Metas Climáticas COP30: 111 países entregam relatórios

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No primeiro dia da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (Metas Climáticas COP30), realizada em Belém, capital paraense, um total de 111 relatórios de metas climáticas foram oficialmente entregues. Essas diretrizes são as chamadas Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs, na sigla em inglês), e a informação foi divulgada nesta segunda-feira, 10 de novembro de 2025, pela diretora executiva da conferência, Ana Toni. O evento, que se estenderá até o dia 21 de novembro, marca um ponto significativo na diplomacia climática global.

Os planos nacionais, estabelecidos como parte essencial do Acordo de Paris, determinam que os 195 países signatários do pacto devem atualizar suas metas e compromissos a cada cinco anos. No entanto, um levantamento feito antes da abertura da COP30 revelou que o percentual de países que haviam cumprido o prazo de entrega, estipulado para fevereiro, era considerado ínfimo. Somente 79 nações haviam submetido suas NDCs antes do início da conferência em Belém, evidenciando um desafio persistente no cumprimento das obrigações climáticas internacionais. O salto para 111 demonstra um engajamento renovado no cenário da COP.

Metas Climáticas COP30: 111 países entregam relatórios

Durante uma coletiva de imprensa, Ana Toni expressou satisfação com os novos números. “Hoje à tarde nós ficamos sabendo que já temos 111 relatórios de NDCs que foram publicados”, afirmou a diretora executiva. Ela enfatizou a importância deste avanço, considerando que há 194 países credenciados para o evento em Belém. “Isso mostra que estamos fortalecendo o multilateralismo”, acrescentou Toni, destacando a relevância da participação conjunta e do diálogo global na busca por soluções para a crise climática. Este incremento nas entregas pode sinalizar um progresso na cooperação internacional frente aos desafios ambientais.

Negociações e Agenda de Ações: Adoção Crucial na COP30

Além da contagem de relatórios, a diretora executiva da COP30 também detalhou os progressos nas negociações internas do evento, que culminaram na aprovação da agenda de ações. Este resultado é considerado uma vitória diplomática e processual, uma vez que a capacidade de adotar a agenda no primeiro dia da conferência não é uma ocorrência comum. Conforme Ana Toni, as deliberações iniciais estabeleceram 145 temas prioritários que serão abordados intensivamente até o encerramento da conferência em 21 de novembro.

Toni fez questão de ressaltar a dificuldade inerente a este feito. “A grande notícia hoje é que pudemos adotar a agenda de ações. Eu quero lembrar que nos últimos quatro anos não pudemos abrir a agenda no primeiro dia”, disse. Ela argumentou que, em meio ao atual momento geopolítico complexo, conseguir “abrir a agenda no dia certo” pode parecer um pequeno passo, mas é fundamental para o sucesso das discussões. “Se você não abre a agenda em todos os tópicos, você não consegue avançar”, explicou a diretora, sublinhando que este era um impedimento que frustrou as últimas quatro edições das Conferências das Partes. A adoção precoce da pauta permite que as delegações comecem a trabalhar nos temas cruciais sem demora, pavimentando o caminho para resoluções mais eficazes e colaborativas.

Desafios da Tecnologia: Um Ponto Crítico nas Negociações

Apesar dos avanços na agenda e na submissão das NDCs, a diretora Ana Toni alertou que alguns temas continuarão a ser árduos nas negociações. Um dos pontos que ela previu como o de maior dificuldade é a tecnologia. O Acordo de Paris reconhece a importância vital da transferência de tecnologia e da capacitação para apoiar os países mais pobres. Essas medidas são essenciais para que essas nações possam implementar ações robustas de mitigação das mudanças climáticas, adaptar-se aos seus impactos já evidentes e, por fim, cumprir de forma efetiva suas Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs).

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Imagem: agenciabrasil.ebc.com.br

Este tema, já reconhecido por sua complexidade, foi objeto de debates preliminares na SB60, a Sessão dos Órgãos Subsidiários, que é também conhecida como a Conferência sobre Mudança Climática de Bonn (Bonn Climate Change Conference). Esta reunião anual, realizada na Alemanha em junho deste ano, serve como um encontro preparatório fundamental para a Conferência das Partes (COP). Ela congrega representantes governamentais, cientistas, ativistas e observadores globais para aprofundar discussões sobre aspectos técnicos das ações climáticas, definindo as bases para as decisões a serem tomadas nas COPs subsequentes.

Na Conferência de Bonn, o tema da tecnologia emergiu como um dos poucos que não alcançaram um consenso. Ana Toni destacou que “quase todos saímos da reunião de Bonn com o acordo”, com a exceção notável da tecnologia. Para a diretora, “Esse é um dos temas da negociação que para nós é muitíssimo importante: transferência de capacidade e tecnologias para os países em desenvolvimento poderem acelerar os seus planos de adaptação e as suas NDCs.” A ausência de um acordo sobre esta questão crítica sublinha a disparidade e a dificuldade de conciliar os interesses e capacidades dos países desenvolvidos e em desenvolvimento, um entrave que a COP30 buscará resolver.

Os desafios da transferência de tecnologia são multifacetados, envolvendo desde questões de propriedade intelectual e custo, até a adequação da tecnologia às necessidades específicas de cada país em desenvolvimento. Resolver essas barreiras é crucial não apenas para a equidade, mas para a eficácia global da resposta às mudanças climáticas, pois o sucesso das ações em um país frequentemente depende da capacidade e recursos disponíveis. As discussões em Belém devem, portanto, abordar intensamente este ponto para destravar um caminho mais cooperativo e eficiente no combate à crise climática, assegurando que o suporte necessário chegue às nações mais vulneráveis. Para mais informações sobre as NDCs e o Acordo de Paris, consulte o site oficial da UNFCCC, principal órgão das Nações Unidas para assuntos climáticos.

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O encerramento do primeiro dia da COP30 com 111 países apresentando seus relatórios de metas climáticas representa um avanço significativo no multilateralismo climático, apesar dos persistentes desafios, especialmente no que tange à transferência de tecnologia para nações em desenvolvimento. Os resultados iniciais demonstram um ambiente propício para discussões mais aprofundadas sobre os 145 temas prioritários estabelecidos, buscando o consenso necessário para que os compromissos se traduzam em ações concretas. Continue acompanhando as atualizações da nossa editoria de Política para saber tudo sobre os desenvolvimentos e resultados da Conferência de Belém e seus impactos globais.

Crédito da imagem: Tânia Rêgo/Agência Brasil

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