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Michael França Debate: Ricos Produzem Riqueza ou a Capturam?

O economista Michael França, renomado pesquisador do Insper e vencedor do Prêmio Jabuti Acadêmico, instiga um debate fundamental sobre como os ricos produzem riqueza e seus diferentes impactos na economia. Segundo ele, nem todas as fortunas são criadas da mesma maneira, distinguindo claramente entre aqueles que inovam e os que buscam privilégios. A análise publicada […]

O economista Michael França, renomado pesquisador do Insper e vencedor do Prêmio Jabuti Acadêmico, instiga um debate fundamental sobre como os ricos produzem riqueza e seus diferentes impactos na economia. Segundo ele, nem todas as fortunas são criadas da mesma maneira, distinguindo claramente entre aqueles que inovam e os que buscam privilégios. A análise publicada aborda as nuances da criação e da captura de valor na sociedade contemporânea.

França, com experiência como visiting scholar em universidades como Columbia e Stanford, delineia duas categorias principais de indivíduos abastados. A primeira é composta por aqueles que atingem a prosperidade por meio da assunção de riscos e da criação de algo inovador e valorizado pela sociedade. São, como ele os caracteriza, os “empreendedores autênticos”. Estes agem como motores do capitalismo, engajados no processo que o economista Joseph Schumpeter denominou “destruição criativa”.

Michael França Debate: Ricos Produzem Riqueza ou a Capturam?

O conceito de destruição criativa descreve o ciclo inerente ao capitalismo, onde o novo substitui o velho, o produtivo supera o ineficiente, e a inovação supera a acomodação. É um movimento contínuo de rupturas e renovações que culmina no surgimento de novas indústrias, tecnologias e abordagens organizacionais na economia. Os empreendedores que operam dentro desse paradigma não apenas expandem as fronteiras tecnológicas e geram empregos, mas também produzem bens e serviços que frequentemente elevam a qualidade de vida coletiva.

Embora essa forma de produção de riqueza possa ter custos ambientais para as gerações futuras, o lucro obtido por esses empreendedores é visto como uma recompensa justa pelo risco assumido e pela significativa contribuição social. Eles investem capital, tempo e criatividade, enfrentando a incerteza do mercado em busca de soluções que tragam avanços.

Contrariamente, Michael França descreve uma segunda espécie de indivíduo próspero, notavelmente menos produtiva e, por vezes, mais astuta. São aqueles cuja fortuna não advém do esforço genuíno ou da inovação, mas do acesso privilegiado e da proximidade com o poder. Em vez de se submeterem à disciplina do mercado, esses indivíduos se dedicam à busca por favores, transformando suas conexões políticas em substanciais vantagens econômicas.

Este grupo se beneficia de subsídios estatais, isenções fiscais, contratos direcionados e regulações criadas sob medida para proteger seus empreendimentos da concorrência. A literatura econômica designa esses indivíduos como “rent seekers” – ou, em português, “buscadores de renda” – por buscarem ganhos sem gerar valor real ou contribuir para a produtividade da economia. O autor salienta que, invariavelmente, onde existe poder político, haverá um grupo empenhado em capturá-lo para benefício próprio.

Os Efeitos da Busca por Renda no Estado

A atuação do “rent seeker” se distingue fundamentalmente. Eles não prosperam por meio da melhoria de produtos ou da redução de custos operacionais. Sua estratégia consiste em assegurar que o Estado atue como seu escudo protetor contra a livre concorrência. Um exemplo clássico é quando uma empresa obtém um monopólio legal: ela passa a ter liberdade para cobrar preços elevados por um serviço ou produto, mesmo que de qualidade inferior, sem o ímpeto constante por melhoria que a competição naturalmente imporia.

Da mesma forma, quando um segmento específico da economia recebe benefícios tributários desproporcionais, a sociedade como um todo acaba arcando com o custo. Isso se materializa na forma de impostos mais elevados para o restante da população ou na deterioração dos serviços públicos, pois a receita fiscal é desviada ou comprometida. Para França, esses grupos se comportam como “urubus pairando sobre o Estado”, não produzindo nada novo, mas se alimentando do que a coletividade produz.

Seu instinto de sobrevivência não está enraizado na inovação ou na capacidade de criar algo, mas na captura de recursos e vantagens preexistentes. Eles aguardam a oportunidade ideal para abocanhar recursos públicos e esvaziar os orçamentos, deixando os restos para a sociedade. Quanto mais íntima for sua relação com o poder político, maior a garantia de que continuarão a acumular ganhos, geralmente à custa do trabalho árduo e do espírito empreendedor daqueles que verdadeiramente movem a economia.

Desigualdade e o Papel do Estado na Produção de Riqueza

O resultado dessa dinâmica é uma economia que se torna menos dinâmica, menos competitiva e mais desigual. Enquanto os “rent seekers” expandem suas fortunas, os autênticos empreendedores são forçados a lidar com uma série de obstáculos: barreiras de entrada, custos elevados para acesso a crédito e um ambiente hostil à inovação. A ineficiência fiscal gerada por essas práticas parasitárias acaba pressionando as taxas de juros, encarecendo o investimento produtivo e inibindo o crescimento legítimo.

Em última instância, aqueles que efetivamente criam riqueza por meio de risco, esforço e inovação são penalizados por aqueles que se dedicam a drená-la. Michael França defende que o debate sobre a desigualdade social frequentemente se restringe à discussão sobre a distribuição de renda, mas, na sua essência, deveria estar focado em outro ponto: o tipo de riqueza que uma sociedade opta por cultivar.

Sociedades prósperas são aquelas que recompensam e estimulam quem cria e inova, não quem apenas captura e se apropria. O grande desafio contemporâneo, conforme argumentado, é reorientar o Estado para que ele se torne um verdadeiro parceiro da produtividade e da inovação, e não um instrumento a serviço da “parasitagem”. Essa reflexão do economista Michael França foi elaborada como uma homenagem à canção “A Cidade”, eternizada por Chico Science & Nação Zumbi.

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Aprofunde-se nesta análise crucial de Michael França sobre os diferentes papéis dos ricos na geração e distribuição da riqueza, um tema vital para a saúde econômica do país. Para mais discussões e novidades sobre as tendências da economia brasileira, continue acompanhando nossa editoria. Descubra outros pontos de vista e análises que moldam o futuro financeiro e social do Brasil.

Crédito da imagem: Gabriel Justo/Folhapress

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