Mata Atlântica: 2,4 Milhões de Hectares Perdidos em 40 Anos

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O desmatamento da Mata Atlântica tem se mostrado uma preocupação ambiental crescente no Brasil, revelando a supressão de uma área significativa de floresta nas últimas quatro décadas. Um estudo recente aponta para uma perda de 2,4 milhões de hectares de sua cobertura original, representando uma diminuição de 8,1% em relação ao total registrado no início da série histórica analisada.

O levantamento detalhado, conduzido pelo MapBiomas e divulgado nesta segunda-feira, 28 de outubro de 2025, expõe a severa degradação que acomete um dos biomas mais críticos do país. Atualmente, a Mata Atlântica retém apenas 31% de sua vegetação natural. A pesquisa ainda ressalta que cerca de metade do desmatamento observado em anos recentes incide sobre áreas florestadas que existiam há mais de quarenta anos.

Mata Atlântica: 2,4 Milhões de Hectares Perdidos em 40 Anos

A devastação da vegetação natural da Mata Atlântica remonta ao período colonial, quando a supressão para atividades humanas começou. De acordo com Natalia Crusco, integrante da equipe do MapBiomas, no ano de 1985, ponto de partida da série histórica, o bioma já havia encolhido consideravelmente, conservando somente 27% de sua extensão florestal original. A partir dessa base, o ritmo de desmatamento apresentou variações notáveis em cada uma das quatro décadas subsequentes até o ano de 2024. É importante destacar que, após a promulgação da Lei da Mata Atlântica, foi observada uma leve recuperação e um aumento discreto na área florestada do bioma, o que sinaliza a relevância das políticas de proteção.

Perda e Impacto nas Últimas Décadas

Entre 1985 e 2024, a Mata Atlântica enfrentou a eliminação de 2,4 milhões de hectares de suas florestas, um dado que sublinha a urgência de medidas de conservação. Apesar de uma aparente desaceleração nas taxas de desmatamento, o período compreendido nos últimos cinco anos ainda registrou uma média anual de 190 mil hectares de floresta suprimida. Preocupa o fato de que aproximadamente 50% do desmatamento ocorrido em 2024 afetou florestas maduras, ou seja, aquelas com mais de 40 anos de existência. Estas áreas são de vital importância, abrigando uma parcela significativa da biodiversidade do bioma, estocando grandes quantidades de carbono e sendo cruciais para a manutenção de diversos serviços ecossistêmicos essenciais. Para mais informações sobre a metodologia e os dados do monitoramento de biomas brasileiros, visite o portal oficial do MapBiomas.

Causas da Degradação: Agricultura e Urbanização

A expansão da fronteira agrícola continua sendo o principal fator de transformação e degradação da paisagem na Mata Atlântica. Desde 1985, a área destinada ao cultivo agrícola praticamente duplicou, ocupando atualmente cerca de um terço (33%) da produção agrícola nacional concentrada dentro dos limites do bioma. Entre as culturas que mais contribuíram para este crescimento acelerado estão a soja, que registrou um aumento impressionante de 343%; a cana-de-açúcar, com um acréscimo de 256%; e o café, com um crescimento de 105% em sua área de cultivo. Em contraste, as pastagens, historicamente extensivas na região, apresentaram uma retração de 8,5 milhões de hectares no mesmo intervalo de tempo.

Além da pressão exercida pela agricultura, a silvicultura, que consiste no cultivo comercial de árvores como pinus e eucalipto, também observou uma notável expansão. Em 40 anos, a área ocupada por essa atividade quintuplicou, representando hoje mais da metade de toda a silvicultura desenvolvida em território brasileiro. Paralelamente, o crescimento urbano na Mata Atlântica dobrou desde 1985, com um percentual de 77% dos municípios do bioma expandindo suas áreas urbanizadas.

Mata Atlântica: 2,4 Milhões de Hectares Perdidos em 40 Anos - Imagem do artigo original

Imagem: agenciabrasil.ebc.com.br

Panorama das Capitais na Mata Atlântica

Ainda que o avanço da urbanização seja um fator significativo, o estudo indica que a maior parte dos municípios localizados na Mata Atlântica — mais de 80% — possui áreas urbanizadas consideradas de pequeno porte, com menos de mil hectares cada. Destaca-se, contudo, que apenas três capitais brasileiras abarcam áreas urbanas que superam os 30 mil hectares dentro do bioma: São Paulo, Rio de Janeiro e Curitiba. Esse padrão de distribuição espacial reforça a complexidade dos desafios de planejamento territorial e conservação ambiental na região.

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Em suma, a perda significativa de cobertura florestal na Mata Atlântica nos últimos quarenta anos, impulsionada majoritariamente pela agricultura e urbanização, acende um alerta urgente para a necessidade de políticas de conservação e recuperação eficazes. Os dados do MapBiomas oferecem uma visão clara dos impactos e da evolução do desmatamento, enfatizando a importância de ações contínuas para proteger este bioma vital para o Brasil e o mundo. Para aprofundar seu conhecimento sobre as complexidades do cenário ambiental brasileiro e seus desdobramentos socioeconômicos, convidamos você a explorar outras matérias em nossa editoria de Análises.

Crédito da imagem: Fernando Frazão/Agência Brasil

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