A aguardada minissérie Chico Anysio, intitulada “Chico Anysio: Um Homem à Procura de um Personagem”, promete desvendar facetas desconhecidas do lendário humorista. Dirigida e roteirizada por Bruno Mazzeo, filho do artista, a produção em cinco episódios se propõe a ir muito além de uma simples compilação das mais de duas centenas de personagens que Chico Anysio imortalizou na televisão brasileira. Com lançamento previsto para 2025 no Globoplay, a obra busca traçar um retrato íntimo do homem por trás dos mais de 209 tipos que cativaram gerações.
O diretor e roteirista Bruno Mazzeo expressa seu principal objetivo com a produção: aprofundar o entendimento sobre quem foi Chico Anysio, especialmente para aqueles que já conhecem a sua vasta galeria de personagens marcantes. “Essa figura do Chico Anysio vista por seus personagens, eu creio que as pessoas a partir de uma certa idade sabem quem é. A série quer mostrar o cara por trás disso”, esclarece Mazzeo. A narrativa explora os caminhos e as experiências que o levaram a criar tantos tipos inesquecíveis e os bordões que se tornaram parte do vocabulário popular, refletindo uma busca pelo ser humano que alicerçava cada uma de suas criações.
Minissérie Chico Anysio: Por Trás do Ícone do Humor Brasileiro
A série não foca apenas na genialidade criativa, mas também na perspectiva de Chico Anysio sobre a humanização do humor. Boni, diretor que por décadas ocupou um papel central na Rede Globo, enfatiza no documentário que o grande mérito de Anysio foi ter inserido a “humanidade no humor”. Bruno Mazzeo corrobora essa visão, explicando que os personagens do pai não eram meras caricaturas superficiais. Ele revela que, durante a infância, costumava ver caderninhos nos quais o pai detalhava perfis completos de suas criações, indo muito além de simples trejeitos ou vozes. Perguntas como “Onde ele nasceu?”, “Qual é o time dele?”, “O que ele gosta de comer?” eram fundamentais para construir a essência de um personagem como Azambuja, demonstrando uma metodologia de trabalho aprofundada e focada na verossimilhança.
Trajetória Pessoal e Profissional
A estrutura dramática da minissérie cobre um vasto arco temporal na vida de Chico Anysio, desde seu nascimento em Maranguape, Ceará, em 1931, até seu falecimento no Rio de Janeiro, em 2012, aos 80 anos. Bruno Mazzeo, que tem uma sólida carreira como roteirista de dramaturgia, confessa que esta é sua primeira incursão no gênero documentário. Para ele, a abordagem foi a de um “protagonista de uma série de dramaturgia”, permitindo explorar as nuances da vida do pai com profundidade e rigor narrativo. A infância é o ponto de partida, evoluindo para o florescer de sua carreira, sua fase de consagração e, posteriormente, os desafios enfrentados com a ascensão de novas formas de humor na televisão, representadas por programas como “TV Pirata” e “Casseta & Planeta”. Mazzeo descreve esse período como “muito complicado para ele lidar”, pois, de repente, ele, que sempre fora a vanguarda, via o “novo” emergir e transformar o cenário que ele mesmo ajudou a moldar. A minissérie ainda aborda abertamente aspectos de sua vida pessoal, incluindo seus múltiplos casamentos e a complexa relação profissional com a Globo após a saída de Boni.
Um tema importante explorado na narrativa é a questão da depressão, sobre a qual Chico Anysio falava com notável abertura. Bruno Mazzeo descreve essa franqueza como uma “bandeira” que seu pai sempre gostou de levantar, especialmente nos últimos anos de sua vida. O humorista participava de congressos de psiquiatria e demonstrava um sincero desejo de auxiliar outras pessoas que enfrentavam a doença, transformando sua própria experiência em um ato de conscientização e apoio público. A capacidade de um artista de seu porte discutir publicamente sua saúde mental adicionou uma camada ainda maior de humanidade à sua figura pública, revelando um lado vulnerável e inspirador.
O Salto Tecnológico e a Genialidade Precursora
Chico Anysio desempenhou um papel crucial na transição e adaptação do humor do rádio para a televisão, uma verdadeira inovação tecnológica na época. Inicialmente, os programas eram gravados ao vivo, e ele já era um sucesso incontestável com sua habilidade de interpretação e improvisação. No entanto, a chegada do videotape, que permitiu a gravação prévia e a edição de material, marcou um divisor de águas em sua carreira. Essa ferramenta revolucionária possibilitou que Chico Anysio apresentasse trechos sequenciais interpretando diversos personagens distintos em um único programa, realçando sua extraordinária versatilidade e conquistando ainda mais a admiração do público, que ficava impressionado com sua capacidade de transitar entre tantos tipos diferentes. Essa foi a era em que ele solidificou sua imagem como um polivalente mestre do humor.

Imagem: www1.folha.uol.com.br
O próprio Chico Anysio tinha uma filosofia única sobre o que definia um “gênio”. Para ele, gênio não era quem construía estruturas imponentes, mas sim aquele que concebia a ideia original, a fagulha que iniciaria grandes projetos. “Meu pai dizia que gênio não era o cara que construiu o Empire State, mas sim aquele que fez o primeiro sobrado. Gênio era o cara que sacou que com uma casinha em cima da outra você poderia ter duas famílias morando no mesmo endereço. A partir da ideia genial, o resto é ter dinheiro e tecnologia”, explicou Mazzeo. Essa perspectiva ressalta a importância da inventividade sobre a mera execução, um traço que Chico Anysio aplicava à sua própria arte e carreira.
De fato, Anysio foi o grande formatador da maneira de apresentar humor na televisão brasileira. “O que ele inventou foi inovador e hoje já parece coisa muito antiga. Os personagens se revezando, com os tipos e os bordões repetidos semanalmente. É um formato genuinamente brasileiro, que nunca foi feito fora do Brasil e hoje faz parte da história da cultura popular”, argumenta Mazzeo. Essa estrutura de show de variedades com um apresentador e diversos personagens interpretados por um mesmo ator ou um elenco fixo, cada um com suas peculiaridades e frases de efeito, consolidou-se como um pilar da cultura popular nacional. A minissérie visa resgatar e valorizar esse legado, evidenciando como a obra de Chico Anysio transcende gerações. Para aprofundar a compreensão da trajetória do humorista, o site oficial do Memorial Chico Anysio oferece um rico acervo de informações e registros de sua vida e carreira.
A Trilogia de Bruno Mazzeo em Homenagem ao Pai
Bruno Mazzeo, sem um planejamento prévio, percebeu que havia completado uma trilogia de homenagens ao seu pai. O primeiro projeto foi a recente e bem-sucedida nova versão da “Escolinha do Professor Raimundo”, onde Mazzeo assumiu o icônico papel que Anysio eternizou. O segundo elemento é a peça teatral “Gostava Mais dos Pais”, que ele tem levado pelo Brasil em parceria com Lucio Mauro Filho, uma dupla que dá continuidade ao legado de uma das parcerias mais célebres do humor brasileiro. E, por fim, esta minissérie documentário completa a série de tributos. Mazzeo compartilha que essa formatação da trilogia se tornou clara para ele durante suas sessões de análise, proporcionando um encerramento simbólico e emocional a um longo processo de revisitar e honrar a memória e a obra de Chico Anysio. “Foi uma coisa boa para mim”, confessa.
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A minissérie “Chico Anysio: Um Homem à Procura de um Personagem” é mais do que um tributo; é uma imersão profunda na genialidade e na humanidade de um dos maiores ícones do humor. A produção do Globoplay, prevista para 2025, promete oferecer uma perspectiva singular sobre as vivências, os desafios e a visão artística que moldaram a carreira de Chico Anysio e seu legado imortal para a cultura brasileira. Continue acompanhando a seção de Celebridade para ficar por dentro das últimas notícias sobre o mundo do entretenimento e das personalidades que fazem a história!
Acervo Globo/Divulgação
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