Moradores de Fernando de Noronha estão denunciando terem sido retirados de voos da Gol, tanto em chegadas quanto em partidas da ilha. As queixas apontam para uma prática recorrente que impede os habitantes locais de utilizarem passagens já adquiridas, mesmo diante de um acordo entre o governo local e as companhias aéreas para reserva de vagas com desconto para a população da ilha.
Servidora pública Ana Cristina Santos descreveu a situação como uma “falta de respeito” diante dos transtornos enfrentados. Diversos passageiros com residência em Fernando de Noronha relataram impedimento de embarque ou remarcações que resultaram em longas e desgastantes jornadas.
Moradores de Noronha denúnciam exclusão de voos Gol
Os relatos de passageiros excluídos de voos Gol são diversos. A engenheira de pesca Maria da Conceição de Melo Veras adquiriu uma passagem pela Gol com destino a Recife e compareceu ao aeroporto com significativa antecedência. Contudo, ao chegar na fila de embarque, notou que vários moradores e trabalhadores estavam sendo informados de que não poderiam prosseguir viagem. Após questionar a situação, Maria da Conceição foi comunicada de que o voo estava “acima da capacidade”, inviabilizando seu embarque. Diante do ocorrido, ela foi obrigada a comprar outro bilhete, desta vez pela companhia Azul, para conseguir realizar seu trajeto.
Casos Reais e a Questão da Superlotação
Em outra situação, Ana Cristina Santos estava prestes a embarcar de Recife para Fernando de Noronha quando foi notificada de que seu voo também estava lotado e que os moradores não seriam acomodados. Originalmente programada para terça-feira (23), sua viagem foi remarcada para quarta-feira (24) pela companhia, com uma conexão forçada em São Paulo. Essa alteração transformou uma viagem que deveria durar apenas uma hora em um percurso exaustivo de seis horas.
Ana Cristina expressou sua indignação com a falta de informações e as dificuldades encontradas no aeroporto de Guarulhos. “Ninguém dava informações e tive dificuldade para achar o portão de embarque em São Paulo. Imagine a situação de quem não sabe ler, é muito difícil se localizar em Guarulhos”, pontuou a servidora, ressaltando o desafio adicional para passageiros com menor acesso à informação ou suporte.
O empresário Sérgio Paulo Moura vivenciou um episódio semelhante ao ser impedido de embarcar no aeroporto do Recife para Noronha, sob a alegação de superlotação do voo. Moura descreveu a situação como “um vexame”, lembrando-se de ter sido instruído a se afastar da fila pela atendente. Após sua recusa e insistência veemente, ele finalmente conseguiu embarcar. Contudo, ele manifestou a intenção de acionar a Justiça em virtude da humilhação sofrida no processo.
A situação ressalta uma aparente violação do acordo estabelecido, que visa assegurar vagas para os moradores que dependem dos voos para sua logística pessoal e profissional. Este convênio permite que os residentes adquiram passagens com desconto, beneficiando quem reside e trabalha na ilha.
O Acordo entre Governo Local e Companhias Aéreas
Desde o estabelecimento do acordo entre o governo de Fernando de Noronha e as companhias aéreas, a expectativa era de que as vagas reservadas para moradores, com desconto, fossem honradas. Contudo, os depoimentos indicam falhas significativas na execução deste compromisso. O conselheiro distrital Ailton Araújo Júnior confirmou que as dificuldades com a Gol são de longa data, demandando maior respeito da empresa pelos habitantes da ilha e pelas passagens vendidas.
Imagem: g1.globo.com
Araújo Júnior enfatizou a necessidade de intervenção do governo estadual para assegurar o embarque da comunidade, prometendo que uma solução será cobrada. Ele reforça que a proteção dos direitos dos moradores de Fernando de Noronha é essencial e que a empresa aérea precisa cumprir o que foi acordado.
Resposta da Administração da Ilha e Ausência de Manifestação da Gol
Em resposta às denúncias, a Administração de Fernando de Noronha comunicou que está em processo de negociação com a Gol Linhas Aéreas para estabelecer um novo acordo. A gestão local reiterou que seu objetivo é encontrar soluções que harmonizem a crescente demanda turística, vital para a economia da ilha, com as indispensáveis necessidades de transporte de sua população residente. Essas tratativas visam garantir que episódios como os relatados sejam prevenidos no futuro.
Apesar das tentativas de contato pelo g1 para obter esclarecimentos sobre os motivos que levam à exclusão de moradores dos voos, a Gol Linhas Aéreas não havia fornecido uma resposta até a última atualização da reportagem original, deixando sem justificativa oficial as alegações de superlotação e o não cumprimento do acordo.
A questão levanta importantes discussões sobre os direitos dos passageiros, especialmente em localidades como Fernando de Noronha, onde a disponibilidade de voos é mais limitada e a população local possui acordos específicos. Os incidentes recentes indicam que há um descompasso entre a política estabelecida e a execução prática, gerando grandes inconvenientes aos moradores.
Confira também: artigo especial sobre leis e valortrabalhista
A comunidade e as autoridades locais aguardam posicionamentos mais concretos e medidas eficazes que garantam a regularidade e o respeito aos direitos de todos os passageiros de Fernando de Noronha. Para saber mais sobre desafios e políticas de desenvolvimento em diferentes regiões, explore nossa editoria de Cidades.
Crédito da Imagem: Ana Clara Marinho/TV Globo
🔗 Links Úteis
Recursos externos recomendados
