A relação entre Marília Mendonça e Tribo da Periferia é um capítulo singular na história da música brasileira, que transcende fronteiras de gêneros e estilos. Quatro anos após seu trágico desaparecimento, ocorrido em 5 de novembro de 2021 em um acidente aéreo em Minas Gerais, aos 26 anos, a memória da Rainha da Sofrência continua viva, especialmente por sua capacidade de quebrar barreiras musicais e se conectar com artistas de diferentes esferas. Essa notável trajetória inclui sua profunda admiração e eventual parceria com a icônica dupla de rap brasiliense.
Nascida em Cristianópolis (GO), uma cidade a poucas horas de Brasília, Marília Mendonça sempre cultivou um elo particular com o Distrito Federal. Longe dos holofotes que viriam a iluminar sua carreira em nível nacional, ela já demonstrava uma afinidade inata com a efervescência artística da capital federal. Antes de se firmar como um dos maiores fenômenos da música brasileira, a artista utilizava suas plataformas digitais para exibir um talento singular. Um exemplo marcante disso foi o vídeo de 2014, onde ela performou um cover envolvente da canção “Ela tá virada”, um dos sucessos da Tribo da Periferia. Este gesto revelava uma essência artística intensa, curiosa e abertamente receptiva a toda manifestação musical, desconstruindo o imaginário de uma rígida separação entre o sertanejo e o rap. Muitos fãs se recordam desse momento como a porta de entrada para conhecer o talento da cantora, evidenciando o poder de sua voz antes mesmo da grande fama. As interações dos internautas à época sublinhavam a beleza de sua performance e o imenso potencial de sua interpretação.
Marília Mendonça e Tribo da Periferia: De Fã à Parceira Musical
A admiração de Marília Mendonça pelo rap e, em especial, pela Tribo da Periferia, composta por Duckjay e Look, nunca foi segredo. O vínculo, que se consolidou muito antes das parcerias formais, chamou a atenção até mesmo de amigos próximos. Em 2015, os renomados cantores sertanejos Henrique e Juliano, colegas de Marília, organizaram uma celebração de aniversário surpresa para ela e, reconhecendo seu amor pelo grupo, convidaram a Tribo da Periferia como a grande atração da noite. Duckjay, integrante da dupla, reviveu a emoção desse encontro inusitado e memorável em uma entrevista concedida. Ele recordou o espanto inicial: “Falaram são vocês mesmo e eu pensei não, tá errado, pô.” A surpresa tomou conta quando Marília, inicialmente de olhos vendados, começou a cantar “Ela tá virada”. Ao retirar a venda, as lágrimas rolaram, e a artista subiu ao palco, abraçando os membros da Tribo e cantando junto, em meio a uma atmosfera de pura celebração e autenticidade.
Naquela noite festiva, delineava-se o início de uma amizade e uma conexão profissional que estava predestinada a transpor barreiras estilísticas e mostrar a versatilidade de ambos os grupos. O elo criado nesse aniversário marcaria o prelúdio de futuras colaborações, consolidando uma admiração mútua em um respeito artístico profundo.
O Reconhecimento Mútuo em Grandes Palcos
O palco da admiração cresceu em 2016, quando Marília convidou a Tribo da Periferia para se apresentar no Festeja, um dos maiores festivais de música sertaneja do país. Juntos, eles dividiram os holofotes na performance da canção “Insônia”. Look, da Tribo, rememorou o impacto da experiência: “Fizemos um show, ela pegou a gente, levou pro palco, showzão, sei lá quantas mil pessoas, nunca tinha visto aquilo”.
Ao término da memorável apresentação, Marília Mendonça fez um discurso comovente, realçando a profunda importância daquela união artística. A cantora traçou paralelos entre a própria jornada e a dos integrantes da Tribo, ambos marcados pela superação de preconceitos. Ela declarou: “A história deles é parecida com a minha. Do mesmo jeito que eles sofrem preconceito, eu também sofri. Sofri por ser mulher no sertanejo, sofri por ser fofinha também. Mas o motivo de eles estarem aqui é que nós três somos vencedores. Quando é pra acontecer, quando Deus coloca a mão, não tem zé povinho que atrapalha”. Essa declaração não apenas selou o respeito mútuo, mas também transmitiu uma mensagem poderosa de inclusão e resistência no cenário musical.

Imagem: g1.globo.com
A Transição de Fã para Colaboradora
A evolução dessa relação continuou em 2018, quando Marília voltou a usar suas redes sociais para compartilhar outro cover da Tribo da Periferia, desta vez interpretando “Imprevisível”. A escolha do trecho foi notavelmente poética e ressoava com a própria jornada de Marília: “Porque aprendi cedo a fugir da lógica, ter como maior medo a rotina metódica. E vi que o segredo de uma vida sólida é quebrar estatística, deixar o mundo girar… Já pensou se eu parasse naqueles dias de chuva?”. A letra parecia espelhar a sua resiliência e a forma como ela construiu sua carreira.
A concretização do sonho da fã em colaboradora veio finalmente em 2019, com o lançamento da faixa oficial “Conspiração”. Esta união representou a fusão da potência vocal inconfundível da Rainha do Sertanejo com a batida marcante do rap de Brasília, materializando uma parceria que já estava latente há anos. Para Duckjay, o legado de Marília é incontestável: “Ela era diferente, mano, fora da curva demais. Deixou um exemplo de pessoa muito da hora”, concluiu, sublinhando a admiração e a falta de uma artista singular. Para mais informações sobre o legado e impacto da Rainha da Sofrência na música nacional, você pode consultar o site do G1, uma referência em cobertura musical brasileira.
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A jornada musical de Marília Mendonça com a Tribo da Periferia, que começou com covers espontâneos e floresceu em uma parceria oficial, serve como um poderoso testemunho da capacidade da música de unir universos distintos. Essa história de admiração e respeito mútuo reflete não apenas o talento versátil da eterna Rainha da Sofrência, mas também seu legado em desconstruir fronteiras e celebrar a arte em sua totalidade. Para continuar acompanhando as histórias e os destaques do mundo das celebridades, convidamos você a explorar outras notícias sobre artistas e grandes personalidades em nossa editoria de celebridades.
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