Adolfo Antônio Pires, o médico condenado por falsificar laudos de maconha medicinal e atuar em um intrincado esquema de fraudes, foi capturado na quinta-feira (23) na zona sul do Rio de Janeiro. A ação, conduzida por agentes da Polícia Civil fluminense, cumpriu um mandado de prisão condenatório emitido pela Justiça. Ele era procurado após ter sua pena reduzida e não se apresentar para cumprir a condenação.
A prisão de Adolfo Antônio Pires ocorreu especificamente em São Conrado, durante uma operação da Delegacia de Roubos e Furtos. As investigações da Polícia Civil apontam Pires como peça-chave de uma complexa rede criminosa, utilizando a prática médica como uma cobertura para atividades ilegais e para contornar rigorosos controles sanitários e legais relacionados ao cultivo de cannabis no país.
Médico Condenado por Laudos de Maconha Medicinal Preso no RJ
O médico Adolfo Antônio Pires foi anteriormente condenado pela 31ª Vara Criminal da capital carioca a uma pena de 13 anos e um mês de reclusão. No entanto, a Sétima Câmara Criminal do Tribunal de Justiça do Rio reduziu essa sentença para dez anos em junho deste ano. Mesmo após a decisão em definitivo, Pires optou por não se apresentar às autoridades, o que o tornou um foragido da Justiça, culminando na expedição de um mandado de prisão pela Vara de Execuções Penais em outubro.
De acordo com os relatos da Polícia Civil, Adolfo Antônio Pires integrava um grupo dedicado à produção de documentos médicos falsos. Esses laudos simulavam diagnósticos de patologias graves e eram usados indevidamente para embasar pedidos de habeas corpus junto à Justiça, permitindo o plantio doméstico de Cannabis. O objetivo central era disfarçar ações ilícitas, lucrando por meio da emissão desses falsos relatórios médicos que induziam ao erro judicial.
Além da falsificação, o médico é alvo de acusações de extorsão. As investigações indicam que Pires realizava ligações para pacientes e seus familiares, que haviam obtido autorizações judiciais com base nos laudos fraudulentos, exigindo pagamentos. As ameaças envolviam a perda do direito de cultivar a planta caso os valores não fossem desembolsados.
Essa não foi a primeira vez que Pires se viu envolvido com a Justiça. Em abril de 2023, ele foi preso preventivamente em uma operação focada na venda de laudos médicos falsificados, que visavam liberar o uso e o cultivo da maconha. Naquela ocasião, também foram detidos outros indivíduos suspeitos de compor o esquema, incluindo sua esposa, Pérola Katarine de Castro, o advogado Patrick Rosa Barreto e o biólogo André Vicente Souza de Freitas.
A Polícia Civil detalhou o funcionamento do esquema fraudulento: Adolfo Pires era responsável por emitir os laudos médicos enganosos. Em seguida, Patrick Barreto ingressava com os pedidos de autorização judicial, valendo-se desses documentos falsos. André Freitas tinha o papel de fornecer as sementes e demais insumos necessários para o plantio da Cannabis. A parte financeira era gerida por Pérola de Castro, que presidia a associação “Cannabis Pela Vida”, utilizando-a como fachada para as transações.
Durante os depoimentos à época da primeira prisão, o médico Pires negou a comercialização de laudos, alegando que apenas prescrevia medicamentos e orientava pacientes a buscar respaldo judicial para o tratamento com Cannabis. Pérola de Castro também rechaçou qualquer irregularidade, afirmando que a associação prestava acompanhamento a pacientes e cobrava anuidades compatíveis com a renda de cada associado.

Imagem: www1.folha.uol.com.br
A defesa de Adolfo e Pérola havia declarado, na época, que ainda não possuía acesso aos autos do processo, que corria sob sigilo. Patrick, o advogado envolvido, disse que analisava o caso e se absteria de comentários, enquanto André, o biólogo, também negou as acusações que pesavam sobre ele.
A investigação que deflagrou a operação inicial teve seu ponto de partida na apreensão de uma grande quantidade de skunk, uma variedade mais potente de maconha, em posse do advogado Patrick. Para tentar justificar a detenção da substância, ele apresentou um laudo assinado por Adolfo Pires. A partir disso, a Polícia Civil aprofundou as apurações e constatou as irregularidades. Alguns dos próprios pacientes do médico, interrogados pela polícia, admitiram que não possuíam as doenças graves descritas nos documentos que foram utilizados para obter a autorização judicial para o plantio.
O mandado cumprido na última quinta-feira é de natureza condenatória, diferenciando-se da prisão preventiva de 2023. O médico Adolfo Antônio Pires foi finalmente condenado pelos crimes de falsidade ideológica e extorsão, conforme informado pela corporação policial.
No Brasil, a regulamentação do uso da Cannabis ainda é restrita. O emprego da planta para fins terapêuticos é permitido apenas com autorização específica da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e, em muitos casos, depende de uma decisão judicial que conceda um salvo-conduto para seu uso ou cultivo. É importante ressaltar que a legislação atual não possui uma lei que regulamente de forma abrangente o plantio caseiro da Cannabis. Para mais informações sobre a regulamentação, consulte as diretrizes da Anvisa sobre produtos à base de cannabis.
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A prisão de Adolfo Antônio Pires sublinha a persistência do combate às atividades criminosas que tentam se valer de brechas legais e da confiança na medicina para propósitos ilícitos. Este caso é um lembrete da importância da fiscalização rigorosa em todos os setores para garantir a segurança jurídica e a saúde pública. Mantenha-se atualizado sobre mais notícias de operações policiais e temas de Cidades acompanhando as publicações do nosso portal: Cidades.
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