silva, de 42 anos, era reconhecida por ser proprietária de uma empresa do setor de esmalteria. Jeferson Luiz Sagaz, de 37 anos, desempenhava suas funções como policial militar na Academia de Polícia Militar da Trindade (APMT), em Florianópolis. Importante ressaltar que Jeferson não portava sua arma no local dos acontecimentos. Um irmão de Ana Carolina informou ao g1 que o relacionamento entre eles durava quase duas décadas. O casal deixa uma filha de apenas 4 anos. Em comunicado, a empresa de Ana lamentou a perda de “uma mãe, uma chefa, uma filha, uma esposa, uma mulher excepcional”.
A Polícia Civil, por meio de perícias no veículo do casal e nas imagens das câmeras de segurança do motel, conseguiu estabelecer uma cronologia dos eventos que antecederam a descoberta dos corpos. Estes elementos corroboraram as demais evidências, desenhando um quadro detalhado para a conclusão do caso. A análise desses dados foi crucial para descartar outras linhas de investigação e focar nas causas apresentadas.
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Em suma, a conclusão sobre a morte do policial militar e empresária em motel de São José apontou para uma combinação fatal de intoxicação por álcool e cocaína com a exposição a temperaturas altíssimas na banheira e no quarto. Apesar da contestação familiar, as polícias envolvidas mantêm a integridade e cientificidade de suas descobertas, encaminhando o caso ao Judiciário. Para acompanhar mais notícias sobre investigações e outros temas importantes em sua cidade e região, continue explorando nossa editoria de Cidades.
Crédito da imagem: Arte/g1
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