Miriam Novak não é Embaixadora de Israel: Desvendando Fraude na ONU
Publicações em diversas redes sociais disseminaram, e continuam a disseminar, uma grave desinformação ao compartilhar um suposto discurso de uma mulher identificada como Miriam Novak, apresentada falsamente como embaixadora de Israel, na Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU). Essa narrativa enganosa atribui a ela um “discurso de tirar o fôlego” sobre antissemitismo, mas os fatos demonstram a completa falsidade de tais alegações, assemelhando-se a conteúdos similares que circularam previamente.
O conteúdo viral descreve um texto robusto, onde Miriam Novak supostamente confrontaria as decisões da comunidade internacional, como boicotes e sanções, questionando se as ações adotadas visavam “levar-nos de volta às câmaras de gás”. Contudo, as verificações independentes apontam que nem o discurso foi proferido em tal evento, nem existe qualquer diplomata israelense com o nome de Miriam Novak ocupando uma posição de embaixadora junto ao corpo diplomático oficial do país.
Miriam Novak não é Embaixadora de Israel: Desvendando Fraude na ONU
A verificação do corpo diplomático de Israel revela que não há registro de uma embaixadora com o nome de Miriam Novak. Uma busca minuciosa no site oficial do Ministério das Relações Exteriores de Israel, a fonte mais fidedigna para essas informações, não apresenta qualquer resultado para a suposta diplomata, confirmando que a identidade é completamente inventada. Para conferir a estrutura e membros do Ministério das Relações Exteriores, acesse o portal oficial, disponível em inglês, onde não há menção a Miriam Novak como embaixadora. O representante efetivo de Israel na ONU desde agosto de 2024 é o embaixador Danny Danon, que exerce sua segunda vez na função, deixando claro que a informação sobre uma embaixadora chamada Miriam Novak é, de fato, falsa e parte de uma construção narrativa sem fundamento na realidade.
O Verdadeiro Cenário na Assembleia Geral da ONU e o Discurso Autêntico
Contrariando o que as publicações enganosas afirmam, o principal orador israelense na Assembleia Geral da ONU não foi a inexistente Miriam Novak, mas sim o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu. Em um discurso marcante e amplamente divulgado, Netanyahu defendeu veementemente a ofensiva militar de seu país em Gaza, reafirmando o compromisso de Israel em “finalizar o serviço” contra o Hamas. Vale ressaltar que sua presença foi acompanhada por vaias e pela retirada de várias delegações antes que subisse à tribuna, evidenciando o contexto de tensões geopolíticas inerente àquele momento. O texto proferido pelo premiê, disponível em registros oficiais das Nações Unidas, não guarda qualquer semelhança com o conteúdo alarmista e inflamado atribuído falsamente a Miriam Novak. Não houve, portanto, nenhum “discurso de tirar o fôlego” sobre câmaras de gás ou outras alusões históricas lido por um representante israelense com o teor do material desinformativo propagado nas redes sociais.
Identidade Real da Mulher na Foto e a Recorrência da Notícia Falsa
Outro ponto crucial para desmascarar a narrativa falsa sobre Miriam Novak é a verdadeira identidade da mulher que ilustra as peças desinformativas. A pessoa retratada não é Miriam Novak, mas sim Annalena Baerbock, uma destacada figura política alemã. Baerbock, que já ocupou o cargo de ex-ministra das Relações Exteriores da Alemanha, foi eleita presidente da Assembleia Geral da ONU para o ano de 2025. A identificação foi possível mediante o uso de técnicas de busca reversa de imagem, amplamente utilizadas em investigações digitais, demonstrando que a fotografia foi deliberadamente utilizada fora de contexto para dar uma aparência de veracidade a uma notícia inventada, aumentando sua capacidade de enganar.
Ainda, esta não é a primeira vez que a falsa história envolvendo “Miriam Novak” e o “discurso na ONU” circula e ganha notoriedade. O mesmo texto desinformativo já havia ganhado tração nas redes sociais em 2024, sendo igualmente atribuído ao evento da Assembleia Geral daquele ano. Na ocasião, foi prontamente desmentido por agências de checagem. Este padrão de recorrência destaca a necessidade contínua e aprimorada de verificar as informações antes de compartilhá-las, pois narrativas falsas frequentemente retornam. Além de ter sido investigado e refutado pelo Boatos.org, o conteúdo também foi checado e classificado como falso pela agência internacional Reuters, entre outras plataformas dedicadas ao combate à desinformação online, que consistentemente identificam a falta de base factual nesta história.
A proliferação de notícias como essa ressalta o desafio da sociedade moderna em discernir o que é real do que é fabricado no ambiente digital, especialmente quando envolve temas sensíveis como geopolítica e acusações de antissemitismo. A constante reutilização de narrativas enganosas, mesmo após desmentidos categóricos, exige vigilância e rigor na avaliação das fontes antes de internalizar ou disseminar qualquer informação.
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Em suma, a história de Miriam Novak como embaixadora de Israel na ONU e seu suposto discurso emocionado contra o antissemitismo é uma construção ficcional completa que se aproveita de sentimentos e desinformação para enganar o público. É vital que os leitores busquem sempre fontes confiáveis e oficiais para se informarem sobre política internacional. Para continuar acompanhando as análises e notícias sobre os acontecimentos políticos e globais, incluindo as verdadeiras representações diplomáticas, navegue por nossa editoria de Política.
Crédito da imagem: Arte/UOL sobre Reprodução/Facebook
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