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Morre Ken Jacobs, Pioneiro do Cinema Experimental, aos 92 Anos

Morre Ken Jacobs, Pioneiro do Cinema Experimental, aos 92 Anos. O aclamado cineasta experimental americano, Ken Jacobs, um ícone na vanguarda da sétima arte, veio a falecer nesta segunda-feira (6) aos 92 anos de idade, em 2025. Nascido em 1933, Jacobs deixa para o cinema um legado inestimável de obras que desafiaram as convenções e […]

Morre Ken Jacobs, Pioneiro do Cinema Experimental, aos 92 Anos. O aclamado cineasta experimental americano, Ken Jacobs, um ícone na vanguarda da sétima arte, veio a falecer nesta segunda-feira (6) aos 92 anos de idade, em 2025. Nascido em 1933, Jacobs deixa para o cinema um legado inestimável de obras que desafiaram as convenções e expandiram os horizontes da narrativa audiovisual, consolidando seu nome entre os grandes inovadores do gênero.

A trajetória de Jacobs foi marcada por um início de vida com escassos recursos financeiros, enfrentando a perda da mãe aos sete anos. Em registros e entrevistas, o próprio diretor descreveu sua infância como “desastrosa mas típica”, uma experiência que o levou a “cultivar, refinar e monumentalizar raiva e desgosto social”. Essa formação turbulenta, porém, serviu de combustível para sua incursão e expressão artística, encontrando na criatividade um refúgio e uma poderosa forma de protesto.

Morre Ken Jacobs, Pioneiro do Cinema Experimental, aos 92 Anos

Foi o contato com a arte que se tornou um ponto de virada fundamental na vida de Jacobs. Aos 16 anos, uma visita ao Museu de Arte Moderna (MoMA), em Nova York, despertou nele uma paixão ardente pelo cinema. Ali, ele foi apresentado a uma variedade de realizadores cinematográficos, que o inspiraram a começar a rascunhar seus próprios roteiros. Além de se aprofundar na sétima arte, Ken Jacobs dedicou-se ao estudo da pintura e de outras manifestações artísticas em geral, o que contribuiu para a amplitude e o caráter multidisciplinar de sua obra posterior.

Com sua educação formal solidificada na High School of Industrial Arts e frequentando assiduamente as exposições e mostras do MoMA, Jacobs aprimorou sua visão. A oportunidade de ouro surgiu em 1956, quando conheceu o também cineasta Jack Smith, uma figura influente no cinema de vanguarda. Esse encontro impulsionou Jacobs a investir seriamente na produção de seus próprios filmes. Sua estreia veio com o curta-metragem documental intitulado “Orchard Street”, que mergulhava na observação do cotidiano de pessoas comuns em uma das vibrantes ruas comerciais de Nova York, marcando o tom de sua abordagem artística focada no real e no experimental.

Os filmes do mestre Ken Jacobs, que abarcam desde curtas e médias a longas-metragens, distinguiram-se por características marcantes. Por um lado, apresentavam uma aguda observação de aspectos do dia a dia norte-americano, como exemplificado em “A Filmagem de Inverno”, uma obra capturada ao longo de duas décadas que documenta as nuances da vida. Por outro lado, exploravam sensações e experiências íntimas, como em “Blonde Cobra”, um filme que acompanha Jack Smith em sua rotina asfixiante na sociedade dos anos 1950. Jacobs também se notabilizou por testar os limites das possibilidades de projeção e manipulação das películas cinematográficas, buscando constantemente inovar a linguagem visual.

Nesse caminho de experimentação, muitos projetos do cineasta envolviam a ressignificação e manipulação de imagens preexistentes, extraídas de outras produções. Este método foi aplicado, por exemplo, a clássicos realizados pelos irmãos Lumière, os pioneiros do cinema, e outros nomes do período inicial da indústria cinematográfica. O Museu de Arte Moderna (MoMA) reconhece e celebra o cinema experimental, uma área na qual Jacobs foi um expoente. Jacobs também se aventurou na tecnologia 3D, com destaque para “Os Convidados”, obra que imobiliza personagens no tempo e expande um fragmento de apenas 30 segundos dos Lumière em uma imersão cinematográfica de mais de uma hora de duração, evidenciando seu gênio criativo e técnico.

O trabalho inovador de Ken Jacobs não se limitou às fronteiras dos Estados Unidos, encontrando ressonância e reconhecimento em palcos internacionais, incluindo o Brasil. Ao longo dos anos, seus filmes foram exibidos em sessões especiais e festivais, como a recente mostra dedicada aos irmãos Lumière no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), onde seus curtas experimentais, derivados dos documentários originais dos irmãos franceses, foram exibidos lado a lado. Em 2017, o Caixa Cultural, no Rio de Janeiro, promoveu uma mostra exclusivamente dedicada à sua obra, dando destaque a “Spangled to Death”, considerada uma das maiores realizações de sua carreira, com mais de sete horas de duração, que abordava temas complexos como racismo, militarismo e conflitos armados nos Estados Unidos, numa crítica profunda à sociedade americana.

O extenso legado deixado por Ken Jacobs transcende suas obras audiovisuais. Parte de sua filmografia e dos textos por ele produzidos estão acessíveis ao público através do site oficial kenjacobsgallery.com e em acervos digitais especializados em cinema experimental, como o lightcone.org, facilitando o acesso de estudantes e entusiastas. Além disso, o cineasta cultivou um rico legado que inclui diversas obras de arte visuais, desenhos originais e vídeos que registram suas performances artísticas, demonstrando a versatilidade e a abrangência de seu talento.

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A partida de Ken Jacobs marca o fim de uma era para o cinema experimental, mas sua visão singular e sua incessante busca por novas formas de expressão continuarão a influenciar gerações de cineastas e artistas. Suas obras não são apenas filmes, mas convites a repensar a percepção e a explorar a própria natureza da imagem em movimento. Para mais artigos e análises aprofundadas sobre personalidades que moldaram o mundo da cultura e do cinema, explore nossa editoria de Análises e mantenha-se conectado com os grandes nomes e suas histórias impactantes.

Cineasta experimental americano Ken Jacobs, morto em 2025 – Divulgação

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