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Médica foi resgatada após policiais ouvirem respiração ofegante durante episódio de violência doméstica em São Paulo

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Uma intervenção da Polícia Militar (PM) na madrugada de 14 de julho revelou um cenário de violência doméstica em um apartamento alugado no bairro de Moema, na capital paulista, onde a médica Samira Mendes Khouri foi encontrada em estado crítico. A vítima, agredida pelo namorado fisiculturista Pedro Camilo Garcia, foi localizada pelos policiais após a equipe perceber o som de sua respiração ofegante vindo de dentro do imóvel, um detalhe crucial que possibilitou o socorro imediato, conforme informações contidas no depoimento dos agentes que atenderam à ocorrência e obtidas pelo g1 na quarta-feira (27) de agosto de 2025.

Os fatos se desenrolaram durante o aniversário da médica de 27 anos, transformando a data de celebração em uma noite de horror e sofrimento. Após as agressões, que culminaram na internação de Samira e deixaram o agressor com um osso da mão fraturado, Pedro Camilo empreendeu fuga para a cidade de Santos, no litoral paulista. No entanto, sua evasão foi contida pela Polícia Militar, resultando em sua detenção e posterior conversão de sua prisão em flagrante para preventiva em audiência de custódia. Atualmente, ele permanece encarcerado no Centro de Detenção Provisória (CDP) de São Vicente.

O Acionamento e a Intervenção Policial

O episódio que levou ao socorro da médica teve início quando uma dupla de policiais militares, em patrulhamento de rotina pela capital, foi acionada por volta da 01h da manhã, via Centro de Operações da Polícia Militar (Copom). A chamada se referia a um possível caso de violência doméstica, motivado pelo relato de um vizinho. Morador do mesmo prédio onde o casal residia temporariamente, em Moema, o vizinho havia escutado barulhos de briga intensos, vindos do apartamento no sétimo andar, indicando uma situação de conflito severo.

Ao chegarem ao endereço fornecido, os policiais se dirigiram ao pavimento indicado e tentaram o contato direto, tocando a campainha insistentemente. Apesar das tentativas, não houve qualquer resposta do interior do imóvel. A ausência de retorno, contudo, não fez com que os agentes se afastassem. A partir da porta do apartamento, um som peculiar, mas indicativo de emergência, alcançou os ouvidos dos policiais: a respiração ofegante de alguém. Este ruído, discreto mas inconfundível, tornou-se o sinal decisivo para que a equipe optasse por ingressar na propriedade. A decisão de entrar no apartamento, impulsionada por essa percepção auditiva, mostrou-se vital para o destino de Samira Khouri.

O Cenário Desolador no Apartamento

Ao adentrarem o imóvel, os policiais foram confrontados com um cenário de extrema gravidade. Próxima à entrada do apartamento, a médica Samira Mendes Khouri estava caída ao chão, inconsciente. Seu rosto apresentava diversos ferimentos visíveis e sangrava de forma acentuada. O restante do apartamento também testemunhava a brutalidade das agressões: o local estava visivelmente bagunçado, com móveis e objetos deslocados, e diversas manchas de sangue espalhadas pelo ambiente. Devido ao seu estado crítico e à impossibilidade de comunicação, os policiais não conseguiram obter informações da vítima naquele momento. A urgência da situação levou à imediata ação de socorro, e a médica foi rapidamente encaminhada ao Pronto-Socorro do Hospital Campo Limpo para receber os cuidados médicos necessários.

O Relato da Vítima: Seis Minutos de Terror e o Plano de Sobrevivência

Em um depoimento posterior à Polícia Civil, quando já recuperada de seus ferimentos mais agudos e com a capacidade de relembrar os acontecimentos, a médica Samira Mendes Khouri detalhou os momentos angustiantes daquela madrugada. Ela relatou que, momentos antes das agressões, o então namorado, Pedro Camilo Garcia, havia chegado ao apartamento visivelmente transtornado e nervoso. O estado alterado de Pedro teria sido provocado por um incidente ocorrido em uma balada LGBTQIA+, de onde ele havia sido expulso. Segundo Samira, a expulsão de Pedro decorreu de uma confusão que ele mesmo teria iniciado no evento, motivada por ciúmes infundados de um homem que, conforme a vítima, era homossexual.

Já dentro do ambiente residencial, a situação escalou rapidamente. Samira narrou que Pedro desferiu o primeiro golpe, um soco, que a fez perder o equilíbrio e cair ao chão. Mesmo após a queda, as agressões continuaram. Ela descreveu que, em certo momento, enquanto estava no chão, perdeu completamente os sentidos devido à violência dos golpes. A agressão não cessou com a perda da consciência; ao contrário, prosseguiu durante esse período de vulnerabilidade extrema. Um dos aspectos mais impactantes do seu relato foi o momento em que retomou a consciência no meio do ataque. Despertando sob os golpes do namorado, a médica percebeu que ainda estava sendo violentada fisicamente.

Foi neste ponto que, impelida por um medo profundo de ser morta, Samira tomou uma decisão drástica para tentar salvar sua vida: ela resolveu fingir que ainda estava desmaiada. Em seu pensamento, que ela própria revelou às autoridades, a crença era que se Pedro a agredia daquela forma cruel supondo que ela estivesse desacordada, a reação dele poderia ser ainda mais brutal, fatal, caso percebesse que a vítima havia recobrado a consciência e estava ciente das agressões. Essa estratégia de autopreservação durou pelo tempo restante do ataque. As agressões, que incluíram mais de dez socos desferidos por Pedro após a médica acordar e passar a fingir inconsciência, tiveram uma duração aproximada de seis minutos. Ao final do ataque brutal, Pedro Camilo fugiu do local, levando consigo o aparelho celular e o carro de Samira. A médica manifestou sua crença de que o namorado provavelmente agiu assim porque não desejava que ela fosse socorrida e viesse a receber ajuda.

Fuga e Prisão do Agressor

Após cometer o crime, Pedro Camilo Garcia deixou a capital paulista, deslocando-se em direção a Santos, no litoral de São Paulo, no mesmo dia 14 de julho em que ocorreram as agressões. No entanto, sua fuga foi monitorada e rastreada pelas forças de segurança. Imagens captadas pelo Controle Operacional (CCO) da Prefeitura de Santos foram decisivas para auxiliar na localização e na consequente prisão do fisiculturista. Essas gravações permitiram que a Polícia Militar identificasse a trajetória do agressor, facilitando sua interceptação. Pedro Camilo foi finalmente detido pela Polícia Militar na Avenida Presidente Wilson, uma das principais vias do bairro José Menino, em Santos.

Médica foi resgatada após policiais ouvirem respiração ofegante durante episódio de violência doméstica em São Paulo - Imagem do artigo original

Imagem: g1.globo.com

Conduzido à delegacia, e posteriormente levado à Justiça para uma audiência de custódia, o pedido de sua prisão em flagrante foi convertido em prisão preventiva, uma medida que o mantém recluso por tempo indeterminado, devido à gravidade dos crimes e para garantir a ordem pública e a segurança da vítima. Desde sua prisão, Pedro Camilo tem permanecido sob custódia, e atualmente encontra-se recolhido no Centro de Detenção Provisória (CDP) de São Vicente, enquanto o processo legal avança.

A Recuperação de Samira e as Sequêlas da Violência

A recuperação da médica Samira Mendes Khouri tem sido um processo árduo e repleto de desafios, marcando-a com profundas sequelas físicas e emocionais. Inicialmente, Samira foi internada na cidade de São Paulo até o dia 16 de julho, recebendo os primeiros cuidados emergenciais. Após essa fase inicial, foi transferida para Santos, onde reside e onde pôde continuar seu tratamento com o apoio familiar. A alta hospitalar ocorreu em 27 de julho, porém, a jornada de restabelecimento está longe de terminar. Aos 27 anos, Samira Khouri ainda lida intensamente com os impactos da violência. Conforme informações da advogada que a representa, Gabriela Manssur, a médica ainda apresenta intenso abalo emocional e significativas sequelas físicas resultantes das agressões. No decorrer dos primeiros dias e semanas, Samira passou por um processo gradual de retomada da memória dos eventos traumáticos e de readaptação de sua capacidade de movimento, que havia sido severamente comprometida.

Para tratar os ferimentos decorrentes do espancamento, Samira Khouri já foi submetida a diversas intervenções cirúrgicas, focando em áreas cruciais como o nariz, os olhos, a arcada dentária e os seios da face, todas gravemente afetadas pelos golpes. A advogada Gabriela Manssur revelou que a médica deverá passar por um cronograma extenso de outras cirurgias reparadoras no futuro. A necessidade dessas novas intervenções será avaliada e definida no decorrer de seu desenvolvimento e recuperação, adaptando-se às suas necessidades de restabelecimento funcional e estético. Atualmente, a médica se encontra sob os cuidados de sua família, em casa, recebendo suporte essencial neste período de reabilitação. As declarações de sua advogada sublinham a persistência do sofrimento e a longa estrada que ainda tem pela frente para Samira.

Os Desdobramentos Jurídicos e a Defesa

O percurso judicial para Pedro Camilo Garcia tem sido desfavorável à defesa até o momento. O fisiculturista teve seu pedido de habeas corpus, uma tentativa de obter liberdade provisória ou a substituição da prisão preventiva por medidas cautelares diversas, negado pela Justiça. A decisão, confirmada pela 7ª Câmara do Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP), manteve Pedro Camilo recluso no Centro de Detenção Provisória (CDP) de São Vicente.

Em entrevista ao g1, o advogado de defesa de Pedro Camilo, Eugênio Malavasi, informou que sua equipe aguarda “o momento processual oportuno” para apresentar sua manifestação completa nos autos. No entanto, adiantou os próximos passos da defesa: a intenção é impetrar uma nova ordem de habeas corpus, desta vez perante o Superior Tribunal de Justiça (STJ). A alegação central nesse novo pedido será a possibilidade da conversão da prisão preventiva do réu por medidas cautelares diversas, que não a privação total de liberdade, argumentando que tais medidas seriam suficientes para o curso do processo.

Do lado da vítima, a advogada Gabriela Manssur expressou grande satisfação e otimismo com a decisão do TJ-SP que manteve a prisão de Pedro Camilo. Em sua visão, a negativa do habeas corpus não representa apenas um passo importante na proteção de sua cliente. Para a advogada, essa deliberação é um elemento crucial para a “segurança da própria vítima e de sua família”, além de funcionar como uma “resposta do Poder Judiciário para a sociedade”. Manssur enfatizou que tal posicionamento do sistema judicial é fundamental para mulheres que “veem diariamente mulheres sendo agredidas, espancadas e, infelizmente, sendo mortas nas mãos dos seus parceiros ou ex-parceiros”, marcando a importância da decisão para a luta contra a violência de gênero no país. A ação judicial continua, com expectativas de que o caso siga em diferentes instâncias nos próximos meses, enquanto a vítima busca sua recuperação plena e a Justiça avalia as responsabilidades pelo crime de agressão.

Com informações de g1.globo.com

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